Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Face a um cenário económico, social e ambiental desafiante, há cinco áreas que vão ter influência no desenvolvimento de produto na indústria da moda. Do impacto do ativismo coletivo à ascensão do consumismo frugal e produção inteligente, o WGSN destaca os temas que vão impactar a indústria da moda em 2023.

[©Berluti]

Instigar ao progresso

A primeira é o chamado impulso para o progresso, com uma necessidade urgente para uma mudança inclusiva e regenerativa a estimular a procura por artigos proativos e práticas de negócio que consigam ativamente melhorar o mundo.

Em 2023, além do design e dos sistemas produtivos circulares e de uma oferta com produtos credíveis e de baixo impacto, será imperativo para as marcas de moda mostrarem os seus esforços para serem mais éticas e inclusivas. Os líderes irão distinguir-se pelo empenho em ações que vão além das suas operações, sobretudo em áreas como a biodiversidade, ajudando a restaurar o planeta e promovendo a justiça social. As marcas vão ter de colaborar de forma equitativa e em respeito por todos os parceiros para atrair os consumidores que tentam alinhar o seu consumo com os seus valores.


[©Savory Institute]

Exemplo desta política tem sido o Grupo Kering, que se comprometeu a ter um impacto positivo na biodiversidade até 2025. Também a Wrangler alargou o seu projeto de agricultura regenerativa nos EUA à Europa, enquanto a Timberland estabeleceu uma parceria com a organização sem fins lucrativos Savory Institute, que se centra na regeneração a larga escala de pastos mundiais, como parte da sua estratégia para criar uma cadeia de produção de couro positiva.

Frugalidade ganha peso

Outra tendência prende-se com o abraçar da frugalidade, nomeadamente a busca por artigos circulares, reutilizáveis e duradouros, que vão ganhar importância à medida que os consumidores procuram poupar e reduzir o seu desperdício.

A frugalidade vai ser adotada como uma capacidade – que pode ser dominada, partilhada e celebrada como uma nova forma de consumo inteligente. Para apelar a este estado de espírito, será imperativo desenvolver produtos que possam ser feitos e usados de forma eficiente. A motivação para ser mais frugal e desperdiçar menos não vai emergir de restrições financeiras, mas de um renovado interesse pela bricolagem e como uma forma de estar em sintonia com as estações, o ambiente ou a comunidade.


Singular Society (H&M Group) [©Singular Society]

Pressões sobre o rendimento disponível na parte mais baixa do mercado vai posicionar a revenda digital de preços baixos lado a lado com o sector da moda barata, ambos competindo por quota de mercado. A ascensão de truques de moda e tutoriais de upcycling nas redes sociais vai fazer com que os mais jovens procurem recriar e encontrar novas tendências em roupa velha. Isto, juntamente com uma forma de estar mais sustentável, vai colocar os volumes de vendas sob mais pressão.

Esta tendência está já a criar modelos de negócio como o lançado recentemente pela retalhista sueca H&M, focado numa subscrição e em vestuário intemporal e de qualidade em vez de peças de tendência sazonal.

Primazia ao bem-estar

O bem-estar é uma área fundamental depois da pandemia, tendo assumido o topo das prioridades dos consumidores, pelo que as marcas devem explorar soluções hi-tech mas também lo-fi para responder a este sentimento e melhorar o bem-estar.

Com a tecnologia a monitorizar o humor além dos dados de fitness e atividade, as pessoas vão procurar produtos, atividades e ambientes que as ajudem a regular melhor o seu bem-estar. Em 2023, adianta o WGSN, os designers e os responsáveis pelo desenvolvimento de produto vão ter de levar em conta diretamente as necessidades emocionais nos produtos.


[©Gravity]

Na moda, as marcas terão de avaliar como as propostas de produtos podem otimizar a oportunidade em relação ao foco do consumidor em manter o seu bem-estar. Essencial para os mercados do activewear, outdoor e também para o sono, funções que melhoram o bem-estar terão de ser embebidas nos produtos. Com a tecnologia de regulação do humor a amadurecer, o potencial de inovação através de colaborações vai crescer.

A Gravity, uma produtora de cobertores pesados, fez recentemente uma parceria com a marca de têxteis-lar e acessórios para a casa Modernist para desenvolver uma coleção-cápsula de produtos que reduzem a ansiedade, incluindo um robe com uma gola pesada que atua sobre pontos de pressão no pescoço para reduzir o stress.

O papel da tecnologia

Aceitar a tecnologia é a quarta tendência apontada pelo WGSN, com o design digital a tornar-se comum, abrindo novos canais de retalho e impulsionando a importância da customização e design flexível.

À medida que as barreiras entre o digital e o físico desaparecem e a ciência começa a dar soluções mais fiáveis aos problemas, os níveis de conforto com a tecnologia e a inovação criadas em laboratório vão aumentar.

Esta aceitação e compreensão da tecnologia vai levar os consumidores a envolverem-se mais no design e desenvolvimento de produto, resultando em produtos e serviços mais customizados.


Xunxi Digital Factory [©Alibaba]

Na moda, o investimento na produção inteligente e no software como serviço (SaaS) vai permitir tempos de produção e colocação no mercado mais curtos, dando poder a pequenas e médias empresas de competir no mercado direto ao consumidor e por encomenda. Com os consumidores de moda a mudarem para uma mentalidade conteúdo primeiro, produto em segundo e a passarem mais tempo em comunidades virtuais, vão emergir novos comportamentos de compra.

O gigante chinês Alibaba criou uma fábrica piloto inteligente para produção de vestuário, batizada Xunxi Digital Factory, perto da sua sede em Hangzhou. O objetivo é fornecer uma cadeia de aprovisionamento ágil, alimentada por dados, para servir as pequenas e médias empresas presentes nos seus marketplaces Taobao e Tmall. O Alibaba sustenta que a automação e a previsão da procura com base em dados permitem reduzir os tempos de produção de 90 dias para duas semanas, possibilitando ter menos stock não vendido e concorrer com players mundiais.

Sentido de comunidade

Por último, as redes sociais e comunidades geradas por valores comuns que estão a emergir vão tornar-se mais influentes nas decisões de compra dos consumidores, pelo que, salienta o gabinete de tendências, as marcas terão de implementar novas estratégias para chegar a estas comunidades.


Mi Gente X Converse [©Converse]

Colaborações criativas entre marcas, artesãos e designers, ou marcas e comunidades online, serão o caminho que a indústria vai tomar para reinventar a forma como cria e comercializa no futuro. Na esfera digital, à medida que as marcas de moda evoluem para negócios de conteúdo e mais influenciadores criam os seus próprios produtos, um diálogo direto e de duas vias com as comunidades online vai ser fundamental para as marcas de moda se manterem relevantes face às novas forças concorrenciais no mercado.

O portal de moda premium business to business Not Just A Label lançou recentemente uma loja direta ao consumidor para a sua rede de designers independentes online e há marcas que estão a usar intencionalmente colaborações como forma de referenciar as identidades visuais e capacidades técnicas de outras culturas, como prova a parceria da Converse com a Mi Gente para chegar à comunidade latina.

https://www.portugaltextil.com/a-industria-da-moda-em-2023/

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