Um dos pioneiros da moda futurista, o estilista francês Andre Courrèges morreu em sua casa, aos 92 anos, na quinta (07.01) após uma luta de 30 anos contra o mal de Parkinson. Courrèges era engenheiro civil e tinha um fascínio com a ciência e tecnologia, e chamou seu estúdio de “laboratório secreto.” Além da moda, ele voltou suas energias para o design de robôs da Hitachi, patinetes motorizados da Honda e câmeras da Minolta. “Às vezes, um vestido não é capaz de comunicar todas as emoções que eu gostaria de transmitir”, disse ele.
Nos anos 60, Courrèges foi um dos estilistas mais copiados do mundo, e junto com seus contemporâneos, Paco Rabanne, Rudi Gernreich e Pierre Cardin, Courrèges virou um dos ícones do que ficou conhecido como a era Space Age na moda. Depois de passar 10 anos trabalhando para a grife Cristóbal Balenciaga onde aprendeu sua abordagem inovadora em design, ele resolveu abriu sua grife em 1961 e se tornou um dos designers mais influentes dos anos sessenta pois da mesma forma que Mary Quant, lançou a minissaia para a mulheres, também lançou a “segunda pele” e criou o estilo “Moongirl” com seu óculos de sol espacial e as botas Go-go que eram o símbolo do novo e do futurismo na moda.
O nome Courrèges tem mantido a sua posição à frente do mundo da moda por quase 50 anos atraindo clientes jovens e ousadas. Brigitte Bardot, Catherine Deneuve, Audrey Hepburn e Jackie Kennedy estavam entre as musas que vestiam suas criações, como as famosas saias plásticas e minivestidos com recortes geométricos. Os seres humanos não pisaram na Lua até 1969, mas a sua chegada iminente e a exploração do espaço durante os anos 1960 contribuiu muito para uma nova maneira de interpretar e projetar moda.
“O luxo nas roupas não faz sentido para mim. É algo que pertence ao passado. O meu problema não são os ricos bordados, o desperdício sem sentido, mas sim resolver problemas funcionais, tal como faz o engenheiro que projeta um avião, ou o homem que concebe um carro. Não há uma diferença real entre eles e eu..” André courregesEsse foi um período em que os designers, tanto de roupas e tecidos, comemoravam a modernidade e o progresso científico. Muitos estilistas dos anos 60 foram influenciados pelo espaço, mas o único que tinha uma visão forte sobre a relação entre o futuro e a moda, era justamente André Courrèges.
Em suas coleções, Andre Courrèges utilizava chiffon, musselina, tweed, rendas de algodão, gabardine e lã macia mas uma de suas primeiras inovações foi começar a usar tecidos alternativos e futuristas, incluindo PVC, vinil, borracha e plástico. O ano de 1964 foi marcado pelo estilo “Moongirl” criado por Courrèges, e a Vogue descreveu sua coleção de primavera da seguinte forma: “Courrèges sonha claramente com festas na lua“. Suas saias e vestidos curtos com formas geométricas serviram de referência para a moda espacial dos anos 60/70. As botas de bico quadrado branco viraram hit internacional.
O vídeo abaixo mostra toda a modernidade da moda futurista de Andre Courrèges com sua divertida mistura de tecidos sintéticos. Nos anos 60/70 os estilistas ficavam imaginando a moda do futuro experimentado os mais diversos materiais, mas agora que estamos “no futuro”, a indústria da moda influenciada pelo fast fashion, vive num eterno “revival” do passado pois é “mais comercial”. Onde está a moda do futuro?
A coleção Space Age revelou roupas com formas minimalistas e arquitetônicas feitas em cores vívidas de rosa, laranja, vermelho, verde e azul marinho misturadas com preto, bege, prata e branco. Os acessórios foram feitas para acentuar o design das roupas com grandes óculos de sol brancos, tênis, botas, óculos de proteção de acrílico, luvas e capacete em forma de chapéus.
A abordagem visionária da moda por Courrèges foi representada por linhas geométricas minimalistas, utilizando menos decorações e ornamentações quanto possível. A moda de Courrèges enfatizou materiais sintéticos tecnologicamente avançados, como o brilhante PVC, acrílicos de fácil manutenção e poliéster. O estilista costumava rebater seus críticos dizendo: “Eu fiz as mulheres ficarem vinte anos mais jovens sem o uso de um bisturi”
Andre Courrèges deixou a marca em 1994 e desde então a marca só existia através de uma linha de perfumes licenciados. Em 2014, os estilistas franceses Arnaud Vaillant e Sébastien Meyer compraram a maison que voltou a cena da moda . O ateliê que fundou em sua cidade natal, em Pau, foi renovado há três anos e hoje é o centro de criação dos protótipos da grife. Em setembro de 2015, a Courrèges apresentou seu primeiro desfile em 13 anos, marcando a estreia com os estilistas e proprietários da marca, Sébastien Meyer e Arnaud Vaillant.
A Maison Courrèges foi uma das forças motrizes dos anos sessenta, e já em 1969 estava usando veículos elétricos em seus desfiles de moda. Mas os atuais donos da Courrèges, os estilistas Arnaud Vaillant e Sébastien Meyer, não querem só confeccionar roupas. A empresa planeja lançar uma coleção de maquiagem em parceria com uma grande marca de cosméticos, e de expandir a marca em outras categorias de produtos: não apenas as habituais malas, óculos escuros e pequenos artigos em couro, mas também arquitetura, design, música e carros elétricos.
Mais conhecida como a co-fundadora da casa de moda Courrèges junto com seu marido, Coqueline Courrèges também é uma criadora de carros elétricos. Em 2002, ela apresentou seu primeiro carro elétrico, o Bulle. Em 2004, ela criou um segundo veículo, o EXE, com mais de 400 km de autonomia e, em seguida, em 2006, o Zooop, com um alcance de 450 km e uma velocidade máxima de 180 km / h. Veja os estilosos carros elétricos criado por Coqueline.
A ideia de uma mulher decorar sua casa com objetos Courrèges, dirigir seu mini carro elétrico Courrèges e morar num prédio de apartamentos com design Courrèges, soa como algo saído de um filme de ficção mas é o que pretendem os novos donos da marca francesa. Parece, pelo menos, que o futuro da futurista grife Courrèges está em boas mãos.
A esposa de Courrèges, Coqueline, foi uma das primeiras defensoras dos carros elétricos, muito antes da Tesla ter sido fundada. Durante as greves estudantis de maio de 1968, Coqueline notou que os postos de gasolina estavam vazios, e percebeu a nossa dependência mundial do petróleo e assim resolveu ela mesmo projetar seus carros elétricos futuristas. A paixão do casal Courrèges pela era espacial transpareceu tanto no design das roupas como nos carros. Veja o interessantíssimo vídeo conceito abaixo.