Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Reforço nos pedidos para o Natal foram insuficientes para frear queda de 5,5% no volume de peças em 2012

Para Vianna, as importações representam uma necessidade
Para Vianna, as importações representam uma necessidade

Os produtos de vestuário costumam puxar as vendas do varejo em muitas datas comemorativas. No Natal, principal evento do ano para os lojistas, não é diferente. Entretanto, nem sempre a explosão generalizada de consumo possui a força necessária para atingir a outra ponta da cadeia, principalmente no Rio Grande do Sul, que além da concorrência desleal dos importados, ainda precisa conviver com o polo têxtil de Santa Catarina e as especificidades climáticas.

Se por um lado o comércio deve concentrar alta de 4,7% em volume de peças e de 7,6% em valores, por outro, o inverno pouco rigoroso reduziu o ritmo das vendas e atrasou o escoamento da coleção primavera-verão, ampliou os receios com a crise internacional e a entrada continuada de produtos importados. Com isso, segundo estimativas da pesquisa Projeções de Mercado, elaborada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), a estimativa é de que a produção nacional despenque 5,5% no acumulado do ano. 

A boa nova é que 2013 pode reservar perspectivas mais promissoras para a indústria, como o aumento da produção (em peças) de 2%, e de 5,5% em valores. A notícia ruim diz respeito aos estrangeiros, que pela primeira vez abocanharam uma fatia superior a 12% do mercado brasileiro.  Mais de 50% é de origem chinesa e 10% da Índia.

Um novo dado preocupante se refere à outra ponta da balança comercial. Na década de 1990, cerca de 35% da produção nacional era destinada exclusivamente às exportações. Entre 2007 e 2011, os embarques reduziram em 67%. No ano passado, pela primeira vez em duas décadas, as vendas externas registraram déficit comercial de US$ 182 milhões.

A retomada, entretanto, conforme avalia o diretor do Iemi, Marcelo Villin do Prado, começou com o aquecimento nos pedidos de Natal. “O varejo de vestuário tem conseguido se posicionar em uma curva de crescimento forte. Em 2013, porém, o que verificamos é que o setor deverá se alinhar ao PIB e à expansão do consumo das famílias. A indústria, por outro lado, não acompanha. Não é fácil, mas a melhor forma é dar competitividade por meio de desonerações que permitam condições de favorecer o crescimento interno, a modernização e o ganho de escala. Se formos competitivos aqui, podemos pensar em conquistar o mercado lá fora. Mas para isso, precisamos buscar o equilíbrio”, comenta.

Prado ainda considera que perda de competitividade é justificada pela falta de infraestrutura ineficiente e pelas cadeias longas que passam pela agricultura, indústria química até gerar a matéria-prima e o beneficiamento, acumulando um peso excessivo de tributos. “Quando se exporta, o governo desonera. Mesmo assim, criou-se um nível de competição muito acirrado com os importados, e a exportação caiu muito, levando a produção a ser destinada ao mercado interno. Atualmente, não mais do que 3% da produção nacional deixa o País. O segmento de cama, mesa e banho chegou a exportar 50% da produção e agora não passa de 7%”, exemplifica.  

Na avaliação do diretor da Fenim e da Expovest, duas das mais tradicionais feiras do setor no Estado, Julio Viana, os números são positivos na comparação com 2011, com o período acumula condições favoráveis. A concorrência com os importados, no entanto, é um caminho sem volta, mesmo que alguns segmentos apresentem dificuldades de planejamento para os pedidos externos. O governo tem certa culpa em razão da carga tributária elevada. Isso gera uma concorrência desleal. Sem os impostos, seríamos a China da América Latina”, afirma.

Para Viana, as importações representam uma necessidade. Mesmo assim, as feiras ainda conseguem manter a média de participação dos produtos estrangeiros abaixo de 15%. “Os lojistas precisam contar com os importados. Se perguntarmos para o importador se ele quer importar, ele dirá que prefere fabricar.”

Entidades gaúchas são pessimistas quanto à retomada

Na contramão do restante do País, as indústrias gaúchas de vestuário não conseguiram sequer aproveitar o incremento dos pedidos de Natal que poderiam sinalizar o início de uma retomada. Por aqui, o setor produtivo que emprega mais de 37 mil pessoas não tem muito que comemorar.

Isso porque, em razão do curto inverno, os lojistas não conseguiram repassar os produtos da estação. O fato deve comprometer, inclusive, o próximo inverno em razão dos estoques elevados. Ainda assim, em valores nominais, o setor produtivo termina o ano com saldo positivo de 2,5% nas receitas geradas pela indústria, já que os preços na fábrica tiveram que ser reajustados para fazer frente ao aumento dos custos de produção.

Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Estado (Fitemasul), Carlos Araújo, a redução nos pedidos ultrapassou os 30% na média entre as 533 indústrias representadas pela entidade. O dirigente credita o desempenho que acumula decréscimos desde 2010 à falta de ações em esfera estadual.

“Conseguimos vencer uma batalha que é a unificação das tarifas. Isso já quebrou a guerra fiscal sobre os importados em Santa Catarina e Espírito Santo. Agora precisamos da unificação da tarifa em 4%. Todos os fabricantes têm uma diferenciação de ICMS muito mais competitiva, em Santa Catarina 2,5%, no Rio de Janeiro 1,5%, São Paulo 2%. Aqui apenas há um ano começamos a mexer nos 7%”, informa.  O presidente do Sindivest Serra, Thiaraju Vieira Barbosa, concorda com a proporção, mas revela que muitos itens - como a lycra - têm de ser exclusivamente nacionais. No entanto, fibras e outros materiais já não encontram similares no mercado interno.  Sobre os indícios de uma possível retomada, ele revela certo pessimismo, e considerou o incremento da produção no final do ano como “natural”.

Fonte:|http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=112108

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