Better Cotton reúne setores agrícola e têxtil do Brasil

[Romildo de Paula Leite]

A iniciativa junta vários agentes da indústria brasileira de algodão, com o objetivo de promover a colaboração entre as partes interessadas, identificar os desafios comuns e as soluções para implementar práticas mais sustentáveis.

[©Better Cotton-Bárbarah Queiroz]

A primeira reunião da ação colaborativa Multistakeholder Dialogue, realizada em Brasília, no mês de março, reuniu representantes de produtores e exportadores de algodão, associações têxteis, retalhistas, marcas, investigadores, agências governamentais, instituições financeiras, organizações não governamentais e da sociedade civil. Em conjunto, determinaram que a rastreabilidade, a resiliência climática e a colaboração são focos prioritários a seguir, para ajudar a definir melhores práticas e enfrentar desafios agrícolas sistémicos.

«A indústria agrícola do Brasil é vasta e não é apenas uma produtora e exportadora líder de algodão, mas de muitas outras commodities. Ao reunir as principais partes interessadas do país, criamos uma plataforma para superar desafios mútuos e defender as melhores práticas. Juntos, estou confiante de que podemos acelerar a mudança e aguardo ansiosamente por futuras reuniões», afirma Lena Staafgård, diretora de operações da Better Cotton.

A Better Cotton indica que, na agricultura, uma colaboração mais próxima entre setores é essencial para abordar desafios compartilhados e impulsionar a adoção de melhores práticas, tendo em conta que o algodão é cultivado em rotação com outras culturas. Esta iniciativa pretende oferecer aos produtores brasileiros uma «plataforma para uma relação mais forte com as partes interessadas da indústria», no sentido de obter contributos sobre o seu trabalho e desafios enfrentados.

A organização acredita que o Multistakeholder Dialogue, com o envolvimento direto de representantes de diferentes áreas, está bem posicionado para alcançar um caminho em direção a uma produção de algodão cada vez mais sustentável. Para Kamila Garantizado, especialista em sustentabilidade na retalhista brasileira Lojas Renner, o encontro foi «altamente educativo, com uma escuta muito ativa. Ficou claro que as necessidades [dos outros] são relativamente semelhantes às nossas – como melhorar a comunicação».

Por considerar que um diálogo eficaz para a indústria do algodão requer a participação de especialistas e autoridades além do setor agrícola, a Better Cotton envolveu representantes ligados à sustentabilidade e às ações de combate às alterações climáticas como Silvio Moraes, senior engagement manager da Textile Exchange na América Latina. O representante da associação não-governamental descreve o encontro como um «momento muito importante» e aplaude a Better Cotton por «reunir toda esta cadeia, com tantos stakeholders diferentes. Acho que é algo que sentimos muita falta no Brasil – mostrar as melhores práticas e integrar a cadeia para ajudar a que esses padrões se expandam».

O governo brasileiro também marcou presença na reunião e Thaianne Resende Henriques Fábio, diretora de qualidade ambiental do Brasil no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, entende que o esforço coletivo vai beneficiar as perspetivas de sustentabilidade a longo prazo no país. «Isto vai promover a colaboração e cooperação entre os diferentes segmentos da cadeia de produção. Estamos a incluir o setor privado, o governo e as associações, garantindo a continuidade de práticas sustentáveis e inovadoras», acrescenta a diretora.

O Multistakeholder Dialogue vai ser palco de debates regulares e promover a identificação de objetivos comuns para implementar atividades mais sustentáveis, fornecendo novos canais de comunicação não apenas dentro da indústria do algodão, mas também ao lado de outros setores agrícolas do Brasil.

Segundo Álvaro Moreira, diretor sénior de programas e parcerias para grandes explorações agrícolas da Better Cotton, a partilha entre setores permite que a indústria do algodão «abrace múltiplas perspetivas» dentro da produção e da sua cadeia de aprovisionamento. «Isto vai ajudar-nos a superar desafios de uma forma mais eficiente, transparente e coletiva», sublinha.

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