As manifestações rompem com a cena cotidiana e usam de gestos e artifícios para gerar impacto
Por Raquel Medeiros
O que veste um protesto? A indignação, a insatisfação. Faixas. O coletivo que inunda ruas e avenidas. Multidão. A aglomeração em matizes. Estampa multicor. O desacordo com as regras. Grito. A necessidade de mudança. Movimento. As frases de efeito. Camisetas. A reivindicação por direitos. Cartazes. O desejo de liberdade contra o que aprisiona. Bandeiras. A síntese de sentimentos. Euforia. O medo de mostrar a face. Lenços e capuzes. A proteção contra o véu de gás lacrimogênio. Máscaras. Os gestos pacifistas contra a força. Flores. A repressão. Cortinas de fumaça. Os ruídos que quebram o silêncio. Apitaços. A voz amplificada. Megafone. A sátira. Fantasias. As caras pintadas. Batom. Os outdoors ambulantes. Corpos nus, gráficos.
Na aldeia global o verbo protestar é parte do vocabulário corrente e sua conjugação ressoa em ações vigorosas e estridentes. A população do planeta, fragmentada em seus territórios, reclama contra o que furta o sono, o que incomoda e ameaça "direitos" dentro da perspectiva de quem ocupa as ruas. O Brasil está em evidência nas manchetes internacionais. Os jornais e sites de notícias destacam a economia sólida imersa em fragilidades políticas e sociais: manifestantes dizem não ao aumento das tarifas de ônibus; grupos organizados vão às ruas contra a violência e indígenas da tribo Munduruku (do Pará) acampam em Brasília para defender suas terras e barrar a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia.
Em Istambul, capital turca, os habitantes estão nas praças pela queda do primeiro-ministro Recep Erdogan. Na Espanha, os cortes no orçamento público expõem a debilidade de desempregados e despejados em uma crise sem precedentes. A Índia abriga manifestações mais silenciosas e pede a aplicação de leis severas contra a onda de estupros que amedronta as mulheres e escandaliza o mundo. Nos países da Europa excedem ações em defesa (e contra!) a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Grupos ambientalistas clamam pela proteção dos animais e a preocupação com a sustentabilidade do planeta equilibra sobre duas rodas milhares de ciclistas nus que pedem um olhar mais atencioso sobre planos de mobilidade com menos carros e mais bicicletas. Os protestos vestem o mundo, mesmo quando despem os seus atores.
(Fotos: reproduções)
Na Alemanha - em maio deste ano - ativista do grupo Femen protesta pela liberdade das mulheres
Espanha, maio de 2013: população vai às ruas contra os cortes na saúde pública
Brasil, São Paulo: protesto contra o reajuste das tarifas de ônibus (Junho 2013)
Matéria publicada originalmente no site Nas Entrelinhas
http://www.nasentrelinhas.com.br/noticias/costurando-ideias/494/flo...
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