Quem é fã de reality shows de moda deve conhecer o programa “Making the Cut“, apresentado pelos anfitriões Heidi Klum e Tim Gunn desde 2020. Pela primeira vez o programa, em sua terceira temporada, trouxe em seu casting um designer brasileiro: o curitibano Rafael Chaouiche, que ficou em segundo lugar, perdendo o prêmio para Yannik Zamboni.
Nascido num sítio no interior do Paraná, Rafael convenceu sua família a apoiar sua carreira na moda: “Minha mãe sempre me apoiava nas minhas artes e meu pai ficava chocado”, recorda o estilista ao FFW. Rafael, de 28 anos, se mudou para Curitiba para cursar moda e trabalhar de figurinista. Com a experiência, conseguiu uma vaga no reality show da Rede Globo “Como Manda o Figurino” em que ficou em segundo lugar. A visibilidade da TV abriu oportunidades ao designer, que então criou sua marca homônima e desde então suas criações coloridas e fluídas já vestiram figuras como Grazi Massafera, Thai de Melo e Silvia Braz.
FOTO: CORTESIA (CHAOUICHE)
O convite para participar do Making the Cut aconteceu ainda em 2019 “uma scouter internacional disse que a produção do programa achou meu perfil e tinham gostado muito do meu trabalho. Ela sugeriu que eu me inscrevesse gravando um vídeo e eu fiz.” Mas a pandemia impediu que Rafael fosse aos Estados Unidos para gravar o programa e seu nome acabou ficando em standby. “Passei de novembro de 2019 até setembro de 2021 sem nenhuma notícia, e isso me dava um vazio porque eu sentia que tinha perdido a maior oportunidade da minha vida”, comenta.
IMAGEM: DIVULGAÇÃO (AMAZON PRIME)
Quando ele já tinha perdido as esperanças de um dia participar do programa, recebeu um e-mail da produção retomando o convite, um mês antes de ter que embarcar para Los Angeles. Sem falar inglês, ele teve que fazer dois meses de aulas de conversação para se preparar para ficar de frente com a dupla de apresentadores e os jurados estrelados Nicole Richie e Jeremy Scott.
RAFAEL E TIM GUNN / FOTO: DIVULGAÇÃO (AMAZON PRIME)
O relacionamento com os jurados foi descrito como um mix de sentimentos. Tim Gunn, para Rafael, foi como um pai. “Ele vinha para minha mesa e quando ele chegava eu ficava eufórico. Ele é um ícone, estar com ele foi um privilégio”. Rafael também nos contou que o apresentador do programa tinha um certo carinho com o designer, de aconselhar e de falar pausadamente por conta do inglês de Rafael. De acordo com Chaouiche, Heidi e Nicole o adoraram logo de cara. Ele acredita que essa sintonia aconteceu por elas apreciarem a assinatura fluída do artista e por se identificarem com a silhueta fluida dele. Quanto a Jeremy Scott, Rafael diz que seus amigos comentaram que o designer (que no programa faz o papel do jurado carrasco) se sentia incomodado pelo favoritismo do entre os apresentadoros. “Num certo momento eu comecei a perceber que parecia que ele estava me criticando mais que outros participantes”, comenta.
RAFAEL DE COSTAS PARA PARTICIPANTES DO PROGRAMA / FOTO: DIVULGAÇÃO (AMAZON PRIME)
Entretanto, isso não o desmotivou em continuar no programa. Rafael viu sua participação como um incentivo e exemplo para outros brasileiros que queiram tentar uma chance de participar de programas internacionais com tamanha visibilidade. “Ser o primeiro brasileiro a participar de uma competição de moda americana é uma força para todo mundo que deseja tentar algo, mas se sente diminuído por ser brasileiro”. Ele descreve que tem recebido muito carinho não só dos brasileiros, que abarrotam os posts em que ele aparece no Instagram do programa. Outras pessoas de países como México, Estados Unidos e Londres demonstram apoio a ele via as redes sociais, em situações tensas que protagonizou no reality. Com dificuldade de utilizar a máquina de costura, em um dos episódios ele machucou o dedo e acabou indo para o hospital e isso lhe custou a eliminação e perder a chance de chegar a final.
FOTO: DIVULGAÇÃO
Entretanto, para quem já acompanha o reality desde as primeiras temporadas, tinha a expectativa de termos um campeão brasileiro, e quase chegamos lá, afinal ele foi o segundo colocado da competição. O pai, que no início da trajetória de Rafael teve suas dúvidas quanto a investir no sonho do filho, hoje acompanha o programa e adora. Entretanto, sua mãe infelizmente não pode assistir o filho estilista. Internada por conta de um câncer na garganta, ela faleceu um mês antes do programa ir ao ar. “Ela queria muito viver e se questionava se ela iria conseguir aguentar pra me ver até a estreia. Isso me chocou muito”, recorda. Quando ele chegou ao programa para as primeiras gravações, a situação dela ficou mais complicada e ela foi para a UTI. “Mas sei que ela morreu no auge do seu orgulho, por ter conseguido ver que eu concluí e realizei meu sonho, o qual ela sempre foi um apoio fundamental”, descreve. Perguntando sobre os planos pós programa, tudo o que Rafael quer é tirar um tempo para descansar antes de voltar com tudo para o trabalho e colher os louros da visibilidade internacional.
COLLAB ENTRE CHAOUICHE E CHAMPIONS / FOTO: DIVULGAÇÃO (AMAZON PRIME)
POR GABRIEL FUSARI
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