Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Centauro compra FitDance e amplia ecossistema

Grupo SBF compra da plataforma brasileira de dança, que tem uma audiência de 15 milhões de pessoas, em mais de 50 países

Por Moacir Drska

Em junho de 2021, o grupo SBF criou a SBF Ventures para consolidar um ecossistema de ativos de esportes em torno da Centauro e da Nike. Essa última operação, por meio da Fisia, unidade estruturada em 2020 para ser a distribuidora exclusiva e cuidar dos negócios da marca americana no País.

O primeiro pilar desse ecossistema veio em dezembro de 2020, com a compra da NWB, dona de canais de conteúdo como Desimpedidos e Acelerados. E a estratégia ganhou fôlego neste ano, com dois novos negócios: a sportstech OneFan e a empresa de live marketing esportivo X3M.

Agora, o grupo avaliado em R$ 5,3 bilhões está fazendo um novo movimento para manter o ritmo de suas aquisições. Literalmente. Em um passo antecipado com exclusividade ao NeoFeed, a SBF Ventures anuncia nesta terça-feira, 10 de maio, a compra de 100% da plataforma brasileira de dança FitDance.

“Queríamos criar uma conexão mais íntima com esse público de dança, que é uma atividade física e, agora, uma modalidade olímpica”, diz Gustavo Furtado, general manager da SBF Ventures, ao NeoFeed. “E a FitDance conversa com uma audiência muito grande e engajada dentro desse universo.”

Fundada em 2014 pelos irmãos Fabio e Bruno Duarte, que seguem na operação, a FitDance acumula dados que mostram uma boa sintonia com esse público. São mais de 10 bilhões de visualizações desde a sua criação e sua audiência tem 15 milhões de pessoas, em mais de 50 países.

Esses números seguem a trilha de quatro linhas de negócio. A primeira é a Academy, plataforma de capacitação que dá direito aos instrutores de ministrarem aulas com a metodologia e a chancela da marca e já formou mais de 10 mil profissionais.

A partir desse modelo, a FitDance oferece mais de um milhão de aulas por ano, em cerca de 15 mil academias, em seis países. Além do Brasil, a plataforma marca presença na Argentina, México, Chile, Uruguai e Portugal.

Com 3 mil usuários, a segunda linha é a Plus+, aplicativo de streaming com aulas ao vivo e gravadas, com assinaturas mensais entre R$ 22,90 e R$ 29,90. Já a FitDance Network une canais em plataformas como YouTube e TikTok com projetos especiais para marcas como Coca-Cola e Samsung.

Esses três modelos são turbinados, em boa parte dos casos, por coreografias de grandes hits que são ensinadas no mesmo compasso dos lançamentos dessas músicas, através de parcerias com gravadoras e artistas. Katy Perry, Shawn Mendes e Iza são alguns dos nomes que já “entraram nessa dança”.

A última fonte de receitas é a FitDance Style, linha de roupas e acessórios de casual e lifestyle. Na estimativa da SBF Ventures, a soma dessas vertentes traz um mercado potencial de mais de 35 mil academias e 20 milhões de praticantes.

“E nós conseguimos enxergar novas avenidas de receita se materializando à medida que integrarmos à FitDance com as demais unidades de negócio”, afirma Furtado.

Uma dessas avenidas passa por dar mais musculatura à marca de roupas, com a criação de produtos e a distribuição nos canais da Centauro e da Nike no País. “Um dos focos da Nike é ampliar o diálogo com o público feminino e a FitDance pode ajudar muito nesse processo”, diz o executivo.

Ele também enxerga boas possibilidades nas vendas cruzadas de projetos especiais com os canais da NWB, além de eventos em parceria com a Centauro, a Nike e a X3M.

“Ao mesmo tempo, o Plus+ tem 3 mil usuários pagantes”, afirma. “Essa pode ser a porta de entrada para um programa de fidelidade que traga vantagens no relacionamento com as demais empresas do grupo.”

Ecossistema

A busca por ativos para ir além da rede de varejo de artigos esportivos Centauro começou a ganhar forma em fevereiro de 2020, quando o SBF desembolsou um valor estimado em R$ 900 milhões para gerenciar os canais e a distribuição da Nike no Brasil, o que gerou a criação da Fisia.

“Nós vimos a necessidade de criar outras formas de nos conectarmos com o consumidor que, em média, vai duas vezes por ano nas nossas lojas”, explica Furtado.

O saldo dessa investida teve um primeiro termômetro em 2021, quando o grupo reportou uma receita líquida de R$ 5,1 bilhões, alta de 114%, sobre 2020. Em contrapartida, suas ações fecharam o ano com uma desvalorização de 24,2%. Em 2022, os papéis acumulam um recuo de 3%.

Com a Centauro e a Nike, e a aquisição da NWB, por R$ 60 milhões, o grupo decidiu que, para incorporar novas empresas, era preciso criar uma unidade apartada, com foco exclusivo em selecionar ativos, identificar sinergias, escalar esses negócios e integrá-los ao seu ecossistema.

“Havia um risco grande dessas empresas serem esmagadas por duas marcas muito estabelecidas”, diz Furtado. Da constatação, nasceu a SBF Ventures, cujo time de 20 pessoas inclui profissionais de negócios, tecnologia e recursos humanos.

Com acordos financiados pelo caixa do SBF, a tese da SBF Ventures envolve três pontos principais: o tamanho do mercado que o novo negócio permite atacar; uma comunidade relevante no entorno da marca; e a adição de novas competências ao grupo.

Já o formato dos deals depende da maturidade do ativo. Ele pode envolver desde fatias majoritárias até 100% do negócio, desde que o grupo tenha uma participação relevante para influenciar na estratégia da operação. Sob essa ótica, a SBF Ventures não coinveste com outros fundos.

“Esse quebra-cabeças não está 100% montado”, diz Furtado. “Mas, nesse ano, o foco vai ser a captura de sinergias dos ativos que já temos. Isso não significa que iremos descartar caso apareça uma empresa sexy no caminho.”

Na NWB, um dos formatos em teste é o social commerce, com a associação de influenciadores digitais à venda de artigos da Centauro e da Nike. A NWB também está desenvolvendo um canal de corrida, batizado de Corrida na Veia, que terá associações com a marca Centauro.

No radar da X3M, dona dos eventos de corridas como XTERRA e UPHILL Marathon, estão projetos como a criação de franquias de corridas de rua com Nike e a Centauro, e também de eventos de fitness associados à Centauro.

Em 2021, o grupo SBF reportou uma receita líquida de R$ 5,1 bilhões, alta de 114%, sobre 2020

Fruto de uma sociedade com a Sportecha, o OneFan, por sua vez, começa a ganhar escala ao oferecer uma plataforma white label para que clubes de futebol criem superapps e potencializem o relacionamento com seus torcedores.

A ferramenta é o motor por trás dos aplicativos oficiais de times como Flamengo, Atlético Mineiro, São Paulo, Fortaleza e Coritiba. E adicionou recentemente o Corinthians a essa carteira, com o lançamento do aplicativo Universo SCCP.

“Os programas de sócio-torcedor têm um público muito restrito”, diz Furtado. “Nossa ideia é destravar novas fontes de receita para os clubes, alcançando uma base de torcedores mais ampla, com diferentes tipos de serviços e assinaturas.”

Mesmo distante das batalhas travadas entre os marketplaces generalistas, o grupo SBF não está sozinho na corrida para construir um ecossistema de esportes. Nesse campo, um dos rivais é o Magazine Luiza, para quem a empresa perdeu a disputa pela Netshoes, em 2019.

Ao integrar a Netshoes ao seu ecossistema, incluindo sua malha logística, lojas físicas e demais operações, a rede da família Trajano fez com que a empresa, conhecida por seu histórico de prejuízos, encerrasse 2021 com um lucro recorde de R$ 135 milhões.

Outra concorrente é a Track&Field que vem investindo na criação de comunidades por meio das plataformas Trainer e TFSports. Além de aulas e eventos online e presenciais, essas ferramentas têm sido usadas para testar a venda de produtos por meio dos personal trainers cadastrados em suas bases.

Fonte: Neofeed

https://sbvc.com.br/centauro-compra-fitdance-e-amplia-ecossistema/

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 76

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço