Era uma calça muito importante, procedia de uma das mais famosas “Grifes”, portanto, cara e de material de primeira qualidade.
Só, que havia ficado um pouco comprida em quem a comprou... E a fim de que ela mantivesse o perfeito caimento, foi-lhe feita uma bainha...
Como a calça era de "Grife”, todo o
tecido, botões, zíper e o restante de seu material menosprezavam a pobre
linha da bainha, já que esta, não tinha a mesma “procedência/origem” que todos eles, que eram produzidos “exclusivamente” para esta “grife”. O único item que lhe tratava com respeito, era a
linha de costura, que apesar de "saber" da fragilidade da linha da bainha, reconhecia a sua importância para o conjunto. Principalmente, por ter “dentro dela”, como verdade, o sentimento de igualdade... Vale ressaltar que, “quem” mantinha a calça e todos os seus acessórios em ordem, no lugar, era exatamente a
linha da costura, que unia os cortes do tecido, como também, “prendia” todos os outros itens. Sendo desta forma, a parte “principal” da calça, embora não nos pareça quando "olhamos" para ela...
Mas para os outros itens, a importância era a "origem" e desta forma, a linha da bainha era sempre motivo de chacota e ignorada nos assuntos e conversas dos outros componentes... E ela tanto sofreu que resolveu deixar de fazer parte da calça de "Grife”...
A linha da costura, por saber que “toda a calça” seria afetada sem a bainha e sabendo que onde não há: respeito, igualdade, consideração; não há harmonia, resolveu apoiar a sua amiga, pois, para ela (linha da costura), manter-se naquele meio de soberba e individualidade, era compactuar e acabar sendo “igual” ao que ela discordava internamente (seus princípios) e assim, também se desprendeu da calça.
E como num "passe de mágica", a calça que era muito importante e tinha “nome” deixou de existir, tendo os botões, zíper e o restante dos seus componentes ido parar no lixo.
A exceção ficou por conta do tecido, tido por muitos como o mais importante pela sua qualidade e perfeito corte, que acabou foi “servindo” de
pano de chão e sendo sempre esfregado pelos sapatos sujos de lama daqueles que antes, tanto admiravam a calça.
ArqueiroHur