Marcas de luxo e moda, como LVMH, Nike e Uniqlo, estão enfrentando uma perda de espaço significativa na China, onde consumidores estão priorizando produtos acessíveis. A frugalidade dos consumidores chineses, combinada com uma economia em desaceleração, tem criado um cenário desafiador para marcas globais e impulsionado o crescimento de empresas locais. A situação foi refletida nos últimos resultados trimestrais, com grandes players internacionais, como LVMH e L’Oréal, reportando lucros reduzidos, enquanto suas concorrentes domésticas prosperam.
Um exemplo dessa mudança foi evidenciado logo após a divulgação de vendas decepcionantes da L’Oréal SA, com queda de 6,5% no norte da Ásia. Enquanto isso, a chinesa Proya Cosmetics Co., com sede em Hangzhou, obteve um salto de 21% nas vendas e no lucro no mesmo período. Com um portfólio de produtos acessíveis e estratégias de marketing digital robustas, a Proya vem conquistando o consumidor chinês, que está cada vez mais consciente dos preços.
Essa mudança no comportamento não é exclusiva do setor de cosméticos. A Starbucks também tem visto sua participação de mercado ser tomada por rivais locais como a Luckin Coffee e a Cotti Coffee, que conquistaram o público com preços mais competitivos e inovações voltadas ao consumidor chinês. Essa tendência, chamada de “pingti” — ou busca por alternativas mais baratas — reflete a crescente sensibilidade dos consumidores locais ao preço.
A indústria de luxo, um segmento que historicamente tinha uma forte base de consumidores na China, também sente os impactos. A LVMH, maior conglomerado de luxo do mundo, registrou seu pior trimestre desde a pandemia. Esse cenário é intensificado pela Golden Week, feriado chinês que, apesar de esforços do governo para estimular o consumo, não trouxe a recuperação esperada para o setor de bens de luxo. Analistas apontam que a cautela dos consumidores permanece alta, impactando principalmente o segmento premium.
No comércio eletrônico, o cenário é igualmente desafiador para marcas globais. De acordo com dados da Hangzhou Zhiyi Tech, empresas como L’Oréal, Estée Lauder e Shiseido registraram quedas entre 35% e 50% nas vendas nos últimos 12 meses. Por outro lado, marcas chinesas como Proya, Kans e Comfy relataram crescimento superior a 20%. Com a ascensão de plataformas de e-commerce dominadas por players locais como o Alibaba, as marcas chinesas aproveitam o momento para consolidar sua presença e conquistar o consumidor.
O avanço das marcas chinesas em relação às grandes marcas globais dentro da China ilustra como a economia global pode se transformar a partir do próprio fluxo de produção. Inicialmente, muitas empresas ocidentais se voltaram à China para aproveitar a mão de obra qualificada e de baixo custo, transformando o país em uma grande linha de produção. Porém, à medida que os trabalhadores chineses aprenderam as técnicas e dominaram o processo de fabricação, surgiram marcas locais capazes de replicar e, eventualmente, competir com a qualidade das marcas globais, mas a preços mais baixos e com um entendimento mais profundo do mercado doméstico. Hoje, muitas dessas marcas locais não apenas conquistam o consumidor chinês, como também ameaçam a hegemonia de marcas globais em seu próprio território. O que isso nos ensina sobre as dinâmicas de poder e dependência nas cadeias globais de produção?
Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação
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