Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

As marcas e retalhistas que querem utilizar mais algodão orgânico nas suas gamas de produtos ao longo dos próximos anos vão provavelmente enfrentar uma crise de aprovisionamento, na medida em que os novos dados mostram um declínio de 21% na produção do ano passado. 

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Algodão orgânico à míngua

O “momento crítico” em que a procura por algodão orgânico deverá exceder a oferta é revelado no recentemente publicado “2013 Organic Cotton Report” do grupo sem fins lucrativos Textile Exchange.

Descrevendo 2013 como «um ano de viragem no algodão orgânico (...) com pontos fortes e desafios cada vez mais evidentes, enquanto a procura cresceu e a produção contraiu», o documento avisa que «o equilíbrio entre o declínio da produção e o aumento da procura terá ramificações à medida que avançamos para os próximos anos. Qualquer fibra de anos com alta produção será absorvida e nova procura poderá ser um problema».

As declarações do Textile Exchange reiteram um alerta semelhante lançado pela C&A no início deste ano. A retalhista europeia, que é a segunda maior consumidora mundial de algodão orgânico em volume, afirmou que contrariar a escassez é uma prioridade e a «incerteza de disponibilidade» ameaça pôr em risco os investimentos de longo prazo em algodão orgânico.

O mais recente relatório do Textile Exchange também salienta que a produção total de fibras naturais caiu 3% em 2013, com a produção de algodão convencional a decrescer 4,1% em relação ao ano anterior. Isto é devido a uma série de questões, incluindo a concorrência de outras culturas, a mudança para uma maior utilização de poliéster na sequência do aumento nos preços internacionais do algodão em 2010/2011 e um programa de acumulação de stocks por parte do governo na China, o maior consumidor e produtor mundial, que eliminou a maior parte do excesso de algodão no mercado mundial e também contribuiu para os preços elevados.

Mas também existem desafios específicos enfrentados pelo sector de algodão orgânico, incluindo a escassez de sementes não-OGM (organismo geneticamente modificado) de boa qualidade e a ameaça de contaminação por OGM com a consequente perda de integridade do produto.

Há também uma falta de segurança no negócio para os agricultores que transitam para a agricultura orgânica. A conversão para a agricultura orgânica requer conhecimento especializado e pode levar até três anos a ser verificado, durante este período os rendimentos podem mergulhar até os solos recuperarem a fertilidade.

A falta de correspondência entre a oferta e a procura de algodão orgânico é outro grande motivo de preocupação. Menos de 1% do algodão cultivado é orgânico, mas cada vez mais marcas – incluindo os dois maiores utilizadores, a H&M e C&A – assumiram o compromisso de usar 100% algodão orgânico em 2020.

Outros estudos, incluindo o Organic Cotton Survey e uma atualização anual pela ONG Europeia de moda sustentável Made-By, também indicam que marcas e retalhistas estão a ampliar a utilização de algodão orgânico em 2013, com o volume total a aumentar em torno de 30%.

O Textile Exchange está a ajudar a resolver alguns dos entraves ao crescimento através da sua Organic Cotton Round Table (OCRT), que incide sobre o fornecimento de sementes, modelos de negócio, melhoria da consciência do consumidor e certificação das cadeias de valor, a fim de melhorar e proteger a integridade.

A pesquisa sobre novos modelos de negócios liderada pelo Textile Exchange também catalisou duas novas iniciativas de impacto coletivo: uma é o Organic Cotton Accelerator dirigido por um grupo de grandes marcas e retalhistas e a C&A Foundation e a outra reúne um conjunto de marcas e retalhistas mais pequenos e os seus parceiros na cadeia de valor do algodão orgânico. Ambas iniciativas estão a procurar novas formas de fazer negócios, que melhorem as perspetivas para os produtores de algodão orgânico.

Para além de vários projetos, a OCRT está também a concentrar-se em melhorar a consciência do consumidor sobre o algodão orgânico e um projeto separado está em andamento para o primeiro ciclo de vida global de avaliação do cultivo de algodão orgânico.

Quando se trata de produção de algodão orgânico, estão a ser vistos sinais positivos na China, que no ano passado saltou para a segunda posição na tabela classificativa de algodão orgânico com um aumento de 27% no volume de produção. A procura está a ser impulsionada por clientes globais e, cada vez mais, o mercado interno.

Apesar de ser um pequeno ator de média dimensão, o Tajiquistão, na Ásia Central, também está focalizado na expansão e os volumes de produção já cresceram mais de 200%. E a África também está a ampliar os seus horizontes para o algodão orgânico e a sustentabilidade têxtil.

Dos principais utilizadores de algodão orgânico em volume no ano passado, a retalhista sueca H&M está no topo da lista, seguida pela C&A, Puma, Nike, Decathlon, Tchibo, Coop Swiss, Target, Williams-Sonoma e Inditex (Zara).

A H&M aumentou em 29% a sua utilização da fibra em 2013, o que significa que 10,8% do algodão utilizado nos seus produtos possui o certificado orgânico, acima dos 7,8% registados em 2012. A retalhista definiu a meta de usar apenas algodão sustentável até 2020. A H&M também introduziu algodão reciclado gerado a partir de resíduos têxteis dos consumidores, à medida que trabalha no sentido de um circuito fechado de produção têxtil.

Como segundo maior comprador de algodão orgânico, a C&A refere que vendeu 110 milhões de produtos com algodão orgânico no ano fiscal de 2013, correspondendo a 38% das suas vendas totais de algodão. Uma proporção de 75% do seu algodão orgânico processado vem de projetos agrícolas apoiados pela C&A Foundation.

Os utilizadores de algodão orgânico em mais rápido crescimento durante o ano foram a Stanley & Stella, Target, Coyuchi, Puma, G-Star, Kowa, Williams-Sonoma, H&M, C&A e Inditex (Zara).
 

http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/43685/xmview/...

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