Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Enquanto a China avança rápido, consumidores são deixados para trás

Um texto grande mas muito interessante publicado pelo The New York Times sobre a China, que é um dos mais importantes players mundiais da atualidade e do futuro, inclusive como concorrente brasileiro, que vale muito a pena ser lido.

Lá, tal como cá, também existem grandes desafios para serem encarados de forma a dar maior dinamismo à economia.

 

 

Wang Jianping e sua mulher, Shue, são um casal chinês relativamente afluente, com uma renda anual de US$ 16 mil – mais do que o dobro da média nacional para as famílias urbanas.

Eles têm um apartamento modesto de três quartos nesta cidade industrial no nordeste do país. Pagaram para que seu filho estudasse engenharia elétrica na prestigiosa Universidade Tsinghua, em Pequim. E até para os frugais parâmetros asiáticos, eles economizam bastante, e têm US$ 50 mil num banco estatal.

Mas como muitas outras famílias chinesas, os Wang se sentem pressionados. Eles não têm um carro, e raramente fazem compras ou saem para comer. Isso acontecer porque o valor de sua poupança está diminuindo, sem que eles tenham culpa.

Num sistema econômico que favorece os bancos e companhias estatais em detrimento dos trabalhadores, o governo mantém a taxa de juros das contas de poupança tão artificialmente baixas que elas não conseguem acompanhar o aumento da inflação da China. Ao mesmo tempo, outros fatores que dependem do governo – um fraco sistema de benefícios sociais, salários baixos e aumento dos preços dos imóveis – criam um impulso de proteção que leva muitas pessoas a continuarem poupando de qualquer forma, contra um futuro incerto.

De fato, os economistas dizem que a década de notável crescimento econômico do país, liderada pelas exportações e por investimentos do governo em grandes projetos como a rede ferroviária de alta velocidade da China, foi em grande extensão financiada pelas economias das famílias chinesas e não pelos gastos do 1,3 bilhão de habitantes do país.

Esse sistema, que alguns especialistas chamam de capitalismo estatal, depende da transferência de riquezas dos lares chineses para os bancos estatais, corporações apoiadas pelo governo e para os poucos afluentes que têm boas conexões suficientes para se beneficiar do arranjo. Enquanto isso, famílias de classe média com dificuldades como os Wang são incapazes de desfrutar totalmente dos resultados do milagre econômico da China.

“Esta é a base de todo o sistema”, diz Carl E. Walter, antigo executivo do J.P. Morgan que é coautor de “Capitalismo Vermelho: A Frágil Base Financeira da Extraordinária Ascensão da China”.

“Os bancos concedem empréstimos para quem o Partido Comunista indica”, diz Walter. “Então eles punem os poupadores familiares e favorecem as companhias estatais.”

Isso não é só um problema da China. Os economistas dizem que para a China continuar servindo como um dos poucos motores do crescimento econômico mundial, precisará cultivar uma classe consumidora que compra mais produtos e serviços do mundo e compartilha mais amplamente a riqueza da nação.

Mas em vez de crescer, os gastos dos consumidores chineses na verdade caíram na última década em relação à economia como um todo, de cerca de 45% do PIB para cerca de 35%. Esse número é, de longe, a porcentagem mais baixa para qualquer grande economia do mundo. (Até na sonâmbula economia norte-americana, o nível de gastos dos consumidores está em cerca de 70% do PIB.)

A menos que a China comece a dar a seu povo mais poder de compra, alguns especialistas alertam que o país poderá gradualmente escorregar na onda de crescimento lento que agora aflige os Estados Unidos, Europa e Japão. Este ano, a taxa de crescimento econômico da China já começou a esfriar.

O Partido Comunista, em seu último plano de cinco anos, prometeu incentivar o consumo pessoal. Mas ao fazer isso, arriscaria erodir um dos pilares do atual sistema financeiro do país: as poupanças que sustentam os bancos estatais.

Aqui em Jilin City, onde as indústrias químicas são o setor dominante, os bancos estatais estão cheios de dinheiro dessas contas poupança. Os bancos usam esse dinheiro para conceder empréstimos a juros baixos para beneficiários corporativos – incluindo desenvolvedores imobiliários, ajudando a alimentar uma bolha imobiliária especulativa que aumentou os preços das casas além do alcance de muitos consumidores. É uma dinâmica que está acontecendo em dezenas de cidades por toda a China.

“Este modelo de crescimento já passou do prazo de validade”, diz Michael Pettis, professor de finanças na Universidade de Pequim e associado sênior no Carnegie Endowment para a Paz Internacional. “Se a China quiser continuar a crescer, o sistema terá de mudar. Eles terão que parar de penalizar os lares chineses.”

Enquanto isso, o banco central da China em Pequim também depende da grande quantidade de poupança dos consumidores para ajudar a financiar seus grandes investimentos nos mercados de valores estrangeiros, para manter o valor de sua moeda artificialmente baixo. A moeda fraca ajuda a sustentar a poderosa economia de exportação da China, baixando o preço global dos produtos chineses. Mas isso também torna as importações muito caras para muitos chineses.

Notícias sobre os novos ricos de Pequim e Xangai correndo para comprar iPhones da Apple, bolsas Gucci e relógios Rolex podem invocar os sonhos das empresas ocidentais de a China se tornar o maior mercado consumidor do mundo. Mas a escolha dos consumidores aqui em Jilin e em muitas outras cidades do país está em grande parte confinada às ofertas limitadas das precárias lojas de departamento estatais e lojas familiares. Qualquer venda de “marcas” globais acontece principalmente sob a forma de contrabando e imitações que normalmente são vendidos nos mercados de rua.

Num final de semana recente no mercado de pulgas da rua Henan, multidões vasculhavam pilhas de roupas que incluíam camisetas de US$ 3 com imagens de Minnie Mouse e imitações de agasalhos da Nike por US$ 5. A pouca distância dali, uma loja Nike autêntica que vendia o produto verdadeiro por US$ 35 não tinha nenhum cliente. Como os consumidores têm tão pouco poder aquisitivo, muitas companhias globais nem se dão ao trabalho de abrir lojas em cidades como Jilin.

Com as economias dos Estados Unidos, Europa e Japão estremecidas, limitando a capacidade da China de continuar dependendo das exportações para crescer, o governo chinês sabe a importância de dar a seus próprios consumidores mais poder aquisitivo. O governo central já pressionou para aumentar o salário rural e até ofereceu subsídios para compras de automóveis e utilidades domésticas.

A questão é se o governo pode mudar seu entrincheirado sistema econômico o suficiente para de fato fazer a diferença.

“O governo central está comprometido em aumentar a parcela do consumo no PIB”, diz Li Daokui, professor de economia na Universidade Tsinghua e conselheiro do governo há muito tempo. “A questão é quais serão os meios.”

Poupadores: a frugalidade nascida da necessidade

Se a China quer transformar o gastos dos consumidores numa parte bem maior de sua economia, terá que encorajar grandes mudanças nos hábitos de pessoas como Wang Jianping, 52, especialista em projetos de estradas, e Wang Shue, também 52, que se aposentou como contador há sete anos por problemas de saúde.

“Somos muito tradicionais”, diz Wang Shue, que agora recebe uma pensão. “Não queremos gastar hoje o dinheiro de amanhã.”

Mas o dinheiro de amanhã pode não valer tanto quanto vale hoje – não enquanto suas poupanças são reajustadas a uma taxa de 3% de juros enquanto a inflação galopa a 6% ou mais.

Mas os Wang não veem boas alternativas para guardar os quase dois terços de sua renda no banco. Eles temem investir no mercado de ações notoriamente volátil da China. E a lei chinesa limita drasticamente sua capacidade de investir no exterior ou enviar dinheiro para fora do país.

Os Wang tampouco sentem-se ricos ou ousados o suficiente para entrar na especulação imobiliária que alguns chineses agora veem como uma das poucas maneiras de ter um retorno para seu dinheiro – por mais arriscada que seja se a bolha estourar.

Acima de tudo, como muitos na China, os Wang pouam porque temem que os preços dos alimentos subam, além dos altos custos da saúde, que a República do Povo não oferece mais totalmente. Eles também temem não conseguir comprar uma casa para seu filho, um custo com o qual os pais costumam arcar quando seus filhos homens se casam.

“Se você tem uma filha, não é tão caro”, diz Wang Shue. “Mas com um filho, você precisa guardar dinheiro.”

Os preços dos imóveis foram cruciais para aumentar as taxas das poupanças. E aqui também os analistas dizem que as políticas do governo estão tirando riqueza dos lares.

No caso da casa própria de Wang Jianping e Wang Shue, eles estão sendo obrigados a se mudar para abrir caminho para um projeto imobiliário autorizado pelas autoridades municipais – o tipo de projeto que governos locais por toda a China passaram a ver como uma fonte de dinheiro fácil.

Embora os Wang e outros moradores atuais tenham recebido alguma compensação em dinheiro pelos apartamentos que estão deixando, o governo de Jilin City vendeu a terra para uma desenvolvedora que planeja demolir a construção atual para construir um novo complexo com mais apartamentos, mais caros.

Os Wang não têm certeza se conseguirão encontrar um lar comparável ao seu apartamento com o dinheiro que estão recebendo. Mas a desenvolvedora e o governo local devem ter um lucro conjunto de mais de US$ 50 milhões.

A história de uma apolítica: evitando uma crise, mas criando um hábito

Por que a China, que espera eventualmente ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo, suprimiu deliberadamente o mercado consumidor que pode ajudá-la a atingir esse objetivo?

Alguns analistas dizem que as políticas atuais vêm de hábitos formados no final dos anos 90. Foi quando as corporações estatais gigantes e pouco competitivas da China quase paralisaram a expansão econômica do país. De repente, com as companhias estatais prestes a falir, os bancos estatais arcaram com centenas de bilhões de dólares de empréstimos não pagos; e muitos enfrentaram a falência.

Para evitar uma crise, Pequim permitiu que as companhias estatais demitissem dezenas de milhões de trabalhadores. Em 1999, uma dessas companhias, a parente da PetroChina, um grande conglomerado do petróleo, anunciou a demissão de um milhão de funcionários.

E para apoiar os bancos estatais, Pequim assumiu um controle mais rígido sobre as taxas de juros, o que incluiu baixar drasticamente as taxas efetivas pagas aos depositários. Uma conta que poderia render 3% em 2002, depois da inflação, hoje estaria efetivamente perdendo de 3% a 5%, depois de descontar a inflação.

É assim que os bancos chineses podem fornecer financiamentos extremamente baratos para companhias estatais enquanto registram lucros imensos. Isso também ajudou os bancos a fornecerem financiamento facilmente para grandes projetos de obras públicas, que além do sistema de trem rápido incluíram os Jogos Olímpicos de 2008 e a monumental represa Três Gargantas.

Foi durante o mesmo período que o governo comunista descartou a promessa antiga da “tigela de arroz de ferro”, que previa o emprego vitalício e cuidado do estado. Pequim passou uma parte maior dos altos custos dos serviços sociais – incluindo moradia, educação e saúde – para as famílias chinesas e o setor privado.

Juntas, essas medidas formaram o sistema de mercado gerido conhecido hoje como capitalismo estatal. Elas funcionaram tão bem que não só ajudaram a ressuscitar os bancos quase falidos da China e as companhias estatais, como também alimentaram a explosão econômica do país durante mais de uma década. Mas o sistema também pesou muito sobre as contas poupança.

“Gostaríamos de gastar, mas não nos sobra nada depois de pagar as contas”, diz Yang Yang, 34, administradora escolar que mora em Jilin City com seu marido, um policial, e seu filho de dez anos. “Embora nosso filho vá a uma escola pública, precisamos pagar as mensalidades dos cursos que ele faz depois da escola, que todos devem fazer. Quase todas as famílias fazem isso. Então há muita pressão sobre nós para fazermos também.”

Para economizar dinheiro, Yang, o marido e o filho se mudaram recentemente para a casa dos pais dela.

Nicholas R. Lardy, economista do Instituto Peterson para Economia Internacional em Washington, calcula que o as políticas do governo extorquiram uma taxa escondida dos lares chineses que chegou a cerca de US$ 36 bilhões só em 2008 – ou cerca e 4% do PIB chinês. E durante a última década, diz Lardy, o número provavelmente somou centenas de bilhões de dólares – dinheiro que os bancos basicamente tomaram das mãos dos consumidores.

As distorções podem na verdade custar bem mais aos lares, porque os números de Lardy não incluem outros custos escondidos, como os preços artificialmente altos das importações.

Para muitos economistas chineses, o capitalismo estatal que ajudou a dar o pontapé inicial ao crescimento agora se tornou contraprodutivo.

“A china já passou do ponto em que a lei da redução de rendimentos começa a morder”, diz Xu Xiaonian, economista que dá aulas na Escola de Asministração China Europa Internacional em Xangai.

Xu argumenta que seu país corre o risco de repetir os erros que o Japão cometeu nos anos 80 e início dos 90, quando continuou a depender por muito tempo de uma economia predominantemente de exportação, negligenciou seus mercados domésticos e permitiu que os preços do setor imobiliário subissem muito. Desde que a bolha japonesa explodiu em meados dos anos 90, sua economia nunca se recuperou de fato.

“Se não mudarmos, seguiremos os mesmos passos”, disse Xu. “Já vimos os primeiros sinais do que podemos chamar de doença do Japão. A China investe cada vez mais, mas esses investimentos geram cada vez menos crescimento.”

Previsões de mudança: uma reforma radical, mas dentro do alcance

Alguns economistas preveem que grandes mudanças estão por vir, observando que o governo chinês tem dinheiro e poder para alterar o curso de forma drástica, como fez no final dos anos 90, mas desta vez a favor da população.

“A China já enfrentou desafios maiores no passado”, diz Wei Shangjin, professor da Escola de Administração de Columbia. “Não duvido que eles querem fazer isso. A questão é, será que eles conseguem arquitetar uma restruturação tão grande da economia?”

Certamente, corporações multinacionais como o McDonald's, Nike e Procter & Gamble ainda estão apostando bilhões de dólares no fato de que a China crescerá para se tornar o maior mercado consumidor dentro de poucas décadas.

Mas elevar o consumo exigirá uma reforma radical da economia chinesa – não simplesmente retirar dos bancos estatais os subsídios das poupanças, mas obrigar as firmas estatais a pagar taxas de juros muito mais altas nos empréstimos. Isso também significaria deixar a moeda subir para perto do valor que pode atingir naturalmente se o governo não estivesse administrando-a tão ativamente em prol das exportações.

Isso significaria, em outras palavras, um desmantelamento significativo do capitalismo estatal que permitiu que a China chegasse tão longe tão rápido.

“Para fazer com que o consumo aumente”, diz Pettis, palestrante da Universidade Pequim, “você precisa parar de tirar dinheiro do consumidor.”

Xu Yan contribuiu com a pesquisa.

Tradução: Eloise De Vylder

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2011/10/17/enquanto-...

 

Boa semana a todos!!!

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Respostas a este tópico

Sim, o artigo é bem interessante.
Nele podemos, inclusive, ler "Brasil" no lugar de "China".
Aqui, a coisa é bem mais cruel.
Além de tirarem do consumidor o poder da compra através do pagamento de juros menores do que a inflação (FGTS é corrigido com que índice mesmo?!!! E a poupança? 6% de juros ao ano), ainda levam uma boa parte de nossos ganhos nos vários impostos de todas as esferas de governo... sem nos dar a justa retribuição em serviços.
Só para lembrar: nós temos sistema de saúde pública de qualidade? Não. Quer um melhorzinho? Pague um plano de saúde particular. E olhe que nem isso garante um serviço realmente melhor porque... adivinha só: é tudo regulamentado pelo governo! (Como se o governo controlasse alguma coisa com a eficiência que a população gostaria que controlasse.. parece piada);
Nós temos segurança pública de qualidade? Sim, em São Paulo está até melhor. Dizem que é a melhor polícia militar do País, referência, etc etc. Se é isso mesmo, ok. Mas o seguro é caro, não acham? E é o roubo e furto de automóveis que mais encarece o valor, não é só o aumento do valor do bem. Então, além de pagar para o governo pela segurança (está embutido no imposto caro que tiram de nós), se quisermos um "up", temos que pagar as cias seguradoras. E instalar alarmes em casa, bloqueadores, monitoramento via satélite, blindar o veículo e a casa... isso é caro!!!
Temos que pagar imposto para circulação de mercadorias e de serviços, para produção industrial, para serviços (este, municipal), para ter casa (todo ano a gente tem que pagar para morar), para ter carro (já pagamos os impostos de circulação desta mercadoria e os impostos para produzir o bem (IPI), caramba - haja fôlego!
Ainda por cima temos que contribuir com o INSS, com o PIS, COFINS... enfim... Sabemos que todos esses valores vão lá para o cofre do governo e retornam em serviços de qualidade duvidosa.
Já imaginaram se todo esse dinheiro ficasse com o consumidor?
É para se pensar!

Conforme a última frase do artigo, muito significativa, aliás,  "Para fazer com que o consumo aumente, você precisa PARAR de tirar dinheiro do consumidor".

Portanto Brasil e China estão fazendo a lição de casa pela mesma cartilha, com a grande diferença que a China conseguiu crescer mais rápidamente e investiu alguma coisa em educação e foi muito esperta na industrialização com as alianças ocidentais.

Agora, nós tupiniquins, estamos roendo uma desindustrialização que poderá nos levar a morte súbita se nada for feito e rápido.

Já temos o exemplo da Europa e EUA com a crise financeira. Não se consegue tirar mais nada de onde está vazio. Como vc consegue dinheiro se toda a produção industrial não está mais em seu país ? Voltando a aula de economia básica - setores Primário, Secundário e Terciário, garantem uma economia.

Entretanto mudaram a regra nas últimas décadas e a China se aproveitou da mudança e agora tenta abastecer o mundo. O Brasil talvez, será o celeiro do mundo, se a política deixar.

Hoje nossa única grande esperança é que a China deixe seu povo ter dinheiro, aí sim voltamos a normalidade, pois quando a China for as compras, nem ela vai conseguir se abastecer.

Vamos torcer para que este dia chegue logo.

O artigo é bem esclarecedor e a conclusão é simples. A China nega benefícios e garantias à sua população e as custas destes sacrifícios, consegue ser "competitiva" para destroçar outras economias industriais e matar no ninho as economias em vias de industrialização. Não adianta dizer que temos que ser mais competitivos se por vezes, com apenas uma "canetada", o governo reduz ainda mais nosso grau de competitividade. Veja o caso da aumento de tempo do aviso prévio. Para onde vai este custo extra? Lógico que para o produto final. Como humilde empregado registrado que sou, achei muito bom. Mas como cidadão, preocupado com o futuro de nossas indústrias e logo, de nossos empregos, tenho minhas dúvidas. Aumento de benefícios + conivência com a entrada de produtos chineses, é uma conta que não vai fechar. Fique claro que não sou favorável ao protecionismo ufanista que já atrasou o nosso país, mas sim às boas iniciativas que permitam uma concorrência em condições de igualdade. A não ser que desejemos no futuro o "excelente grau de benefícios" do qual gozam os chineses.

Caro Gilberto,

Não tenho como discordar de algumas de suas opiniões, pois elas estão corretas. Apenas creio que sou um pouquinho (pelo menos um "tiquinho") mais otimista em relação ao nosso país, que em minha opinião é muito melhor que a China para se viver.

Tenho certeza de que temos muito, muito mesmo o que melhorar e acredito mais ainda que, mesmo em velocidade menor do que deveria, estamos avançando. Não nos subestimemos, mesmo porque se olharmos para o mundo hoje, veremos que poucos países estão em padrão elevado. Muitos dos ditos de 1º mundo enfrentam e continuarão enfrentando graves problemas, que já refletem nos índices de criminalidade e nos custos de vida, porque simplesmente viveram por muitos anos o que não poderiam viver e a conta demorou mas chegou e é muito salgada. Terão que pagá-la.

Mas falemos de Brasil.

Nossa classe política merece pouca credibilidade? Concordo com você!

Mas quero fazer um contraponto.

A classe política em geral é apenas reflexo do que é sociedade.

Aí te pergunto:

- A maioria dos cidadãos brasileiros são éticos (no sentido profundo da palavra) ??? Não! Não é!

Não podemos jogar tudo nas costas dos políticos. Temos que olhar um pouco mais para nós mesmos, para o que fazemos em nosso dia-a-dia, para o exemplo que damos a todos ao nosso redor.

Poderia elencar uma infinidade de comportamentos equivocados que muitos fazem todos os dias agindo como se nada disso fosse grave, mas é! (passar no sinal vermelho, fraudar o imposto de renda, desrespeitar limites de velocidade, comprar e vender sem nota fiscal, beber e dirigir, criar um twiter só para informar em tempo real onde está havendo blitz da lei seca visando avisar os beberrões que continuam matando inocentes nas ruas - vi essa ontem, é mole! -, e etc. etc. etc.). São comportamentos que refletem o quanto falta de cidadania em nossa sociedade.

Temos uma carga tributária altíssima, sem sombra de dúvida, mas talvez da mesma "altura" da sonegação fiscal.

Não duvide: Só conseguiremos exigir redução dessa carga quando todos fizerem sua parte pagando certinho os seus impostos.

Também não podemos esquecer que políticos corruptos se relacionam com empresas e com outros cidadãos para obter sucesso em seus malfeitos.

Repito uma abordagem que já fiz em outro texto:

- Qual a diferença entre um político corrupto e um sonegador de impostos?

- A diferença é apenas o momento do roubo: Um rouba antes de recolher o imposto, o outro depois de recolhido.

- Ambos são ladrões iguais!!!

São palavras duras. São!

Mas enquanto não mudarmos nossos comportamentos, não conseguiremos exigir que nossos políticos mudem. Eles são reflexos de nossa sociedade.

Pense nisso.

Grande abraço.

 

Em minha opinião, não são


Gilberto Miyake disse:

Sim, o artigo é bem interessante.
Nele podemos, inclusive, ler "Brasil" no lugar de "China".
Aqui, a coisa é bem mais cruel.
Além de tirarem do consumidor o poder da compra através do pagamento de juros menores do que a inflação (FGTS é corrigido com que índice mesmo?!!! E a poupança? 6% de juros ao ano), ainda levam uma boa parte de nossos ganhos nos vários impostos de todas as esferas de governo... sem nos dar a justa retribuição em serviços.
Só para lembrar: nós temos sistema de saúde pública de qualidade? Não. Quer um melhorzinho? Pague um plano de saúde particular. E olhe que nem isso garante um serviço realmente melhor porque... adivinha só: é tudo regulamentado pelo governo! (Como se o governo controlasse alguma coisa com a eficiência que a população gostaria que controlasse.. parece piada);
Nós temos segurança pública de qualidade? Sim, em São Paulo está até melhor. Dizem que é a melhor polícia militar do País, referência, etc etc. Se é isso mesmo, ok. Mas o seguro é caro, não acham? E é o roubo e furto de automóveis que mais encarece o valor, não é só o aumento do valor do bem. Então, além de pagar para o governo pela segurança (está embutido no imposto caro que tiram de nós), se quisermos um "up", temos que pagar as cias seguradoras. E instalar alarmes em casa, bloqueadores, monitoramento via satélite, blindar o veículo e a casa... isso é caro!!!
Temos que pagar imposto para circulação de mercadorias e de serviços, para produção industrial, para serviços (este, municipal), para ter casa (todo ano a gente tem que pagar para morar), para ter carro (já pagamos os impostos de circulação desta mercadoria e os impostos para produzir o bem (IPI), caramba - haja fôlego!
Ainda por cima temos que contribuir com o INSS, com o PIS, COFINS... enfim... Sabemos que todos esses valores vão lá para o cofre do governo e retornam em serviços de qualidade duvidosa.
Já imaginaram se todo esse dinheiro ficasse com o consumidor?
É para se pensar!

Ricardo,

Concordo com você em gênero, número e grau. Sua visão está corretíssima!

A conta não fecha mesmo!

Abs.

Edson

 

Ricardo Rossi disse:

O artigo é bem esclarecedor e a conclusão é simples. A China nega benefícios e garantias à sua população e as custas destes sacrifícios, consegue ser "competitiva" para destroçar outras economias industriais e matar no ninho as economias em vias de industrialização. Não adianta dizer que temos que ser mais competitivos se por vezes, com apenas uma "canetada", o governo reduz ainda mais nosso grau de competitividade. Veja o caso da aumento de tempo do aviso prévio. Para onde vai este custo extra? Lógico que para o produto final. Como humilde empregado registrado que sou, achei muito bom. Mas como cidadão, preocupado com o futuro de nossas indústrias e logo, de nossos empregos, tenho minhas dúvidas. Aumento de benefícios + conivência com a entrada de produtos chineses, é uma conta que não vai fechar. Fique claro que não sou favorável ao protecionismo ufanista que já atrasou o nosso país, mas sim às boas iniciativas que permitam uma concorrência em condições de igualdade. A não ser que desejemos no futuro o "excelente grau de benefícios" do qual gozam os chineses.

Muito boa a matéria e concordo com o Luiz Bento Pereira (abaixo), Chico Anízio é com certeza um dos maiores talentos artístico e humorístico do mundo!

Mas acredito em duas possibilidades: 1) o governo da China está sobre o comando de tudo isso. Planejaram como crescer da maneira mais rápida possível, galopante, para agora resolverem seus problemas internos, com muita grana. Aí seus habitantes irão começar a consumir muito. 2) Eles não estão nem aí para nada e são tão corruptos quanto os brasileiros (duvido muito, pois a corrupção é o mais afinado e moderno gene presente em nosso DNA). O enriquecimento de poucos foi as custas da miséria de muitos e então, eles irão quebrar ainda nessa década.

Essas duas hipóteses a meu ver são boas para o mundo. Pois quantas fábricas perderam seus mercados para produtos baratos feitos na China? Que se danem os frangos brasileiros (na verdade, da família do antigo ministro da agricultura, Furlan) que exportamos para eles. Se eles quebrarem, o mercado que eles deixarão de atender no mundo todo é imenso. Se eles começarem a consumir, nós iremos exportar ainda mais frango do Furlan, algodão da família Alencar, entre outros produtos produzidos e extraídos por nossos eternos coronéis...

 

Quanto a economia Tupiniquim, planejada e impulsionada unicamente pelas reformas econômicas, bancárias e cambiais implantadas a mais ou menos uma década e meia atrás, ainda colhe preguiçosamente seus frutos sem se preocupar em plantar nada para amanhã. A única reforma feita nos últimos dez anos foi a reforma assistencialista, ou "reforma social" como alguns insistem em chamar... No entanto, que sementes foram plantadas para podermos colher alguma coisa na próxima década?

Onde estão as tão "vomitadas" de palanque em palanque, reformas política e tributária que deveriam ter criado uma nova base mais moderna, flexível e ágil para continuar impulsionando nossa economia?

 

Uma década já perdida que levará a uma próxima década ainda pior...

Que nojo...

 

 

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