Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Antes de criar o curso técnico de jeans, a House of Denim Jean School ofereceu um workshop de onze semanas sobre jeans Foto: James Veenhoff

Antes de criar o curso técnico de jeans, a House of Denim Jean School ofereceu um workshop de onze semanas sobre jeans James Veenhoff


RIO - Considerada a capital europeia do jeans, Amsterdam prepara-se para dar um grande passo na direção de se tornar o pólo mundial do material. Além de abrigar as sedes das principais marcas do mercado - Diesel, Tommy Hilfiger e Gstar -, a capital da Holanda lança, agora em setembro, um curso técnico de formação em jeans, o House of Denim Jean School. Criado em parceria com o Conselho Regional de Educação de Amsterdam, o programa é o primeiro no mundo dedicado exclusivamente ao jeans.

James Veenhoff, ex-coordenador da semana de moda de Amsterdam, é um dos nomes por trás da novidade. Entre os principais focos do curso, ele diz, há a proposta de aprimorar a formação de profissionais preocupados em desenvolver uma cadeia produtiva mais sustentável para o jeans e, claro, abastecer o mercado interno com jovens especialistas, altamente qualificados, que até o momento são treinados apenas pela indústria.

- Há muitos cursos de moda, em geral. Mas o denim, matéria-prima do jeans, exige um expertise diferente porque, entre outros motivos, ele tem uma passo único em seu processo de fabricação: a lavagem. A indústria local precisava de um curso desses. Acreditamos que Amsterdam será uma melhor capital do jeans se tivermos pessoas com o conhecimento e a ambição necessários para modificar os processos. - defende Veenhoff.

Com três anos de duração, o curso da House of Denim Jean School aborda todas as partes do processo de produção, da planta que dá origem ao algodão, até a calça. Cada ano é dividido em quatro períodos de dez semanas, cada um deles com um tema. Entre eles, “fios, tecelagem e tecidos”, ou “o ciclo de negócios”, além de disciplinas mais amplas sobre o mercado e o mundo da moda em si. O currículo foi desenvolvido com a ajuda de experts das marcas instaladas no país e teve como base o dos curso de formação em moda.

Palestras e atividades com os grandes nomes do mercado de jeans devem fazer a conexão entre sala de aula e mercado. Adriano Goldschmied, da AG Jeans, ex-Goldie e Diesel, é um dos palestrantes já convidados. Entre as marcas que participarão do curso estão Levi’s, G-Star, Tommy Hilfiger, Denham e Kings of Indico (K.O.I.). A cada período, será proposto um projeto prático, além de diversas atividades e visitas de campo. Uma marca local já ofereceu, por exemplo, levar a primeira turma do curso à Tunísia para acompanhar o processo de lavagem, corte e costura do país.

Apesar de processos seletivos não serem uma prática na Holanda, o método fez-se necessário para este primeiro ano do curso de jeans. Os candidatos interessados foram convocados para uma entrevista, na qual falaram sobre experiência, histórico e motivação em relação ao curso. Na etapa seguinte, escolheram uma marca de jeans e apresentaram-na.

A ideia principal é treinar profissionais dos mais diversos níveis de conhecimentos. Para isso, o primeiro curso da escola de jeans é um diploma técnico - MBO em holandês - , que deve abrir caminho para a criação de um bacharelado ou master em jeans no no Instituto de Moda de Amsterdam. Fazem parte da primeira turma experientes ex-vendedores de jeans, jovens recém saídos do Ensino Médio e apaixonados por jeans em geral, todos entre 17 e 25 anos. O curso é de graça para holandeses, e já há planos de internacionalizá-lo, com aulas (pagas) também em inglês.

“Em direção a um azul mais claro” é a filosofia da escola, que prega por uma maneira mais positiva e menos viciada de falar de sustentabilidade - sem evocar a cor “verde”. O principal problema da produção do jeans está na etapa industrial, mais precisamente na quantidade de água utilizada e desperdiçada. Além do desconhecimento e desinteresse dos consumidores pelo processo de produção do jeans.

- A mudança precisa vir das marcas e de quem compra. Até que a maioria das pessoas exija jeans fabricados de maneira sustentável, a indústria não vai mudar. Há algumas marcas tentando, no entanto, mas sem sucesso. As pessoas estão geralmente mais preocupadas em como tal roupa vai lhe vestir do que com se o tecido é bio-cotton - diz Veenhoff.

Para que o público adote a causa e passe a procurar e usar os jeans feitos em processos mais sustentáveis, Veenhoff acredita que a ideia deva ser vendida como uma alternativa interessante, em vez de importante. E alerta: os jeans baratos, que pouco depois de serem comprados são jogados fora, em nada colaboram para evitar o desperdício na cadeia produtiva do denim. Para ele, conscientizar as pessoas que fabricam e que compram da importância de reparar, reutilizar e reciclar é fundamental.

- Se esta turma crescer pensando que reciclar é normal, jogar fora é idiota, aí teremos reprogramados parte das novas sementes - sustenta Veenhoff.

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