A Liberty Art Fabrics, marca de produtos ingleses fundada em 1875 no número 218A da Regent Street, em Londres, se tornou internacionalmente conhecida pelo seu tecido de algodão com estampa floral desenvolvido após a Primeira Guerra Mundial. Hoje, quase um século depois de seu primeiro grande sucesso comercial, a Liberty é sinônimo das delicadas florzinhas – apesar de não se resumir à apenas este tipo de padronagem -, que dão vida a roupas e objetos de decoração.
Com sua sede localizada ainda no mesmo endereço, a Liberty vem extrapolando os limites do prédio histórico da Regent Street e se tornando, cada vez mais, uma empresa global. Por isso, a marca escolheu o Brasil para ser o terceiro país do mundo, fora da Inglaterra, a ter uma fábrica credenciada. Em fevereiro deste ano, depois de um período de testes iniciado em maio de 2011, a cidade de Americana, no interior de São Paulo, se juntou ao seleto time formado por outros municípios localizados no Japão e na Itália, e hoje produz as tradicionais estampas da Liberty para o mercado nacional e, futuramente, latino-americano.
“Nós importamos os tecidos da Índia e da China, por exemplo, e os trazemos para serem estampados aqui, de acordo com a demanda dos clientes”, diz a diretora comercial e de marketing da Liberty, Martina Ergotic, que explica que a iniciativa barateou e agilizou os negócios da marca no Brasil, onde já está presente há três anos. “Primeiramente, tínhamos apenas um representante local, que encomendava de fora todos os pedidos. Mas esse era um processo muito demorado, burocrático e caro e, diante do potencial do mercado brasileiro e de seu crescimento nos últimos anos, a Liberty decidiu não apenas abrir um escritório em São Paulo, mas também encontrar parcerias na produção das peças. Foi isso que fizemos em Americana.”
Hoje, a pequena fábrica que conta com 47 profissionais produz, de forma analógica, estampas em tecidos tais quais algodão e seda. Martina ressalta que o processo de estamparia tradicional – feito a partir de cilindros rotativos – é muito mais minucioso que o digital e que ele ainda é o preferido pelos clientes da Liberty. “Se a marca lança 40 estampas novas hoje, apenas cinco delas são digitais. Pode ser que, no futuro, essa proporção se torne mais equilibrada, mas a Liberty não é e nem será uma marca digital”, observa ela.
Com um preço médio de 36 reais o metro de algodão, a Liberty tem hoje em sua carteira de clientes brasileiros nomes como Le Lis Blanc, Carlos Miele, Noir, Le Lis e Richards. Mas ela não quer parar por aí e, para conquistar novos consumidores, pretende lançar coleções completas no país já a partir da próxima temporada. “Muitas confecções demonstraram interesse no nosso produto durante a última edição da Première Brasil, mas a maior parte delas não tinha condições de fazer grandes pedidos o que inviabilizava a parceria já que, no momento, estamos produzindo apenas sob demanda. Com o lançamento das coleções, o preço do metro do tecido fica mais atraente e, dessa forma, mais marcas poderão adquiri-lo”, completa a diretora.
E não é apenas o mercado nacional que a Liberty espera atingir com a produção da fábrica no interior de São Paulo, mas também outros países da América Latina, como Argentina e México. Segundo Martina, a empresa se encontra hoje em plena fase de globalização com o aumento da sua presença em outros mercados e com a internacionalização de parte da produção. No entanto, esse movimento está sendo feito de modo a não perder de vista a qualidade e a tradição dos produtos assim como das estampas que, mesmo em plena era digital, ainda são criadas à mão pelos designers e arquivadas em papel da mesma forma como era feito nos anos 1880.
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