Do filamento ao tamanho do caractere, em julho do ano passado as regras de etiquetagem mudaram. E pode até não parecer, mas a mudança reflete uma tendência: a cada passo que o consumidor avança rumo à conscientização ambiental, as exigências quanto à procedência, composição e origem do produto como um todo, se elevam em patamar mundial. Se queremos pensar grande, como exportadores em potencial, temos que nos adequar à todas estas normas técnicas, que gradativamente nos alinham às exigências globais.
No entanto é preciso que se diga que as dúvidas quanto à estas normas ainda são muitas. Trata-se de uma “dor” real da indústria têxtil brasileira, que foi muito bem identificada pelas fundadoras do sistema Etiqueta Certa, Karine Liotino e Mariana Amaral.
Em modelo escalável, a companhia se propõe a automatizar o sistema de criação de etiquetas impedindo erros que possam infringir a regulamentação. A Etiqueta Certa já conta com uma extensa lista de clientes desde marcas próprias como Cavalera, Líquido e Brooksfield até fornecedoras de marcas varejistas como Dudalina, Renner, Reserva e Pernambucanas.
“A etiqueta é o manual de uso da peça. As confecções às vezes a vêem como custo, mas na verdade é um instrumento de proteção dela e do consumidor”, explica Karine Liotino. Em contrapartida, “fazer a etiqueta errada pode sim, se tornar um problema e um custo altíssimo para as empresas”.
Para entender melhor como funciona o sistema Etiqueta Certa e debater sobre as vantagens e a capacidade de causar boa impressão para as marcas que uma etiqueta correta pode transmitir, o Guia JeansWear conversou a CEO e fundadora da empresa, Karine Liotino. Confira abaixo!
Guia JeansWear: Como surgiu a ideia para a fundação da companhia Etiqueta Certa?
Karine Liotino: Nós tivemos a ideia de fazer o Etiqueta Certa depois de uma viagem no vale do Silício. Lá eles pensam em soluções que podem impactar um grande volume de pessoas ou empresas e que resolvam um problema latente, de forma barata e escalável. Quando voltamos ao Brasil pensamos, quais são os problemas da indústria têxtil e de confecção? Fizemos os levantamentos e chegamos a conclusão que os prejuízos relacionados à erros na etiquetagem dos produtos chegam a muitos milhões.
Só de multas, são mais de 100 milhões de reais por ano, sem contar os fretes pagos por produtos devolvidos, os reprocessos de reetiquetagem, etc. Desenvolvemos o Etiqueta Certa então para solucionar essa questão.
GJ: Como é o processo de trabalho de vocês?
KL: O Etiqueta Certa é um sistema inovador, totalmente online e exclusivo para a criação do layout de etiquetas de composição para produtos têxteis e de vestuário de forma simples e rápida. O diferencial é que o sistema tem uma inteligência que bloqueia qualquer erro que a empresa possa cometer em relação à regulamentação de etiquetagem ao desenvolver as etiquetas dos produtos, evitando retrabalhos e prejuízos para a empresa.
GJ: O custo para adesão ao sistema Etiqueta Certa é alto?
KL: O investimento na licença do sistema é extremamente menor do que qualquer um dos custos e prejuízos que a empresa possa ter caso faça a etiqueta errada, sem levar em consideração o ganho de produtividade e tempo de processo, que a maioria das confecções não medem e não percebem o quanto de dinheiro perdem com isso.
GJ: É feito algum tipo de personalização para alinhar as normas ao perfil das marcas?
KL: No momento da implantação do sistema nas empresas são feitas as personalizações (como inserção de marcas, logos, frases adicionais etc), sempre dentro do que a regulamentação permite. Acontece que ao fazer essas personalizações sozinhas, as empresas acabam infringindo à regulamentação, portanto, a implantação do sistema acaba sendo também uma consultoria que orienta sobre o que a empresa pode ou não fazer ao etiquetar os produtos.
Tudo o que a regulamentação permite, o Etiqueta Certa customiza. O que não é permitido, o sistema bloqueia, para sempre proteger a empresa de prejuízos por causa de etiquetagem.
GJ: Quais são os clientes atuais de vocês?
KL: A Etiqueta Certa tem um modelo escalável, portanto temos dezenas de clientes. Desde marcas próprias como Via Veneto, 2 Rios, Cavalera, Papi, Liquido, Loghaus, Stance; até Confecções Private Label fornecedoras de marcas varejistas como Reserva, Pernambucanas, Renner, Havan, Le Lis Blanc, Dudalina, Brooksfield entre outras. Nossa clientela inclui também confecções de cama, mesa e banho, como a Buddemeyer, por exemplo.
GJ: Que tipo de retorno positivo uma etiqueta certa pode trazer?
KL: Fazer a etiqueta certa evita que as empresas tenham prejuízos com multas, que podem chegar até 1,5 milhões de reais; com fretes adicionais em caso de produtos devolvidos; re-etiquetagem dos produtos, envolvendo custos adicionais com matéria-prima e mão-de-obra, além de atraso de produtos nas lojas em decorrência do reprocesso.
GJ: Quais os erros mais comuns que as marcas de jeans cometem na comunicação das suas etiquetas?
KL: As marcas de jeans estão sujeitas a terem os mesmos problemas do que as marcas de outros produtos, pois as regras são as mesmas. Os mais frequentes envolvem a informação do forro de bolso, e isso está agravando com a mudança que ocorreu na regulamentação em julho de 2019, pois as regras que envolvem esse tipo de construção mudaram. Já vimos empresas serem multadas por causa disso e também terem grandes lotes de calças devolvidos pelos clientes, no caso de confecções Private Label.
GJ: Quais as consequências que estes erros trazem?
KL: As consequências são as mesmas relacionadas aos outros erros. Multas, que podem chegar até 1,5 milhões de reais, com fretes adicionais em caso de produtos devolvidos, reetiquetagem dos produtos que envolve custos adicionais com matéria-prima e mão-de-obra e atraso de produtos nas lojas em decorrência do reprocesso.
GJ: Os clientes de vocês tem buscado a Etiqueta Certa com esse tipo de visão?
KL: A etiqueta errada pode se tornar um problema e um custo altíssimo para as empresas, o que o sistema Etiqueta Certa evita, por isso estamos cada vez mais sendo procurados pelo mercado, principalmente pelas confecções. As empresas estão entendendo que automatizar um processo é um investimento muito menor em comparação aos ganhos que elas tem de produtividade, economia em treinamentos e mão-de-obra dedicada à atividade, além de se proteger do risco de levar uma multa ou ter um pedido devolvido.
GJ: Existem tendências para as normas de etiquetas do jeans? Se sim, compartilhe com a gente.
KL: O jeans segue as mesmas tendências do mercado da moda como um todo e a tendência é que seja cada vez mais complexo, pois o consumidor está cada vez mais consciente, mais exigente e as empresas profissionalizadas. Com a mudança na regulamentação que ocorreu em julho de 2019 a forma de dispor as informações ficou mais complexa, principalmente em relação à simbologia, com o objetivo de informar com mais detalhes o consumidor.
Este é um movimento que está acontecendo em escala global, em outros países, como os Estados Unidos por exemplo, as regras de etiquetagem são bem mais complexas do que as adotadas no âmbito do Mercosul e essa evolução será constante daqui pra frente.
GJ: No segmento denim sustentabilidade, procedência e transparência são fatores fundamentais para o sucesso. Na sua opinião as etiquetas bem feitas podem contribuir como uma espécie de marketing para estas exigências?
KL: Fazer a etiqueta certa é algo extremamente positivo para empresas e consumidores. Às vezes compramos eletrodomésticos mais baratos que uma peça de roupa e não o ligamos antes de ver o manual. A roupa é a mesma coisa.
Precisamos saber o tamanho para saber qual peça comprar e a composição, para saber se aquela fibra o agrada (algumas pessoas tem alergias a determinados tipos de fibras). A simbologia para saber como cuidar do produto, o país de origem (tem consumidores que não compram peças de países de origem asiática por questões de sustentabilidade), além das informações fiscais para poder contatar aquela empresa no caso de problemas. Ter uma etiqueta correta e bem feita é uma questão de responsabilidade social com o consumidor. Exatamente por isso, ela é regulamentada.
Fonte: Vivian David | Fotos: Reprodução
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Meus cumprimentos às Karine Liotino e Mariana Amaral pela criatividade e empreendedorismo.
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