No dia 21 de maio a imprensa paraibana e diversos sites e blogs noticiaram a demissão de 400 funcionários na fábrica da Coteminas.
O setor de confecções vem sofrendo com a crise do país, que acaba de ter a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 reduzida de 1,70% para 1,49%.
Se confirmada essa expectativa, o Brasil terá o terceiro ano seguido de um desempenho ridículo do crescimento econômico (1,1% em 2017 e em 2018), após o tsunami que abalou o país em 2015 e 2016, quando o PIB foi negativo em mais de 3% nos anos em que os parlamentares da oposição se mobilizaram para derrubar a presidenta eleita, Dilma Rousseff, aprovando as pautas-bomba no Congresso, num claro sinal de sabotagem às inciativas do governo para driblar as dificuldades da época.
Empossado Temer, com apoio da FIESP, prometeu-se que a aprovação da reforma trabalhista seria o motor da recuperação econômica e dos empregos. Não foi! Agora, o governo Bolsonaro repete a chantagem e diz que só com a reforma previdenciária o Brasil retomará o caminho do crescimento econômico e dos empregos… Alguém ainda se deixa enganar por mais essa balela?
Enquanto isso, muitos trabalhadores continuam a sofrer com a destruição que tomou conta do país com o governo atual.
O setor de confecção de peças do vestuário, como a da fábrica da Coteminas em Campina Grande, depende de um mercado consumidor aquecido para estimular sua produção. Sem isso, as fábricas param e vem a demissão dos funcionários.
De 2006 a 2015, segundo os dados da Relação Anual de Informação Social (RAIS) do governo federal, o setor teve um forte crescimento em Campina Grande, chegando a 606 empregados, após um leve abalo, fruto da crise global de 2009. Foi realmente uma marolinha, como disse o presidente Lula.
O desastre do desemprego para o setor e seus empregados veio com o golpe. De 2015 a 2017, os vínculos encolheram pela metade!
E teve continuidade em 2018 e no primeiro trimestre de 2019, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) do governo federal, quando o setor acumulou, em Campina Grande, saldos negativos entre admissões e desligamentos, perdendo 117 vagas no período.
O governo Bolsonaro não tem nada a apresentar ao trabalhadores, do Brasil e da Paraíba, para reduzir o desemprego, somente a reforma da previdência, que não é garantia de geração de emprego – como vimos na “promessa” da reforma trabalhista –, e ainda vai retirar os direitos dos atuais aposentados e dos próprios desempregados, se algum dia conseguirem se aposentar…
Por isso o anúncio recente de mais 400 demissões na fábrica da Coteminas de Campina Grande foi como a “crônica de uma morte anunciada”. Não há nada diferente a esperar enquanto for mantida a política que destrói o crescimento econômico do país!
É preciso fortalecer a participação na Greve Geral no dia 14 de junho para construir outro futuro aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil: com desenvolvimento, emprego e aposentadoria digna!
* Professor de Sociologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Coordenador do Observatório do Mercado de Trabalho da Paraíba – OMT-PB.
Edição: Heloisa de Sousa
https://www.brasildefato.com.br/2019/05/24/artigoor-demissoes-na-co...