Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Brechós conquistam cada vez mais adolescentes e jovens. Veja dados

Mesmo em meio à pandemia, o mercado de segunda mão não para. Os números são promissores principalmente em relação à geração Z.

Estoque da plataforma de revendas (brechó) ThredUpTHREDUP/DIVULGAÇÃO

Omercado de segunda mão passou por diversas transformações ao longo dos anos. É fato que, atualmente, os brechós são uma verdadeira tendência, impulsionada pelas vendas diretas. Curiosamente, o surto da Covid-19 em todo o mundo não enfraqueceu os brechós. Pelo contrário, pesquisas recentes mostram que o período de isolamento social fez com que as revendas aumentassem. Um grupo extremamente importante para o segmento são os adolescentes e os jovens, que se interessam cada vez mais por peças seminovas e vintage. Entre os motivos que conquistam a geração Z, estão a vantagem de preços mais acessíveis, a exclusividade e a preocupação com o meio ambiente.

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GIPHY/JACQUELINE LISBOA/ESPECIAL PARA O METRÓPOLESGiphy/Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles

Números em crescimento

De acordo com um estudo recente da plataforma de revendas ThredUp, o segmento de revendas deve movimentar cerca de US$ 64 bilhões até 2024. A geração Z (formada por pessoas que nasceram depois de 1996) tem um forte papel no crescimento do setor.

Segundo a McKinsey & Company, empresa especializada em consultoria empresarial, a geração Z representa 40% dos consumidores globais de brechós. Além disso, detém US$ 150 bilhões em poder de compra apenas nos Estados Unidos.

THREDUP/DIVULGAÇÃOEstoque da plataforma de revendas (brechó) ThredUp
Os brechós são uma tendência global

THREDUP/REPRODUÇÃOGráfico ThredUp O segmento de revendas deve movimentar cerca de US$ 64 bilhões até 2024

THREDUP/REPRODUÇÃOGráfico ThredUp
A geração Z está impulsionando o crescimento. Esse grupo de consumidores é responsável por 40% das compras de segunda mão

Outro levantamento, feito pela prestadora de serviços financeiros Piper Sandler entre agosto e setembro, confirma o impulso. De quase 10 mil consumidores com idade média de 16 anos que participaram da pesquisa nos EUA, 46% afirmaram que estão comprando produtos usados em sites especializados, enquanto 58% se desapegaram de peças. Além disso, mais de um quarto dos participantes usaram um e-commerce de produtos de segunda mão.

Não para por aí: os números devem ser cada vez maiores. A pandemia, inclusive, não foi um impeditivo. Na plataforma RealReal, como mostrou um relatório divulgado recentemente, houve um aumento de 22 vezes no interesse de marcas na revenda e uma alta de 46% nos itens consignados durante a quarentena.

A ThredUp prevê que, com os consumidores “buscando pechinchas de casa”, a venda de produtos on-line usados deve crescer 69% até 2021. Estima-se ainda que o mercado total de second hand ​​deve expandir quase duas vezes em relação ao tamanho do fast fashion no ano de 2029.

VINICIUS SANTA ROSA/METRÓPOLESBolsas de brechó
A pandemia não enfraqueceu os brechós

VINICIUS SANTA ROSA/METRÓPOLESBolsas de brechó
As bolsas de luxo são as peças com maior valor de revenda. Este clique foi feito no showroom do Pretty New

THREDUP/REPRODUÇÃOGráfico ThredUp
O mercado total de produtos usados ​​deve crescer quase duas vezes o tamanho do fast fashion em 2029. No gráfico, os valores estão em dólar

Geração Z

Ao procurarem brechós, os jovens e adolescentes querem “achados”, ou seja, peças de qualidade e com design diferenciado. Aos 18 anos, a brasiliense Amanda Martins prefere brechós físicos, mas devido à pandemia, passou a procurar oportunidades em grupos que ofertam itens seminovos, tanto no Facebook quanto no WhatsApp.

“Me interesso por roupas de segunda mão desde os meus 13 anos. Foi quando eu comecei a encontrar meu estilo, que é sóbrio. Gostava de peças-chave, com cores neutras, camisas sociais. Queria itens mais clássicos para compor meu visual, porém, não encontrava em lojas convencionais”, relembra.

Moradora do Jardim Botânico, no Distrito Federal, Amanda é fã de peças vintage. Um ponto positivo é a exclusividade. “Por ser mais antiga, é difícil encontrar algo idêntico. Normalmente, quando você adquire uma roupa em uma loja grande de departamento, tem mais umas 300 camisas iguais esperando para serem compradas por outras pessoas, então, você vai encontrar várias usando o mesmo modelo, e isso não acontece com peça de brechó”, compara.

Amanda vê o comércio second hand como um ciclo de benefícios para todas as partes envolvidas. “Quando você compra em bazar, está ajudando também os pequenos empreendedores. Quase todos os bazares que são realizados por onde eu moro ocorrem em lugares pequenos, coisas de família mesmo. A maioria é de empregadas domésticas que ganharam aquelas peças das patroas e vendem para ter uma renda extra”, completa a garota, que está prestes a concluir o ensino médio.

RAIMUNDO SAMPAIO/ESPECIAL PARA O METRÓPOLESBrechó Pretty New A geração Z deseja “achados” em brechós

THREDUP/DIVULGAÇÃOEstoque da plataforma de revendas (brechó) ThredUp
As peças vintage são procuradas por quem quer exclusividade

MATERIAL CEDIDO AO METRÓPOLESSelfie da estudante Amanda Martins
Amanda Martins tem orgulho de comprar roupas e acessórios de segunda mão. “Sou do tipo que não se aguenta… Se alguém elogia, eu já falo ‘comprei e foi 10 reais em um bazar maravilhoso’ (risos). Percebo que as pessoas ficam admiradas porque, muitas vezes, é uma peça única”, comemorou

Em entrevista publicada em fevereiro pela coluna, Georgia Castro, Coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Design, Indumentária e Moda, da Universidade de Brasília (UnB), explicou que o público do second hand foi ampliado ao longo dos anos. “[O segmento] já interessava a colecionadores, artistas e profissionais que trabalham com o estilo. Atualmente, os brechós têm interessado às novas gerações de uma classe mais abastada, intelectualizada e que tem o olhar voltado para as questões relacionadas à moda e à sua indústria, que encontra nessa cultura uma forma de expressão”, analisou.

Essa busca envolve uma questão estética e de oportunidade. “O mercado de segunda mão atrai um público interessado em adquirir peças de qualidade, não somente por hábitos sustentáveis, mas considerando, também, questões econômicas: a vontade de adquirir roupas e objetos de grife por um valor mais acessível”, afirmou a especialista.

Foram exatamente esse motivos que fizeram a paulista Gabriella Tomasi aderir à prática. A graduanda em nutrição considera o preço como a principal vantagem. Ela contou que costuma ver em brechós peças com valores muito menores e mais qualidade, se comparadas com as de fast fashion, por exemplo.

“Em brechó, são roupas que estão basicamente novas ou nunca usadas e em ótimo estado, por um preço que você não acha nem se a loja [de itens novos] fizer uma promoção”, observa. Gabriella compartilhou que, recentemente, adquiriu uma jaqueta jeans da Levi’s “novíssima” por R$ 20.

Antes de comprar algum item seminovo pessoalmente, a jovem segue um passo a passo. “Olho se está em bom estado, se tem alguma avaria, e se está desbotada ou com bolinhas”, ensina.

MATERIAL CEDIDO AO METRÓPOLESJovem Gabriella Tomasi
Gabriella Tomasi aproveita os preços. Ela já comprou tanto fisicamente quanto on-line

JACQUELINE LISBOA/ESPECIAL PARA O METRÓPOLESCaixote Bazar, em Brasília
“Compro principalmente em brechozinho de rua, sempre que vejo um diferente e tenho tempo, paro para dar uma olhadinha”, diz Gabriella

THREDUP/DIVULGAÇÃOEstoque da plataforma de revendas (brechó) ThredUp
A qualidade dos materiais é verificada

Parte da geração Z, Ana Lia de Almeida Prado, de 17 anos, também é consumidora assídua de bazares. Ela frequenta esse tipo de espaço desde a infância, por influência da mãe, Rosana. “Sou muito agradecida, porque ela me ensinou a ter uma preocupação com o planeta, e valorizar o meu próprio estilo de uma forma única”, celebra, em conversa com a coluna. “Amo brechó e toda essa conscientização com a moda consciente”, acrescenta a estudante.

Trata-se de um verdadeiro momento em família. Nos brechós, em São Paulo, a adolescente já garimpou itens de marcas como Armani, Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Amaro e Ralph Lauren. “Gosto de juntar peças de vários estilos diferentes e formar o meu próprio”.

MATERIAL CEDIDO AO METRÓPOLESAdolescente Ana Lia de Almeida Prado
Ana Lia de Almeida Prado frequenta bazares desde criança

MATERIAL CEDIDO AO METRÓPOLESAna Lia de Almeida Prado e a mãe
A influência veio da mãe

MATERIAL CEDIDO AO METRÓPOLESCalça jeans no chão
A adolescente fez questão de contar que garimpou esta calça da Armani por R$ 10

Marcas se rendem

Como a coluna mostrou anteriormente, mesmo as marcas grandes estão se rendendo ao second hand, ao entenderem que podem se beneficiar do movimento. No início de outubro, a Gucci se juntou à The RealReal em uma iniciativa nada convencional e inovadora.

A parceria resultou em uma oferta diária, constantemente atualizada, de peças de consignadores e vindas diretamente da própria grife italiana. A colaboração está hospedada no site de revendas de luxo. Entre as opções, estão peças masculinas e femininas de roupas, sapatos e acessórios, como óculos e joias.

“A Gucci está elevando o padrão não apenas para a indústria da moda, mas para todas as empresas ao inovar continuamente para tornar seus negócios mais sustentáveis”, elogiou Julie Wainwright, fundadora e CEO da The RealReal, em comunicado. “Juntos, estamos lançando um holofote global na revenda. Esperamos que incentive todos os consumidores a apoiar a economia circular e a se juntar a nós na redução da pegada de carbono da moda”, acrescentou.

GUCCI/DIVULGAÇÃOCampanha da Gucci
Até as marcas de luxo têm interesse no mercado de second hand

GUCCI/DIVULGAÇÃOCampanha da Gucci
A Gucci, por exemplo, firmou uma parceria com a plataforma The RealReal recentemente

GUCCI/DIVULGAÇÃOCampanha da Gucci
No site de revendas de luxo, peças da Gucci já estão disponíveis por meio da iniciativa

GUCCI/DIVULGAÇÃOCampanha da Gucci
A plataforma é alimentada diariamente com itens de consignadores e também vindos diretamente da própria grife italiana

Outro exemplo é a Levi’s, que apostou em uma loja virtual com peças usadas, exclusivamente nos Estados Unidos. Por lá, é possível adquirir produtos vintage com etiqueta da empresa norte-americana. Trata-se da plataforma de vendas on-line SecondHand, lançada neste mês.

As peças disponíveis fazem parte do garimpo com curadoria da Levi’s. No entanto, a label também desenvolveu um projeto de trocas. Quem possuir uma peça da marca e quiser se desfazer do item poderá entregá-lo em uma das lojas participantes do projeto e receber um bônus.

LEVIS/DIVULGAÇÃOModelo com jeans vintage da Levi's
A Levi’s criou uma espécie de brechó on-line com peças usadas da etiqueta

LEVIS/DIVULGAÇÃOModelo com jeans vintage da Levi's
A própria label fez o garimpo dos itens, exclusivamente disponíveis nos EUA

LEVIS/DIVULGAÇÃOModelo com jeans vintage da Levi's
É possível notar o reconhecimento de grandes marcas em relação à relevância do mercado de segunda mão

Demanda de luxo

A lista de grifes e produtos mais desejados no mercado de second hand na primeira metade de 2020 é variada. A coluna apontou que, segundo avaliação da plataforma The RealReal, o público deu prioridade para marcas de luxo estabelecidas durante a pandemia, mesmo com a atual situação econômica.

O ranking de 10 labels teve a Louis Vuitton no topo pela primeira vez. Em seguida, a seleção englobou Gucci, Chanel, Prada, Hermès, Dior, Fendi, Saint Laurent, Balenciaga e Burberry, respectivamente.

Colaborou Rebeca Ligabue

ILCA MARIA ESTEVÃO

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