Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Investimento em tecnologia usada na produção de artigos não explorados pelo mercado asiático ajuda a driblar a concorrência

portal liberal.com.br

Produção de etiquetas em fábrica de Santa Bárbara d´Oeste

Encontrar as palavras crise e setor têxtil em um mesmo texto é algo rotineiro. Sofrendo com o despejo de produtos asiáticos de baixo custo no país e com a alta carga tributária brasileira, o segmento luta diariamente para conseguir afastar os números negativos nos balanços financeiros das indústrias. Nessa briga, há, no entanto, uma minoria formada por prestadoras de serviços que consegue pelo menos derrubar os efeitos imediatos da concorrência desleal e da falta de incentivos do governo.

"A versatilidade é fundamental para a indústria têxtil", opina o empresário Beni Galter. Proprietário da LS Etiquetas, em Santa Bárbara d'Oeste, ele revela que a tranquilidade atual de sua participação no setor só foi possível depois de muitas mudanças, adaptações e investimentos. No começo, era uma tecelagem convencional, que produzia jeans. Depois passou para os bordados. Com o conhecimento e a tecnologia adquiridos de maneira gradual no próprio trabalho e em viagens ao exterior, durante os anos 90, o empresário resolveu investir num mercado que, na época, era restrito e exigente.

Acompanhado por um amigo engenheiro, foi para a Inglaterra conhecer a produção de teares e, de lá, trouxe as primeiras máquinas para a confecção de etiquetas, há 12 anos. Para os mesmos clientes que compravam seus bordados, a empresa de Galter passou a vender a nova produção. "A etiqueta é uma exigência legal. Com o tempo, o bordado passou a ser um segundo produto", lembra. Hoje, com cerca de 60 funcionários, a LS Etiquetas sobrevive com certa tranquilidade, segundo o proprietário.

Tinturaria. Em Americana, Alexandre Duarte, um dos sócios da Primor Estamparia e Tinturaria, diz que, apesar de não ser imune aos altos e baixos do mercado e não viver seus melhores anos, a empresa tem se diferenciado de outras que atuam com o setor têxtil. "Nesse momento de crise, não paramos de investir", revela. Segundo ele, parte dos investimentos recentes, mais de R$ 250 mil, foi com tecnologia de informação.Mesmo com a maré ruim, Duarte revela que, até o mês passado, o faturamento da empresa cresceu 16% em relação ao mesmo período de 2012. "Acho que, apesar da crise, estamos nos virando bem".

Alternativa é fugir da concorrência asiática

Para Dilézio Ciamarro, empresário do setor e presidente do Sinditec, sindicato que representa as indústrias têxteis da região, a alternativa para algumas indústrias sofrerem menos com a crise é não confrontar sua produção com produtos importados da China e outros países asiáticos.

"Algumas empresas têxteis da região acabaram encontrando caminhos deste tipo, como, por exemplo, com a produção do denim [matéria-prima do jeans]", explica. No entanto, ele ressalta que a mudança nos rumos da produção da indústria vai muito além da vontade dos empresários. "O investimento é muito alto. Qualquer alteração não é fácil de ser feita", diz Ciamarro.

Segundo o relatório da indústria têxtil de 2013, organizado pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial, com apoio da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o déficit da balança comercial teve uma pequena queda entre 2011 e 2012. No primeiro ano, a diferença entre importação e exportação ficou em US$ 3,5 bilhões. No ano passado, o número caiu para US$ 3,2 bilhões. A evolução dos números, entretanto, não esconde a crise nem indica uma recuperação significativa. Em 2010, por exemplo, a balança comercial dos têxteis fechou com déficit de US$ 2,7 bilhões.

A importação "predatória" e a alta carga tributária são apontadas como as maiores vilãs do setor. Segundo dados do Sinditec, uma camisa produzida no Brasil, com matéria-prima 100% nacional, vendida a R$ 100, carrega R$ 59,80 em impostos. Se trabalhasse com as mesmas condições das indústrias brasileiras, a China teria o mesmo produto a R$ 40,20. Com o incentivo do governo chinês - inexistente por parte do governo brasileiro -, o produto é vendido por aqui a R$ 34,17.

"A carga tributária tem sido o grande algoz que está tirando nossa competitividade, juntamente com os produtos importados asiáticos que, ao contrário, recebem todos os incentivos inimagináveis para atravessar o oceano e chegar aqui de forma desleal", critica o presidente da Abit, em texto publicado no relatório. J.C.

Fechamento de fábrica repercute

A decisão do grupo Vicunha de fechar as portas de sua fábrica de fibra de viscose em Americana causou a demissão de 300 funcionários em agosto. Única produtora da matéria-prima nas Américas, a empresa citou como causas do fechamento a crise mundial de 2008, que tornou o país um alvo de importadores, a entrada maciça de fios de viscose no mercado nacional e o chamado "custo Brasil", que inibiu parcerias internacionais. O grupo não descartou a possibilidade de retomar as atividades até dezembro, caso o governo federal adote medidas para incentivar a indústria.

Ainda na cidade, a Ulian Arte Têxtil é outra, entre muitas, que sofre com a crise, segundo seu diretor, Itael Ulian. "Em 2011, forçados pela situação do setor, reduzimos nosso quadro de colaboradores em 50%. Antes disso nunca tínhamos demitido por conta de crise. Em 2012, recontratamos parte desses profissionais. Porém, agora estamos com um quadro 30% menor que os anos anteriores a 2011", lamenta.

Segundo Itael, um projeto que desde a fundação da empresa, em 1997, reservava 10% de vagas a jovens foi abandonado. "É um prejuízo para todo o setor têxtil, que está deixando de formar os profissionais. Enquanto as empresas forem vistas pelo poder público como simples geradoras de renda, as coisas, infelizmente, tendem a piorar", critica o empresário. J.C.

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Semana passada postaram no Textile uma matéria falando da reabertura de tecelagens nos EUA por conta da necessidade de empregar a mão de obra americana, utilizar o algodão produzido lá, fugir dos aumentos de salários que começam a acontecer na Ásia, os altos custos de transporte através da montagem de tecelagens com equipamentos de alta produtividade.

Nos EUA a iniciativa é privada mas no Brasil só modificaremos o quadro atual de fechamento de indústrias têxteis se o governo federal incentivar os industriais com redução de carga tributária, incentivos a importação de equipamentos e benefícios fiscais e trabalhistas.

Na minha humilde opinião no atual quadro não vejo outra saida!!! 

A maior diversificação foi a implantada pelo Grupo Votorantim: mudou de ramo muito antes dos chineses. Era outra crise da industria textil. Não é possível a sobrevivencia de qualquer empresa em um pais que sofre tanta ingerencia do governo( sobe ou abaixa o dolar; abre ou fecha importação,etc,etc). Cabe ao governo dar condições de trabalho, mas o que vemos é sempre o contrário.

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