Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

BEFW: Desfiles, exposições, oficinas e muita moda autoral com foco na sustentabilidade

Que bom ver as pessoas reunidas em prol da sustentabilidade, um assunto que engloba tantas diretrizes e ações por parte de empresas responsáveis e também a consciência de consumidores que optam por produtos feitos de maneira correta, tanto na parte ambiental, quanto social. Esse foi o foco da a 8ª edição do Brasil Eco Fashion Week (BEFW) que aconteceu entre os dias 13 e 15 de dezembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Com o tema “Bioeconomia e Cooperação”, o evento fortalece conexões com a futura COP 30, que acontecerá em Belém do Pará, em 2025. Dessa vez o BEFW reuniu 25 desfiles, 18 painéis, oficinas práticas e 100 expositores no Mercado Eco com a participação de marcas de todas as regiões do Brasil, além  da Mostra de Moda e exposição de novos materiais no Espaço Inovação.

Retalhar + Cotton Move

No showroom do Espaço Inovação a empresa de logística reversa têxtil Retalhar, celebrou seus 10 anos comunicando sua trajetória e a parceria com a Plataforma Circular Cotton Move, com quem divide o lounge do evento, composto de pisos e móveis produzidos com resíduos têxteis misturadas com plástico reciclado. As empresas trouxeram uma pilha de roupas usadas que são reaproveitadas. A Retalhar faz a manufatura reversa e é o operador logístico da plataforma circular.

Como funciona: “Em lojas como Renner e C&A, as pessoas levam suas roupas usadas nos pontos de entrega voluntária, em seguida essas roupas são recolhidas e levadas até a Retalhar, onde essas peças são desmontadas, retirados todos os aviamentos e ficamos somente com o tecido. Aí dependendo do que é a composição desses tecidos, se são fibras mais naturais, como algodão, por exemplo, conseguimos desfibrar e utilizar na fabricação de cobertores populares ou panos de limpeza de uso industrial e aquilo que não tem como reaproveitar ou estender a vida útil, destinamos para coprocessamento, uma incineração desse material, só que com aproveitamento energético. São fornos de fabricação de cimento que ao invés de usar combustível fóssil, utiliza esses materiais picados, triturados em uma blendagem. A queima gera essa energia na utilização desses fornos”, comenta Moreno Dias, assistente comercial da Retalhar.

“Somos responsáveis pela gestão de resíduos têxteis com a tecnologia Therpol composto a base de borracha natural e a Vasarte, no caso da produção de vasos. O Therpol permite juntar diferentes tipos de plásticos em alto percentual de plástico reciclado, que melhora as propriedades do material e juntamente com a sobra da reciclagem de jeans substituindo o corante, é possível produzir diferentes objetos como os móveis, vasos e a passarela do desfile do evento”, afirma o co-fundador da Retalhar, Jonas Lessa.

A empresa paranaense de biomateriais Muush apresentou seu biotecido, desenvolvido a partir de micélios de cogumelos e resíduos agroindustriais, com aplicações em acessórios de moda.

A empresa social Da Terra Project oferece tecidos artesanais.

A marca Seringô, levou calçados feitos com látex natural e insumos da Amazônia. Entre os expositores, ainda tinham acessórios feitos à mão em diferentes materiais como algodão natural, aço, madeira, palha, juta, sementes, entre outros, além de moda praia sustentável e moda infantil com tecidos naturais.

O Sebrae de diferentes partes do Brasil, trouxe marcas empreendedoras como a Da Terra Project, que fica no Agreste de Pernambuco e tem um lindo trabalho para ressignificar um resíduo tão abundante na região: o denim presente em confecções de Caruaru, Toritama, Riacho das Almas….Aqui são reaproveitadas as ourelas do jeans que se transformam em tecidos e mesclados a sarjas surgem diferentes peças como roupas e bolsas. Já a marcar de Minas Gerais, Molu é especializada na moda infantil e trabalha os elementos nordestinos para suas coleções.

Na história da Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, o Lobo surge com uma carranca, a Chapeuzinho é uma xilogravura, as comidas nordestinas estão na cesta da Vovozinha. No Pequeno Príncipe, a rosa é a flor de mandacaru, o personagem também vem caracterizado através da cultura do Nordeste, além de uma linha com os patrimônios culturais do Nordeste.

De Rio Do Sul em Santa Catarina, a marca Proposta Verde percebeu que havia muito descarte de jeans entre as empresas da região, por isso começou a produzir bolsas feitas à mão e calçados com  sobras desses resíduos.

A Why Not by Gugliatto foi criada pelo figurinista Luiz Gugliatto, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul que se reinventou na pandemia desmontando jeans e criando novas peças inspiradas no upcycling. Ele reutiliza 100% desse resíduo têxtil dando uma vida nova a esse produto já resistente e atemporal, com design exclusivo e modelagem bacana.

“Eu higienizo e desmonto as todas as peças e começo do zero a criar outra peça. Então, eu posso fazer 50 saias da mesma modelagem e elas nunca serão iguais, são exclusivas”, diz Gugliatto.

Telma Moreno, do Rio de Janeiro, comanda a marca TArt e iniciou sua coleção logo após que fechou uma loja que tinha de fantasias e vestidos de festas, na pandemia e, não tinha onde colocar as peças. Foi aí que teve a ideia de reciclar esses tecidos, trabalhando também com as doações dos vizinhos que levavam os jeans descartados. São produzidos novos produtos como vestidos, croppeds, um top que virou uma calça, saias longas com patchworks e mistura de tecidos como rendas, malhas, bordados e aplicações.

A Renner também esteve presente no evento com um lindo espaço, apresentando suas linhas sustentáveis e um posto de coleta de roupas usadas. No magazine, 8 em cada 10 peças são sustentáveis, 100% dos jeans são mais sustentáveis, as coleções são produzidas com algodão certificado, as peças são feitas com menos uso de água e são rastreáveis. Há ainda linhas especiais com upcycling.

Entre as exposições, o público pôde conferir a Mostra de Moda Sebrae – Brasil Eco que traz o jeans trabalhado com o upcycling onde entram patches, remendos, mix de tecidos e efeito de patchwork, a Mostra do Programa Operação Trabalho (POT), da Prefeitura da Cidade de São Paulo, com peças em jeans, além da mostra comemorativa de 20 anos da Natural Cotton Color usando o algodão colorido orgânico da Paraíba como base em suas criações. O evento foi encerrado com o minidocumentário “Seu Estilo, Seu Impacto”, produzido pela Time to Act. O filme apresenta os desafios da indústria da moda e reúne personalidades e marcas. A ideia foi mostrar que há, sim, muitas soluções e tecnologias acessíveis, escaláveis e lucrativas para um caminho mais sustentável para a moda.

Desfiles

Diferentes marcas do Brasil e exterior se apresentaram na passarela do Brasil Eco Fashion Week, em coleções inspiradas na riqueza cultural de nosso país e outras etnias. Materiais e fibras naturais foram utilizados como algodão orgânico, fibra do cânhamo, linho, tingimentos naturais, fios reciclados, macramê, crochê e seda.

A Nordestesse apresentou um desfile com os cinco ganhadores do concurso promovido pela plataforma com marcas autorais nordestinas e que utilizaram os tecidos da Canatiba Têxtil juntamente com a fibra sustentável, TENCEL Liocel da Lenzing. Adriana Meira da Bahia, trouxe a coleção Planta e Semente em caftãs, jaquetas e vestidos com apliques de santos, orixás e com foco no misticismo. George Azevedo do Rio Grande do Norte, criou a coleção Caju com Sal onde o caju foi a estrela em peças pintadas à mão, no denim raw. Destaque para os calçados com retalhos que também aparecem no colete. Inttuí de Washington Carvalho, que mora na Bahia, trouxe o tema Imaginário em uma alfaiataria clean e super criativa inspirada no ouro e sua riqueza cultural.

Todos os Caminhos foi o tema da MB Conceito (linha masculina) e Balbina (linha feminina). Moab Barros da Bahia, traz a moda com ênfase na camisaria onde entram o crochê, fuxicos, bordados em detalhes de bolsos, mangas e golas e o patchwork.

Moa é comandada por Moema Cardoso, de Pernambuco, onde trabalha o macramê, tricô e crochê. A coleção Varanda é um convite para desacelerar em looks que valorizam a rusticidade e com uma alfaiataria precisa em tons terrosos. Destaque para o macacão em Liocel com crochê, o top e bermuda com colete artesanal e o vestido com aplicações e cintura marcada.

A Almenara Têxtil levou ao evento a coleção “Travessia” produzida através do projeto Mãos à Moda Almenara, criado pelo Sebrae Minas Gerais. A marca é uma celebração da cultura do Baixo Vale do Jequitinhonha, nordeste do Estado. Essa coleção buscou inspiração nas lavadeiras da região onde entram bordados e tramas de cipó. Entre os materiais, estão tecidos reciclados, fibras naturais, jeans reaproveitados e o Ecosystem, um tecido ecologicamente responsável. Destaque para a saia longa com recortes e desfiados ou ainda com manchas e bordados, a maxi jaqueta e o colete são feitos com cós de calça e o look top e calça, surge com aplicações de flores.

Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Divulgação

Por: Equipe Guia JeansWear

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