Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Estatal Chinesa Cria Grife de Luxo com Produção na Itália

China Garments produz paletó no estilo Mao Tsé-tung e uniformes militares

Há muito tempo empresários chineses tentam atender a demanda no país por bens de luxo europeus assumindo o papel de distribuidores de outras empresas - ou criando marcas próprias, produzidas na China, mas comercializadas como se fossem europeias ou americanas. Uma terceira opção é comprar marcas estrangeiras, como fizeram os bilionários de Hong Kong Victor e William Fung com as casas de moda Cerruti 1881, em 2010, e Delvaux, em 2011.

E, então, há a China Garments, estatal que produz de uniformes militares, os tradicionais paletós no estilo de Mao Tsé-tung e até equipamentos contra rebeliões. A empresa revelou recentemente planos para lançar a primeira marca de luxo de roupas masculinas direcionada a chineses. Será desenhada e produzida na Itália.

O nome da marca será a combinação de duas palavras "sorgere", que em italiano pode significar "levantar-se", e "sheji" em caracteres chineses, que significa "nação". As roupas serão produzidas pela mesma empresa italiana que fabrica os paletós e calças da Christian Dior e da Lanvin.

"Queremos reverter a velha mentalidade de que nós só conseguimos fazer a produção", diz o CEO da China Garments, Zhan Yingjie. O estilista italiano Francesco Fiordelli, que trabalhou para Hugo Boss e Gucci, foi contratado como diretor de moda da Sorgere, enquanto a Raffaele Caruso, com sede em Soragna (Itália), vai elaborar a coleção de roupas feitas sob medida e a linha pronta para usar.

"Precisamos instruir os consumidores", diz Zhan. As duas principais linhas da Sorgere - a Preta e a Azul - terão etiquetas "Made in Italy". "A China não é só um centro de produção mundial e a Itália [não é apenas] um centro de desenho mundial. Esses dois papéis podem ser combinados", diz Zhan.

A Sorgere pode encontrar dificuldades para persuadir os consumidores chineses a deixar de lado sua lealdade a marcas de roupas masculinas italianas bem estabelecidas, como a Zegna, cujos ternos são altamente populares entre os chineses de maior renda.

A Sorgere deverá cobrar cerca de 20% a menos do que as principais marcas internacionais. A Zegna cobra cerca de US$ 2,4 mil por um terno transpassado de lã e seda.

"Supõe-se, pelos próprios chineses, que os produtos feitos na China são de baixa qualidade", a não ser em áreas em que a experiência do país não tem comparação, como em produtos de jade e de seda, diz Laurence Lim Dally, diretor-gerente da Cherry Blossoms Market Research, em Hong Kong. Os artigos de luxo importados "têm seu prestígio a partir da habilidade artesanal que os chineses ainda não têm", diz ele.

Ainda assim, à medida que os investidores passam a entender melhor o que atrai os consumidores dos países emergentes, "criar algo a partir de uma folha de papel em branco talvez seja algo a ser menos temido do que era antes", diz Hugh Devlin, consultor especializado na área de bens de luxo na banca de advocacia Withers Worldwide, em Londres.

Nem todos concordam: a Fung Capital, braço de investimentos da família Fung, que controla a Li & Fung, maior atacadista e distribuidora de Hong Kong, informou em 26 de janeiro que negocia a compra de participação de 80% na casa de moda francesa Sonia Rykiel. "Leva tempo para tornar-se uma marca de luxo", diz Lim, da Cherry Blossoms. "As marcas locais são bem recentes e não podem reivindicar a tradição, história e, algo mais além, o mito. Além da qualidade, esse pode ser um grande abismo a ser superado com as marcas de luxo ocidentais."

O acordo com a Sorgere começou a nascer depois de o executivo-chefe da Raffaele Caruso, Umberto Angeloni, ter participado de conferência em Pequim, em outubro, e falado sobre as vantagens de se fazer roupas de alto padrão na Itália. "Em vez de ter uma marca italiana falsificada feita na China, seria mais inteligente ter uma marca chinesa verdadeira feita na Itália", disse Angeloni em seu discurso.

Dois meses depois, Zhan, Fiordelli e Angeloni apresentaram uma amostra da primeira coleção de roupa masculina da Sorgere para autoridades do governo chinês, em Pequim. A coleção completa será exibida em desfile em Pequim em 29 de março e estará disponível neste verão chinês nas próprias lojas de varejo da marca no país e, depois, em outros lugares, como Nova York e Milão. (Tradução de Sabino Ahumada)

Fonte:|http://www.valor.com.br/empresas/2527518/estatal-chinesa-cria-grife...

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