Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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No oeste da Bahia, Walter Horita investe R$ 30 milhões em novas máquinas e espera colher 400 arrobas por hectare – um recorde mundial


Confira a seguir um trecho da reportagem de capa que pode ser lida na íntegra na edição da revista Globo Rural de julho/2011, já nas bancas.

 

Assinantes têm acesso à íntegra no Leia mais no final da página.

 

Ernesto de Souza

Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, é um lugar curioso. Uma rodovia, a BR-020, que liga Brasília a Fortaleza, abarrotada de caminhões, corta a cidade ao meio. De um lado, está a parte pobre, que os moradores chamam de Iraque; e, do outro, a parte rica, os Estados Unidos. No Iraque, o sotaque é baiano, nos Estados Unidos, bah!, prevalece o jeito sulista de falar. No Iraque, os cidadãos expõem a miscigenação comum dos nordestinos; e, do outro lado, as caras são típicas de descendentes de alemães, italianos e japoneses. Mas em Luís Eduardo Magalhães, a 940 quilômetros de Salvador, não há guerra, pelo contrário, essa combinação de gente diferente, que une tapioca, churrasco e sashimi, resultou em uma das mais promissoras fronteiras agrícolas nacionais, o rico e (ainda) pouco explorado oeste baiano. A região ganhou fama mundial nos anos 1990 por suas produtivas lavouras de soja e, agora, trilha com sucesso os caminhos do algodão no mercado internacional. Walter Horita sabe bem disso. O paranaense, que chegou ao Cerrado por acaso em 1984, sem um tostão no bolso, é o retrato fiel da pujança econômica da região: terceiro maior produtor de algodão do Brasil, Horita conquistou a maior produtividade do mundo em suas lavouras e mostra que a pluma brasileira pode sim ser tão competitiva quanto a americana.

Na região, o algodão terá uma safra recorde no ciclo 2010/2011, com 621 mil toneladas de pluma, 52% a mais que a anterior (a safra nacional é estimada em 2 milhões de toneladas, 70% superior à da temporada passada). A área plantada também cresceu. De 260 mil hectares, saltou para 405 mil hectares, 55% a mais (em todo o Brasil, foi cultivado 1,3 milhão de hectares, crescimento de 66% em comparação a 2009/2010). Esse é o ponto crucial da região. Enquanto os maiores produtores (China, Índia e Estados Unidos) não têm mais onde plantar, no Cerrado existe 1,5 milhão de hectares disponíveis. "Somos os únicos no mundo com essa disponibilidade e contamos com um fator indispensável para o algodão, o clima bem definido", explica Isabel da Cunha, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Ela estima que, na próxima safra, a área cultivada na região deva aumentar 15%. Tudo isso é consequência do melhor momento vivido pelo setor em 140 anos. Como faltou produto nos mercados interno e externo nos últimos dois anos, o preço disparou, o que garantiu a venda antecipada de mais de 65% da produção. "Quem observava o mercado previa que havia espaço para uma alta de preços. Em 2010, o algodão valia em torno de US$ 0,90 por libra-peso. Já era bom, mas especulava-se que poderia ser melhor, chegar a US$ 1. Em janeiro deste ano, ultrapassou US$ 2 e ficou assim por um bom tempo", explica Walter Horita, expoente do setor no oeste baiano.

Revista Globo Rural

 

Investidores rurais como ele que poderão fazer o algodão do Cerrado ganhar cada vez mais espaço no mercado internacional. A trajetória rural de Horita é marcada por uma tragédia. Aos 12 anos, quando morava em Floresta (PR), Horita presenciou a geada negra de 1975. Naquele dia, depois de testemunhar o desespero dos pais, que perderam os cafezais para a natureza, jurou que nunca seria agricultor. Foi para a faculdade de engenharia da Universidade de São Paulo. Era ótimo aluno, mas foi obrigado a trancar matrícula antes de ingressar no último ano do curso. Os pais, que haviam plantado soja após a tragédia, não podiam mais enviar o dinheiro para suas despesas com moradia. "Voltei para Floresta e um amigo me disse que ia para a Bahia comprar uma fazenda. Como eu não estava fazendo nada, fui junto", diz Horita. Dois anos depois, algo já havia mudado o pensamento desse nissei. Talvez o apelo do nome que carrega, pois Horita, em japonês, significa cultivar a terra com as mãos. "Comprei um lote de 1.200 hectares para ver no que dava. Naquela época, o preço do hectare equivalia ao de uma caixa de cerveja", lembra. "Hoje, custa em média R$ 12 mil."

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