Problemas como a concorrência chinesa e contrabando têm trazido prejuízos para o setor em todo o mundo
Medellín (Colômbia) O crescimento das exportações de produtos chineses, ao longo dos últimos anos, tem trazido alguns prejuízos para a indústria têxtil e de confecção do Brasil, preocupando o setor, que chama a atenção para a concorrência desleal e para o fato de as empresas chinesas não possuírem as mesmas tributações e políticas de produção que as brasileiras. Na Colômbia, o problema maior é o contrabando, que também afeta significativamente a indústria têxtil local. De acordo com Carlos Eduardo Botero, presidente do Inexmoda (Instituto para Exportacão e Moda), realizador da Colombiatex das Américas, atualmente, cerca de 30% do comercio na Colômbia é contrabando. "Este é um problema que temos que acabar neste país", destaca o executivo.
Carlos Eduardo Lana, coordenador de exportações da Zanotti, uma das maiores produtoras de elástico do mundo e que tem planta no Ceará FOTO: DIVULGAÇÃO
Embora os problemas enfrentados pelas indústrias do Brasil e da Colômbia sejam de natureza diferente, o que é comum a todos, inclusive a outros países, é a necessidade de unir forcas para fortalecer suas indústrias têxteis e de confecção e mantê-las competitivas em um mercado que, além dos obstáculos já mencionados, muda em uma velocidade cada vez maior. E foi justamente esta a convocação feita pela Colombiatex das Américas 2014, realizada na cidade de Medellín, na Colômbia, entre os dias 21 e 23 de janeiro. "Transcender limites é o convite que estamos fazendo aos empresários. Devemos nos unir, pensar em conjunto, para chegarmos de uma forma surpreendente aos consumidores", afirma Carlos Eduardo Botero.
No caminho para fortalecer a indústria têxtil e de confecção, criatividade, inovação e tecnologia são ferramentas fundamentais e que estiveram presentes ao evento, que contou com 500 expositores, oriundos de 19 países, entre eles, o Brasil, que participou com 16 empresas, além da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Intercâmbio
Durante os três dias de Colombiatex, o Brasil apresentou as novidades para as próximas estações e conheceu melhor o que os outros países têm para oferecer, em um ambiente de geração de negócios, network e intercâmbio de conhecimento, uma vez que, além da exposição, o evento contou ainda com o "Pavilhão do Conhecimento", onde representantes do setor de diferentes partes do mundo expuseram pesquisas, tendências e oportunidades de negócios.
"Há uma participação muito importante do Brasil na Colombiatex, na qual o País já possui expositores nos segmentos de tecidos, moda e máquinas", destaca Carlos Eduardo Botero, acrescentando que os tecidos índigo e denim são os produtos brasileiros de maior destaque para a indústria da Colômbia, que possui uma forte atuação no setor de confecção.
Brasil x Colômbia
Neste ano, a expectativa da Abit é que o Brasil gere US$ 4,4 milhões em negócios na Colombiatex, valor que ainda deve ser confirmado após o balanço do evento. Nos últimos anos, o Brasil tem mantido uma balança comercial favorável nas relações comerciais com a Colômbia no setor. De acordo com dados da Abit, em 2012, o Brasil exportou US$ 59,2 milhões para a Colômbia, de onde importou US$ 32,7 milhões, ficando com saldo da balança comercial favorável em US$ 26,4 milhões.
No entanto, o presidente do Inexmoda destaca que as relações comerciais entre os dois países vêm se estreitando e que "as vendas da Colômbia para o Brasil estão crescendo". A afirmação é reforçada pela diretora de plataformas comerciais do Inexmoda, Clara Henriquez. "A ligação do Brasil com a Colômbia é muito forte. A indústria brasileira está se valorizando muito na Colômbia", enfatiza Clara.
Compradores cearenses
Conforme a diretora, na edição do ano passado, 36 brasileiros participaram da Colobiatex como compradores, representando 2,11% do total de pessoas de diferentes partes do mundo que vão ao evento para adquirir as novidades do mercado. Deste total, cinco eram cearenses. "Neste ano, acredito que o número será semelhante", afirma.
Expositores
Além da Vicunha Têxtil, outra indústria com planta no Ceará que está participando do evento é a Zanotti, uma das maiores produtoras de elásticos do mundo. De acordo com o coordenador de Exportações da empresa, Carlos Eduardo Lana, este é o 7° ano seguido que ela expõe na Colombiatex, cujo retorno tem sido mundo positivo e a partir do qual surgiu, há seis anos, a parceria com a empresa colombiana Fahilos, distribuidora exclusiva dos seus produtos no país.
"Os elásticos brasileiros são reconhecidamente de boa qualidade. Isso é um diferencial importante. Os produtos são bem aceitos no mercado local", comenta Pielar Sierra, funcionária da Fahilos. A Colômbia, contudo, é apenas um dos 22 países para os quais a Zanotti, que teve um faturamento de R$ 300 milhões em 2013, exporta.
Sobre a atuação da empresa no Ceará, onde há uma planta desde 2010, Carlos Eduardo conta que, atualmente, a produção da unidade localizada em Pacatuba, a cerca de 30 quilômetros de Fortaleza, é destinada apenas para o mercado interno, sobretudo para a região Nordeste. Hoje, a unidade conta com 350 funcionários, enquanto a fábrica principal da Zanotti, localizada em Santa Catarina, possui 1.900 trabalhadores. Em relação aos planos de expansão da planta no Estado, ele informa que a fábrica foi construída em um terreno e estrutura propícia para a expansão, o que deve ocorrer conforme avance a demanda.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1365611
DHÁFINE MAZZA*
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Faltou comentar que esta união para fortalecer a indústria têxtil também está atuando para sensibilizar o governo na proteção de sua indústria. Por consequência disto, no ano passado, o governo colombiano adotou uma salva guarda sobre as confecções importadas de USD 5,00 por kilo de mercadoria. Isto bastou para impulsionar a indústria têxtil colombiana que demonstrou sua força na Colombiatex 2014, buscando inovações e máquinas. O resultado foi tão bom que agora o governo colombiano renovou esta salva guarda por mais um ano.
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