
A sentença foi julgada pela juíza Livia Maria de Mello, da 8ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro. Em caráter liminar, ela bloqueia 50% dos pagamentos de sete empresas compradoras dos produtos da marca e 30% das transações efetuadas por meio de cartões de crédito e débito. Além disso, o dono e fundador da empresa, Victor Hugo Alves Gonzalez, está proibido de vender a marca.
O registro da marca Victor Hugo no Uruguai e em Belize também chama atenção por ser uma ação anormal observada pela Justiça. Em trecho do processo contra a grife de bolsas, o documento afirma que é evidente o objetivo da marca de fraudar o patrimônio e anular o pagamento de débitos fiscais: "As constantes reorganizações societárias tiveram o nítido intuito de realizar um planejamento tributário ilegítimo com abuso de forma e de direito, confusão patrimonial, simulação, fraude à lei e desvio de finalidade, os quais teriam o objetivo único de frustrar o pagamento de débitos fiscais, o que de fato, tem ocorrido".
Fundada em 1980, a Victor Hugo teve seu apogeu no início dos anos 2000, quando começou a executar o esquema de fraude pelo qual é acusada. Em 2002, a marca foi passada à offshore Wilde Corporation S.A., sediada no Uruguai, e suas atividades industriais foram transferidas à Brasilcraft, fábrica de artefatos de couro que faturou R$ 613 milhões com a grife entre 2015 e 2018. A alteração mais recente foi registrada em 2017, quando a grife passou a pertencer a uma outra offshore, localizada em Belize.
Hoje, a Victor Hugo tem mais de 70 lojas lojas franqueadas, além de vender em multimarcas. Procurada pela reportagem do jornal "Valor Econômico", a Victor Hugo Brasil informou que vai recorrer da decisão e que o processo corre em segredo de Justiça. O Fashion Network tentou contato com a grife, mas ainda não obteve resposta.