Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Sem restrições de matéria-prima: Fashion Rio já mostrou o que será tendência no verão 2012

O alarde da indústria têxtil por causa do encarecimento do algodão – e, consequentemente, das roupas –, não vai afetar as coleções de verão que o São Paulo Fashion Week apresenta a partir desta segunda-feira. Os estilistas continuam investindo na criatividade e os consumidores de grife devem seguir investindo nas araras de luxo. Que, por sua vez, devem permanecer com os preços nas alturas, já que, como apontam especialistas, as confecções brasileiras, além de despreparadas e deficientes, não contam com matéria-prima de qualidade no país e têm muitas vezes de importá-las.

Para a consultora de moda Gloria Kalil, o algodão – que chegou a subir 200% no ano passado e agora está 48% mais caro do que em 2010 – é a justificativa do momento para o custo elevado do vestuário. Custo que sempre foi alto. “O algodão é a bola da vez. Quando não é isso, é outra coisa. A roupa brasileira é cara por milhões de razões, cada grife aponta um motivo diferente.” Tanto é assim que duas marcas de uma mesma estilista, a Huis Clos e a Maria Garcia, de Clo Orozco, são ambas caras, embora a primeira use material importado e a segunda, nacional.

Gloria diz que as queixas mais comuns feitas pelas grandes marcas são de falta de mão de obra qualificada e de maquinário adequado nas confecções. “As roupas de melhor qualidade são as de tecido importado. E então as lojas culpam os impostos e o câmbio.” A consultora lembra que a situação das indústrias brasileiras nem sempre foi ruim, mas, apesar disso, não vê hoje perspectiva de melhora. "Temos pouco tecido interno, inúmeras tecelagens fecharam com o plano Collor na década de 1990. Por isso, nosso pano não é de qualidade, nem nosso algodão."

Crise nas confecções – A moda verão, que desfilará na passarela do São Paulo Fashion Week, é feita em sua quase totalidade – cerca de 90% – de algodão. Para a indústria têxtil, isso não é nada alvissareiro. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, a crise da matéria-prima contribui para a degradação das confecções nacionais. Recentemente, diversas empresas precisaram diminuir a produção e cortar custos. E, mesmo repassando o prejuízo para os lojistas, através da elevação de seus preços, não se reergueram com facilidade. “Os valores embutidos ainda estão aquém da necessidade da indústria. Até os tecidos de fibra química, que em alguns casos poderiam servir de substitutos para o algodão, tiveram um aumento significativo.”

Diniz Filho reclama da falta de incentivos cambiais e trabalhistas do governo brasileiro em contraponto com a China, o maior exportador têxtil do mundo graças aos apoios de seus governantes. “Para piorar, a energia elétrica do Brasil é a mais cara de todas”, diz. Ainda de acordo com o presidente da Abit, o algodão atingiu uma alta histórica em setembro de 2009, de quase 248% – que se arrasta até hoje –, devido ao aumento do consumo interno chinês. Outros fatores que contribuíram foram a queda da safra nos Estados Unidos e a estratégia da Índia de vender apenas o produto manufaturado, para agregar valor à matéria-prima.

O Brasil, no entanto, e isso parece bastante alvissareiro, prevê para este ano uma grande safra de algodão, que deve ajudar na recuperação da indústria.

Fonte:|veja.abril.com.br|

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