Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Cabras da raça "capra hircus", que vivem sobretudo no deserto de Gobi (China e Mongólia), fornecem a lã extremamente macia

Poucos sabem que um pulôver ou outros artigos em cashmere da grife Chanel podem ter sido produzidos por uma brasileira, Márcia Giraudy, proprietária de uma empresa criada há 20 anos em Paris e que conquistou reputação, entre os grandes nomes da moda, na criação e confecção de modelos nessa lã nobre, cujas peças custam centenas de euros.

A brasileira conseguiu passar pelo seletíssimo crivo da Chanel, uma das mais prestigiosas grifes de alto luxo do mundo. Além da matéria-prima de excelente qualidade, um simples pulôver da Chanel exige 14 operações de controle das medidas.

No escritório de Márcia Giraudy, em Paris, há vários modelos criados para a Chanel e também amostras de cashmere com composições de cores e desenhos desenvolvidos por ela especialmente para a grife. E que poderão transformar-se em modelos que serão vendidos nas lojas da marca, se aprovados pela equipe do costureiro Karl Lagerfeld, que comanda a grife criada por Coco Chanel em 1910.

"Às vezes a Chanel me diz qual será o tema da próxima coleção e desenvolvo os motivos do cashmere em função disso. Outras vezes, não há temas definidos e aí parto para a criação livre e proponho as amostras de tricô", diz a empresária brasileira, que trabalha com fábricas de fios de puro cashmere na Itália e na Inglaterra. As peças são produzidas por terceirizados na Escócia, enquanto muitas grifes francesas e italianas especializadas em cashmere já fabricam seus produtos na China.

Giraudy, que também desenvolve paralelamente sua marca própria, a Rue Jacob, optou por trabalhar apenas para a Chanel, criando quatro coleções por ano. Mas no passado já teve em sua carteira de clientes várias grifes de luxo, como Lanvin masculino, Dior infantil, Rochas, Inès de la Fressange, Chloé (na época em que Lagerfeld era o estilista da grife). A brasileira também chegou a se tornar a maior fabricante de cashmere para a Yves Saint-Laurent.

Divulgação

Márcia Giraudy usa fios de puro cahsmere tecidos na Itália e na Inglaterra

Muitos novelos foram desenrolados desde que essa economista no campo da saúde, especialista em má-nutrição, se instalou em Paris, há 32 anos, para fazer uma formação em sua área. Suas atividades na produção de cashmere começaram com um "bico" na empresa de uma amiga sueca. Márcia passou a carregar por todos os lados da capital francesa malas de amostras de cashmere, batendo à porta, inicialmente, das grifes de luxo de menor porte.

Foi assim que começou a trabalhar para a Nina Ricci. A sueca retornou ao seu país de origem, mas a brasileira continuou batendo à porta das 'maisons' de luxo em Paris, conquistando, no início dos anos 90, inúmeros clientes, até decidir trabalhar com exclusividade para a Yves Saint-Laurent. "Fizemos uma primeira coleção para a YSL e só vendemos 19 pulôveres. Queria desistir, mas eles insistiram para eu continuar", conta Márcia. O número pulou depois para 1,7 mil peças por coleção.

A parceria com a marca durou sete anos e foi interrompida com as mudanças no comando da grife e a saída de Saint-Laurent do prêt-à-porter. Veio então a Chanel, no início dos anos 2000. O faturamento da empresa da brasileira, que não é a única fornecedora de cashmere para a grife, pode variar em função do total de modelos encomendados em cada estação, mas têm crescido de maneira regular nos últimos anos.

Em 2012, as vendas de Márcia para a Chanel atingiram € 2,75 milhões, totalizando 18 mil peças. O faturamento mais do que dobrou em relação a 2011.

O próximo passo da brasileira é ampliar as atividades de sua marca própria, a Rue Jacob (referência ao bairro parisiense de Saint-Germain-des-Près), que já foi vendida no Brasil na antiga Daslu, em São Paulo. Atualmente, as peças da Rue Jacob, que custam, em média, € 250, são vendidas apenas pela internet, após a decisão, tomada há dois anos, de não passar mais por distribuidores.

Além de ampliar a linha de produtos, com artigos para casa (como colchas e almofadas em cashmere), Márcia Giraudy tem planos de abrir uma loja em Paris ou Londres "como vitrine" para também impulsionar as vendas online. Ela tem ainda o projeto, mais a longo prazo, de montar uma unidade de produção no Uruguai para atender o mercado sul-americano.

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