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Quase todos os cinco homens mais ricos do mundo são do ramo da tecnologia. Um deles foge à regra e atua na indústria da moda. Bernard Arnault é chairman e CEO do grupo LVMH, maior conglomerado de luxo do mundo, que controla grifes como Louis Vuitton e Dior. De acordo com o ranking de bilionários da Forbes em tempo real, a fortuna estimada de Arnault era a segunda maior do mundo até a publicação desta matéria. Durante breves momentos, ele chegou a ocupar o primeiro lugar, inclusive nas últimas semanas.
Só entre março de 2020 e maio deste ano, o patrimônio de Arnault e família aumentou em US$ 110 bilhões, de acordo com a Forbes. O crescimento acelerado é fruto do desempenho da LVMH em meio à pandemia. Vem conhecer a trajetória desse magnata da moda!
Giphy/Getty Images
Engenheiro civil de formação, Bernard Jean Étienne Arnault nasceu no dia 5 de março de 1949, na cidade francesa Roubaix, e estudou na École Polytechnique, uma das escolas mais prestigiadas da França. A carreira do atual empresário começou na construtora Ferret-Savinel, que foi passada do avô materno de Arnault a seu pai.
A guinada definitiva para os negócios de luxo veio em 1984, quando ele adquiriu parte da holding Agache-Willot-Boussac, que também tinha uma participação do governo francês. À época, a empresa controlava a Christian Dior e a loja de departamento Bon Marché, mas passava por um momento difícil. Para a compra, pegou quantias milionárias emprestadas com a família e a financeira Lazard Fréres.
Arnault fez mudanças na companhia e assumiu o controle das operações depois que o governo da França vendeu a sua parte. Mantendo apenas a Dior e a Bon Marché, ele vendeu os demais negócios e renomeou a companhia como Financiere Agache. Nesse período, também demitiu cerca de 9 mil funcionários.
Jean GUICHARD/Gamma-Rapho via Getty ImagesO executivo francês tinha a ambição de comandar o maior grupo de luxo do mundo. No fim dos anos 1980, desembolsou um montante de US$ 2,6 bilhões para se tornar o acionista majoritário do conglomerado LVMH, fundado dois anos antes a partir da fusão das empresas Moët Hennessy e Louis Vuitton. Em janeiro de 1989, foi eleito CEO da companhia e presidente do conselho administrativo.
A partir dali, Arnault acrescentou diversas marcas europeias tradicionais ao catálogo do LVMH, colocando-as de volta no radar do público internacional. O francês falhou ao tentar comprar algumas empresas, mas isso não atrapalhou a expansão de seu império. Em 1999, por exemplo, ele tentou adquirir a participação majoritária na Gucci, mas perdeu a disputa para François Pinault.
Rival público de Arnault, François Pinault comanda o grupo Kering, segundo maior conglomerado de luxo do mundo. Além da Gucci, a empresa detém grifes como Balenciaga, Alexander McQueen e Saint Laurent, entre outras propriedades, como a casa de leilões Christie’s. O valor da companhia é estimado em US$ 55,1 bilhões.
é estimado em US$ 55,1 bilhões.
Georges MERILLON/Gamma-Rapho via Getty ImagesSegundo dados oficiais publicados em novembro de 2020, a família Arnault é dona de 47,5% das ações do grupo LVMH, que controla 75 marcas. Só no segmento de moda e artigos de couro, a holding detém nomes como Louis Vuitton, Dior, Fendi, Givenchy, Celine, Emilio Pucci, Loewe, Kenzo e Marc Jacobs. Quando o assunto é relógios e joias, alguns exemplos são Bvlgari, TAG Heuer e Tiffany & Co.
O conglomerado também comanda várias marcas de bebida. A lista inclui Chandon, Hennessy e Dom Pérignon, entre outras. O portfólio da companhia também abrange segmentos como hospitalidade e varejo, a exemplo das redes Belmond e Sephora, além de marcas de cosméticos como Fenty Beauty, Acqua di Parma e Guerlain. Em 2013, o grupo chegou a ter pouco mais de 23% das ações da Hermès, mas foi obrigado a vender a maior parte após uma briga judicial com a marca.
Quando assumiu a direção da LVMH, em 1989, Arnault já era dono da maior parte da Christian Dior SE. No entanto, até 2017, o conglomerado só controlava totalmente a marca Christian Dior Parfums. A divisão de moda Christian Dior Couture passou a ser controlada pelo grupo naquele ano, depois que Arnault comprou o resto da marca que não pertencia a ele, estimado em 25%.
Anunciada em 2019, a compra da Tiffany & Co. é considerada a última grande jogada do conglomerado, mas houve turbulências e processos judiciais entre as duas partes ao longo de 2020. Em outubro do ano passado, ambas as empresas acertaram a aquisição no valor de US$ 15,8 bilhões, a maior compra feita até agora pela LVMH. Finalizada em janeiro, a transação é considerada a maior na indústria do varejo de luxo na história.
Alexander Bogatyrev/SOPA Images/LightRocket via Getty ImagesA fortuna de Bernard Arnault cresceu em um ritmo surpreendente nos últimos anos, como apontam as posições do empresário nos rankings anuais da Forbes. Na lista de bilionários da revista, ele apareceu no top 10 pela primeira vez em meados de 2005, como informa reportagem de David Dawkins. Àquela época, a fortuna do magnata da moda era de US$ 13 bilhões.
Já em 2018, o empresário francês passou a integrar o top 5 do ranking. No ano seguinte, subiu para a terceira posição, com US$ 76 bilhões. Desde então, alcançou o topo em certas ocasiões, como algumas horas do dia 24 de maio. Na última lista anual de bilionários da Forbes, divulgada em abril, Arnault ocupa a terceira posição, com US$ 150 bilhões.
O último ranking em tempo real (em 21/6), por outro lado, já demonstra um montante de US$ 194,4 bilhões; uma diferença de US$ 40,6 bilhões de Elon Musk, que ficou em segundo lugar na lista anual, mas aparece em terceiro nesta última. Arnault também surge na posição número dois do ranking Bloomberg Billionaires Index de 21 de junho, com US$ 174 bilhões. Nesse caso, a diferença para Musk, em terceiro lugar, é de apenas US$ 2 bilhões.
Tanto na Forbes quanto na Bloomberg, o trono segue com Jeff Bezos, fundador da Amazon. Desde a chegada da pandemia, o patrimônio líquido das pessoas mais ricas do mundo chegou a oscilar em quantias bilionárias.
Vincent Isore/IP3/Getty ImagesNas listas de bilionários, o CEO do grupo LVMH aparece listado como “Bernard Arnault & família”. Entre seus cinco filhos, quatro trabalham no conglomerado. Delphine e Antoine Arnault são filhos do empresário com Anne Dewarin, com quem ele foi casado entre 1973 e 1990. Em 1991, ele trocou alianças com a pianista canadense Hélène Mercier. Da relação, que dura até os dias atuais, nasceram Alexandre, Frédéric e Jean Arnault.
Apontada como a possível sucessora do pai, a primogênita Delphine Arnault é vice-presidente executiva da Louis Vuitton e integra o comitê executivo da LVMH. O segundo filho, Antoine Arnault, é chefe de comunicações e imagem do grupo, e presidente executivo das marcas Berluti e Loro Piana. Ambas pertencem ao conglomerado controlado pela família.
A geração millennial também está envolvida nos negócios. Alexandre Arnault é vice-presidente executivo de produtos e comunicações da Tiffany & Co. Frédéric Arnault foi promovido a CEO da TAG Heuer em junho de 2020. De todos os irmãos, o único sem funções no conglomerado é o caçula Jean Arnault, nascido em 1998.
Frederic REGLAIN/Gamma-Rapho via Getty ImagesBernard Arnault já foi fotografado ao lado de políticos e personalidades de reconhecimento mundial. Entre elas, a princesa Diana, o ex-presidente norte-americano Donald Trump e o atual presidente russo, Vladmir Putin. O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy é citado como um dos grandes amigos do empresário, que chegou a ser testemunha no casamento do político com Carla Bruni.
Arnault era amigo, também, do estilista alemão Karl Lagerfeld, que morreu 2019 e foi diretor criativo da Fendi, uma das marcas do grupo LVMH. Segundo a CNBC, Steve Jobs, fundador da Apple, disse ao empresário francês: “Sabe, Bernard, não sei se em 50 anos meu iPhone ainda será um sucesso, mas posso dizer, tenho certeza de que todo mundo ainda beberá o seu Dom Pérignon”.
Stephane Cardinale/Sygma via Getty ImagesAlém de financiar projetos de incentivo às artes, Bernard Arnault é dono de uma coleção de obras modernas e contemporâneas. Na lista, entram trabalhos de Basquiat a Pablo Picasso. Há quem diga que ele conquistou a atual esposa – que é pianista – tocando obras de grandes compositores clássicos ao piano. Entre eles, Chopin.
Diversos adjetivos são atribuídos ao magnata, de discreto a irônico. Ele mesmo faz questão de assumir uma de suas principais características, pela qual é bem conhecido. “Eu sou muito competitivo. Sempre quero ganhar”, comentou em entrevista de 2018. A trajetória do empresário não permite discordar.
Colaborou Hebert Madeira
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