Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Estilistas que pretendem empreender precisam entender também dos negócios

O profissional precisa saber administrar a empresa ou ter ao lado alguém que o auxilie no processo de crescimento da marca

O estilista precisa ser criativo e autêntico. Mas também precisa ter visão de negócios. Ou pelo menos, contar com alguém que reúna conhecimento administrativo e financeiro para ajudar no crescimento da marca. "Na mesma medida que o estilista é bom para criar, ele é ruim para administrar. É como se fosse um trade off. Quem tem uma parte criativa boa, dificilmente terá uma parte de visão de negócio boa. Pode ter os dois juntos, mas dificilmente vai acontecer", afirma Lourenço Bartholomei, diretor comercial da marca Cecilia Prado.

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Cecilia é irmã de Lourenço. Foi justamente para auxiliar a empresa da família que ele passou a fazer parte da marca, em 2009. Na época, Bartholomei atuava no mercado financeiro. De acordo ele, as grandes marcas que conseguiram destaque no segmento têm pelo menos uma de três características. A primeira é contar com um estilista com visão de mercado e produto. O negócio também pode contar com um departamento comercial e administrativo bom para impulsionar as vendas. Finalmente, faz sucesso o estilista com um relacionamento interpessoal bom.

"As marcas estão se profissionalizando e muitas já surgem com essa noção de administração. Temos cada vez menos o direito de errar. A concorrência é grande", diz Bartholomei.

A empresa da família foi criada em 1984, pelos pais de Lourenço, como Castor Tricô, mas passou a ter o nome da irmã, Cecilia Prado, em 2004. "Quando começamos a exportar, o negócio passou por uma fase de amadurecimento. Decidimos que era a hora de mudar, marcar a nova fase. E eu entrei com um sangue novo, um frescor para o produto", conta Cecilia. A empresa tem duas lojas próprias e está presente em 20 países, entre eles Arábia Saudita e China.

O presidente da Associação Brasileira de Estilistas (Abest), Roberto Davidowicz, pontua que o estilista é a espinha dorsal do negócio. E no início ele vai mesmo cuidar de tudo, da criação ao administrativo.

"Geralmente, na fase de crescimento do negócio, é que aparecem as maiores dificuldades, é quando o estilista começa a perder a possibilidade de tocar tudo sozinho", diz. Quando esse momento chegar, o empreendedor precisará tomar uma decisão: avaliar se terá condição de cuidar da parte administrativa ou se vai dividir tarefas. "É quando alguns deslancham e outros se perdem e afundam", afirma Davidowicz, que também é sócio da UMA – sua mulher, Raquel, é a estilista da empresa.

Para quem gosta do setor de moda, o presidente da Abest destaca que o profissional pode atuar em outras áreas. "O estilista vai se dedicar a criação, mas precisa de alguém que faça o planejamento estratégico, pense no comercial, por exemplo. Não precisa ser só estilista para ingressar nesse mercado."

Paixão. O estilista Amir Slama é formado em história e tinha intenção de trabalhar com pesquisa. Logo após a graduação, a alternativa era dar aulas já que ele não tinha recursos financeiros para dedicar-se à pesquisa. Diante dessa situação, ele também enxergou na moda a possibilidade de fazer alguma coisa mais rentável e, ao mesmo tempo, que transformasse as pessoas de alguma forma.

"Meus pais trabalharam a vida inteira com confecção, mas com alta produção. Em casa, eu sempre ouvia aquela coisa do tecido, da modelagem. De alguma forma esse universo estava presente."

Amir enxergou o potencial da moda praia e criou a grife Rosa Chá, inicialmente uma linha de ginástica. A marca cresceu até um ponto em que o negócio precisava de um parceiro para viabilizar a nova expansão.

"Infelizmente, no decorrer do processo, a produção em vez de aumentar, reduziu. Eu comecei a me desgostar do processo, as lojas começaram a fechar. Percebi que não tinha feito uma fusão, mas uma venda."

Depois do desligamento da Rosa Chá, Amir pensou que não trabalharia mais com moda, até receber o convite para fazer uma coleção para uma rede de fast fashion. Amir acabou organizando três coleções consecutivas.

"Eu me ‘reapaixonei’ e nesse tempo comecei a desenhar o projeto da marca com meu nome. O projeto surgiu há dois anos e meio", conta Amir, que tem lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de vender em unidades multimarcas.

Amir também está de olho no mercado internacional. O estilista faz parcerias com lojas estrangeiras e tem como estratégia montar duas operações fora do Brasil – uma na Europa e outra nos Estados Unidos.

Sobre visão de negócios, ele conta que sempre trabalhou pensando no seu consumidor. "Esse meu formato com estrutura menor me permite ficar mais próximo do consumidor. É uma coisa que as pessoas buscam mais. Esse exercício é positivo.”


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Moda| 02 de junho de 2014 | 10h 20

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