Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Ex-funcionários de indústrias que operaram no local contam a mudança de vida que tiveram

29 de junho de 2006. Foi a segunda mais dolorosa data da vida de José Agnaldo Simão Braga. Dia em que, pela última vez, ele escutou o barulho das máquinas de fiação da Fábrica Jangadeiro. O silêncio daquele momento ecoa até hoje na sua cabeça, e corroborou para que Agnaldo tomasse uma dura decisão: omitir do pai, um dos primeiros trabalhadores da fábrica, que ela tinha mandado os 400 funcionários restantes embora para encerrar suas atividades naquele desditoso dia. "Ele morreu sem saber, no dia 31 de julho de 2006. Um mês depois. Não tive coragem de contar", balbucia, revelando, sem querer, a primeira data mais infeliz que já teve de passar.

Das centenas de empregados da Fiação Jangadeiro sobraram três. Agnaldo é um dos que, hoje, zelam como se fosse a própria casa Foto: Waleska Santiago

Também pudera, o pai dele era tido como da família dos proprietários da empresa. A prova é tanta que morava, com esposa e Agnaldo, em uma casa construída para este fim dentro dos 59 mil metros quadrados da fábrica. "Como sou filho único, quando casei, continuei morando com meus pais. Até hoje esse é meu lar", gesticula, como se quisesse abraçar todo aquele monte de concreto que sustenta o prédio da antiga fábrica até hoje.

Bem cuidada, jardim cortado, pátio varrido, com portas e janelas em perfeito estado de funcionamento, a Fiação Jangadeiro ou Tebasa (nome dado após mescla de empresas) foi uma das principais empresas do setor têxtil do Nordeste, e ainda pertence aos mesmos donos, a família Baquit, que também controlava outra gigante do segmento, a Finobrasa.

"Aqui eram 1,5 mil funcionários. Na Sargento Hermínio, onde ficava a Finobrasa, era maior, tinha quase três mil". Ele conta que uma área grande da Fiação Jangadeiro está alugada para a Super Rede por R$ 50 mil. E a parte da frente, que tem galpão e escritório está para alugar.

Benefícios

Como o pai, Agnaldo também trabalhou na Jangadeiro. "Cada funcionário recebia duas feiras. Lá em casa eram quatro. A gente nem precisava fazer mercantil. Pelo contrário, ajudava uma tia minha lá na Aerolândia mandando parte dos alimentos", avalia, elogiando como um diferencial - até para época mesmo - de uma companhia que se preocupava com o bem-estar de seus colaboradores. Além disso, como era morador, podia criar animais na área livre da empresa. "A gente tinha 50 cabeças de galinhas aqui dentro. Como os donos também são do interior. Tinha vezes que eles pediam para matar uma. Minha mãe escolhia as melhores. Eram galinhas de capoeira. Não são essas de granja não", emenda.

Gratidão

Agnaldo diz que os patrões sempre foram muito bons para a família dele. "Quando meu pai adoeceu de diabetes, e amputou a primeira perna, eles pagaram uma perna mecânica. Depois, quando perdeu a segunda, eles continuaram pagando os salários dele e toda a medicação"

Sobrou ao filho o legado do pai. É o porteiro do lugar. Das centenas de empregados, sobraram três, Agnaldo é um dos, que, hoje, zelam como se fosse a própria casa. A fábrica é realmente o próprio lar deles. (ISJ)

Auxílio

"Cada funcionário recebia duas feiras. Lá em casa eram quatro. Tanto que a gente nem precisava fazer mercantil"

José Agnaldo Simão Braga
Funcionário da Jangadeiro

Fonte:|http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1149809

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