Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Hering e Sulfabril foram fundadas em Blumenau. Uma está lançando sua quinta marca e vale R$ 3,7 bilhões. A outra não consegue encontrar comprador para sua massa falida

Retrato do passado: fábrica da Sulfrabril em Blumenau ainda emprega 700 funcionários. Já teve 5 mil
Retrato do passado: fábrica da Sulfrabril em Blumenau ainda emprega 700 funcionários. Já teve 5 mil ( foto: Divulgação)

Em 1850, o filósofo alemão Hermann Bruno Otto Blumenau recebeu do governo imperial duas léguas de terras em Santa Catarina para fundar uma colônia agrícola. Mal sabia ele que a cidade que leva o seu sobrenome seria sinônimo de tecelagem, tornando-se berço de empresas como Hering e Sulfabril. Ao longo das últimas seis décadas, as duas companhias trilharam caminhos diametralmente opostos. Depois de décadas de prejuízos e ajustes, a Hering acaba de lançar sua quinta marca e vale R$ 3,7 bilhões na bolsa. Já a Sulfabril, falida há 15 anos, não consegue encontrar um investidor disposto a pagar R$ 160 milhões por sua massa falida, que inclui duas fábricas ainda em atividade, que empregam 700 pessoas.

Como explicar destinos tão distintos? Parte da resposta está nas estratégias traçadas por ambas desde o início da década de 1990, quando o então presidente Fernando Collor abriu as fronteiras para a importação, permitindo uma inundação de produtos têxteis chineses. Mais barata que a nacional, a produção “made in China” conquistou os brasileiros. Diante da ameaça, a Hering, hoje comandada por Fabio Hering, percebeu que tinha de mudar. Além de tecelagem, que produzia as camisetas, a marca dos dois arenques partiu para o varejo. Arrumou a casa, abriu seu capital, mesclou lojas próprias com franqueadas, descobriu as vantagens de importar... da China! e ainda contou com um sócio capitalista, o fundo de private equity Tarpon.

Já a Sufabril permaneceu apenas na fabricação, com uma linha semelhante à da conterrânea. O resultado veio em 17 de setembro de 1999, com o pedido de falência. “A importação de têxteis criou problemas e a companhia não tomou as medidas necessárias a tempo”, diz o economista Celso Zipf, síndico da massa falida desde 2000. Ao falir, a empresa demitiu 2.300 funcionários, para readmitir 1.700 em seguida. “Disseram para os trabalhadores que eles poderiam retirar o dinheiro do FGTS, mas o benefício não era depositado há dois anos”, diz Zipf. Resultado: a sociedade anônima de capital fechado viu-se então com um passivo trabalhista ainda maior, valor que atualizado chega a R$ 39 milhões.

O fato de Gerhard Horst Fritzsche, ex-presidente e maior acionista, ter desviado recursos para uso próprio e para terceiros, segundo condenação do juiz Carlos Roberto da Silva, também não ajudou a Sulfabril. Fritzsche foi condenado a seis anos e três meses de prisão, mas, muitos recursos depois, a pena prescreveu. Procurado, Fritzsche não foi encontrado. Mesmo falida e com dificuldade de obtenção de crédito, a Sulfabril continuou operando, sob o comando do síndico. Com um faturamento anual que oscila entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões, a empresa está à procura de um comprador para as suas quatro fábricas (duas delas desativadas) e para a marca, avaliada em R$ 40 milhões.

Os R$ 160 milhões pedidos pela Justiça cobrem as dívidas nominais de R$ 120 milhões. No entanto, nenhum comprador apareceu no leilão da terça-feira 27. “Estamos revisando as regras do edital e um novo leilão foi marcado para o dia 16 de setembro”, diz a juíza Quitéria Vieira Peres, titular da 1ª Vara Cível. O que pode acontecer se, novamente, não houver comprador? “É uma incógnita”, diz Quitéria. “Bom, teremos uma terceira tentativa.” No mesmo dia do leilão, em São Paulo, a Hering lançou a Hering for you, marca voltada para o público feminino de moda praia, fitness, pijamas, roupas íntimas e loungewear.

“Viajamos para o Exterior e descobrimos que nenhuma marca reunia essas cinco linhas”, afirma o diretor Luís Bueno. “Vimos que era uma oportunidade.” Segundo o executivo, esse mercado movimenta mais de R$ 14 bilhões, número equivalente ao do segmento infantil. A primeira loja física será inaugurada no terceiro trimestre e, à medida que novas unidades forem abertas, menos lojas Hering Store venderão esses produtos da nova marca. “Vamos focar primeiramente na cidade de São Paulo”, diz. A contratação de Bueno, recrutado na Natura, em julho passado, faz parte da estratégia de reestruturação iniciada em 2012.

A área de marketing foi extinta e as marcas foram agrupadas em duas unidades de negócios, a Hering Store e a Hering for you, que ficam sob o comando do executivo. As marcas infantis Hering Kids e PUC e a linha de moda jovem Dzarm estão sob o guarda-chuva de outro diretor, Edson Amaro, há 19 anos na Hering. Os analistas estão moderadamente otimistas. “Mesmo em um cenário econômico desafiador, a Hering lançou uma nova marca porque está preocupada com o crescimento no longo prazo”, diz Celson Plácido, sócio da XP Investimentos.

No primeiro trimestre, o lucro líquido caiu 6,9% para R$ 64,9 milhões, enquanto as vendas cresceram 3,9% para R$ 394,4 milhões. Apesar dos números mais fracos, Marcel Moraes, analista do Deutsche Bank, manteve a recomendação de compra da ação, que caiu 23,4% em 2014. Já Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores, diz não esperar grandes números para este ano. E isso mostra a divergência no destino das tecelagens. Enquanto a Hering quer ir muito além da sua conhecida camiseta branca, tudo que a Sulfabril deseja é ir ao encontro de seus credores, hasteando uma bandeira dessa cor.

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20140530/duas-tec...

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Respostas a este tópico

Caros, Vejo esta discursão como proveitosa, porém temos que salientar algumas coisas:

1- Em um país como o nosso com carga tributária excessiva é muito difícil trabalhar de forma correta

2- Se a empresa não for administrada muito corretamente e corrigindo o curso a todo momento não chega a lugar nenhum

3- Toda empresa tem que saber o que faz e sempre se atualizar.

4- "EVITAR AO MÀXIMO" pegar dinheiro de bancos particulares, usar FINAME, MODERMAC e outras fontes de fomento do governo seja estadual ou federal.

5- Ter agilidade e foco no seu negócio

6- Aprender com seus erros e não dar  desculpas por suas mazelas.

&- Se souber fazer os governos podem até ajudar,

preciosa esta colocação, porque infelizmente no brasil quando o negocio começa a dar certo, ao inves de reinvestir na empresa tudo que ele ganhou, o empresario sai de perto dos empregados, é o primeiro erro, depois começa a pousar de rico, carro importado, apartamento no extrior, ferias tambem e por ai começa a desgraça, depois coloca a culpa no governo, que nao é coisa boa, mas nao e somente o vilao, mas depois que coloca a culpa no governo abre falencia e fica tudo certo, porque aqui ninguem vai pra cadeia por falir uma empresa, so se for uma micro empresa, que aqui no brasil é ignorada, mas e que gera emprego pois nao tem automação e uma maquina e uma mao, quanto a dinheiro em banco so quem acredita em pequenos sao os bancos privados, o dinheiro e caro mas exista para nos que nao temos um patrimonio para dar de garantia e somente pais e irmaos avalizam, entao pegamos em banco privados porque eles acreditam na gente, pois somos bons pagadores e quando voce tem um bom produto da para embutir nos custos.

pessoal...veja bem:

a) carga tributária

b) rteclamaçoes trabalhistas em que o juiz normalmente aceita , mesmo com testemunhas falsas..acaba dando ganho para o trabalhador ""pilantra""

c) um empresario que fatura hipoteticamente R$ 1.000.000,00/mes acredito que tenha direito de um pró-labore

de R$ 20.000,00/mes...nada absurdo...

e) está gerando emprego e atingindo metas socio-economicas, gerando bem estar para a comunidade e pais, recolhendo tributos absurdos..eu realmente NAO o conheço empresários que apenas tiram lucros, e sim empresarios que estão sempre investinto e crescendo

f) será que a economia parada é culpa dos empresarios??vamos ter um pouco de consciencia, e ver que todos começaram a trabalhar com muito sacrifício, e acreditando sempre...será que somos realmente os vilões desta história???todos queremos trabalhar e progredir!! geramos empregos e tributos absurdos!! e ainda somos responsaveis por toda esta caca??? acredito que é necess´rio muita reflexão!!!

adalberto 19 99764 7960

ESTAMOS TODOS COMEÇANDO A ENTRAR EM UM RECIOCÍNIO LÓGICO. A EFICÁCIA DO CORRETO DISCENIMENTO, ESTÁ EM ABRIR A DISCUSSÃO, EXPOR PONTOS DE VISTA.

BOM SERIA, QUE TODOS TIVESSEM ESTA MESMA OPORTUNIDADE QUE TEMOS AQUI NO BLOG.

CARO LUIZ GUSTAVO MOREIRA,

ACHO QUE A MAIORIA DOS POLITICOS E CIDADÃOS, ESQUECEM DESTE DETALHES.

TUA EXPOSIÇÃO ESTÁ CORRETISSIMA, ..........

Muito curioso isto, um pai que com todo sacrifício funda uma empresa, ergue ela, ela se torna uma das maiores do país e chega a conquistar até o mercado internacional, esse pai tem filhos, filhos estes que estão estudando em colégios estrangeiros afim de continuar tocando o negocio do pai, e a empresa vai de vento em polpa, produzindo muito e com qualidade, chegou a ser destaque nacional pelo sistema de qualidade ao qual ela trabalhava. Pois bem, um belo dia, um dos principais sócios deste pai resolve desligar da empresa para tocar um outro negocio, até aí tudo bem até este pai empresário resolve colocar um de seus filhos no lugar deste sócio e é daí que começa a merda, o cara quer administrar a empresa do jeito dele e aí começa fazer a tal de reestruturação, mexe aqui, mexe ali, manda a massa antiga da empresa toda embora com o ar de estar fazendo a coisa certa, mais não, os clientes começam a reclamar da qualidade e da demorar no atendimento, cancelam pedidos e isso começa a fazer diferença na empresa e o cara percebe que aqueles funcionários que ele dispensou era quem fazia a grande diferença na empresa, tenta chama-los de volta e eles percebem o estado em que se encontra a empresa e recusam a volta, começam a faltar investimentos e aí o que acontece? Acontece um veneno fatal para qualquer empresa chamado "BANCO" isto é igual uma arapuca, caiu ali não tem volta. Fica a pergunta, onde está a culpa do governo nisso? Eram duas fábricas de tecidos muito bem equipadas com quase dois mil funcionários as duas e o mais importante para qualquer empresa, os funcionários adoravam trabalhar nelas, isso é muito importante porque o cliente interno estando satisfeito, o externo tá garantido, o patrão era muito bom mantinha nossos pagamentos sempre em dia e estava sempre fazendo avaliações dentro da empresa para comprovar a nossa satisfação no nosso trabalho, num estalar de dedo tudo se reduziu a cinco funcionários ou talvez nem isto, se não souber administrar não adianta, quebra mesmo, ninguém é dono da verdade não e também não adianta colocar a culpa nos outros, a burrice na maioria das vezes é do administrador mesmo.

Uma coisa importante aprendi na minha vida profissional : conhecimento do seu negócio é muito importante, mas as pessoas com quem você trabalha, são muito mais importantes, pois são elas que te dão adireção

Pode pedir uma "auto"-falência, pode aparecer em colunas sociais,pode até desfilar nas ruas com carro importado,até pode tocar e cantar em seu bar, mas não pode deixar 2.5oo ex colaboradores empregados à ver navios e esperar que passem 15 anos esperando na justiça seus direitos! Ora o Ministério Público tenta há´mais de 12 anos buscar aqueles bens imóveis que o ex-dono da SULFABRIL desviou para 3os. e só no ano passado o processo 008090070000 1a. vara cível-Blumenau recebeu sentença MAS DE LÀ PARA CÀ ACHA_SE P A R A D O  s/ movimento ....e justamente busca o valor dos imóveis desviados da SULFABRIL e mais, desconsiderou a personalidade jurídica do sr gerhard horst Fritzsche e de sua mulher sócia  e de 3os. (para quem foram desviados imóveis-tudo descrito na sentença-)  Mas, convém frisar que embora tenha sido pedido para que o M.Público  promova na justiça o bloqueio de bens dos sócios da SULFABRIL,sequer respondeu embora esteja na lei que os bens dos sócios respondem pela dívida.Ainda ,mesmo que sejam buscados o valor de tais imóveis e passado para o patrimônio da massa-falida ainda,que somado aos valores à serem arrecadodos nos leilões(Ago e Set-próximos-) não dão condições para que sejam pagos os direitos dos trabalhadores(que há 15 anos esperam na justiça) devidamente calculados com a correção monetáris e juros-legais à serem calculados desde a concessão desta vergonhosa falência que cabe a justiça dar fim demonstrando de forma exemplar que existe.
 
francisca gomes vieira disse:

preciosa esta colocação, porque infelizmente no brasil quando o negocio começa a dar certo, ao inves de reinvestir na empresa tudo que ele ganhou, o empresario sai de perto dos empregados, é o primeiro erro, depois começa a pousar de rico, carro importado, apartamento no extrior, ferias tambem e por ai começa a desgraça, depois coloca a culpa no governo, que nao é coisa boa, mas nao e somente o vilao, mas depois que coloca a culpa no governo abre falencia e fica tudo certo, porque aqui ninguem vai pra cadeia por falir uma empresa, so se for uma micro empresa, que aqui no brasil é ignorada, mas e que gera emprego pois nao tem automação e uma maquina e uma mao, quanto a dinheiro em banco so quem acredita em pequenos sao os bancos privados, o dinheiro e caro mas exista para nos que nao temos um patrimonio para dar de garantia e somente pais e irmaos avalizam, entao pegamos em banco privados porque eles acreditam na gente, pois somos bons pagadores e quando voce tem um bom produto da para embutir nos custos.

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