Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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DivulgaçãoExposição sobre o Brasil, realizada em 2013 pelo Bon Marché superou expectativas: loja obteve receita de mais de €2 milhões

Enquanto muitos brasileiros vão ao exterior para fazer compras, marcas brasileiras fazem sucesso em Paris. Cosméticos Natura e sandálias Havaianas já fazem parte dos hábitos de consumo dos parisienses há alguns anos e a exposição sobre o Brasil, realizada em 2013 pela Bon Marché, ultrapassou os objetivos: a loja de departamentos especializada em produtos de luxo vendeu 55 mil artigos e obteve mais de € 2 milhões de receita.

Além de butiques efêmeras de produtos brasileiros, a promoção da Bon Marché incluiu manifestações artísticas, como exposições de fotografias e obras de arte, e foi inaugurada com um show de Gilberto Gil para 200 convidados. "Nossas equipes de compras estão sempre procurando novas tendências e sentiram que algo estava acontecendo no Brasil em várias áreas, tais como moda, design, comida. Daí surgiu a ideia de homenagear o país com essa exposição", diz Lisa Attia, diretora comercial da Bon Marché.

O saldo da operação de marketing é tão positivo que várias grifes brasileiras integrarão o "grand magazin" com suas próximas coleções. Entre elas, destacam-se os lenços e echarpes da Scarf Me e os maiôs da Adriana Degreas. Há ainda o projeto de criação de um estande permanente de comidas brasileiras na sofisticada seção gastronômica da loja. Também será possível comprar cosméticos da Granado e da Phebo, que se instalam definitivamente. "Gostei muito das embalagens retrô e das matérias-primas desses cosméticos", diz a frequentadora Vanessa Bonnefou.

Os produtos que ficam em definitivo na Bon Marché obtiveram a preferência dos consumidores locais. Entretanto, turistas brasileiros estão entre as cinco melhores clientelas estrangeiras da loja de departamentos, que conta com vendedores capazes de aconselhá-los em português. "Eles apreciam poder conversar em sua língua materna e acham que a visão do Brasil apresentada pela Bon Marché é representativa de seu país", afirma Lisa Attia.

DivulgaçãoButique da Natura está em Paris desde 2005 no bairro de Saint-Germain-des-Près

Situada no elegante bairro de Saint-Germain-des-Près, a butique da Natura conquista os parisienses desde 2005, além de atrair muitos turistas europeus e americanos de passagem pela capital francesa. Ela funciona também como ponto de encontro e de informação para as conselheiras que distribuem os produtos em venda direta desde 2006. Nos fins de semana, acolhe ainda pequenos eventos relacionados à cultura brasileira, como shows de música ou festas tradicionais. "Além de local de venda, esse espaço tem funcionado como showroom e foi o primeiro canal de difusão da marca na França", diz Emmanuelle Clamagirand, gerente da loja.

Segundo Diogo Souto Maior, gerente do departamento de operações internacionais, a brasilidade traz diferenciação na França, daí a opção de assinar Natura Brasil. "Trabalhamos esse atributo como um jeito de ser e de fazer as coisas: se traduz num tom de voz caloroso, na abertura à diversidade, na sensorialidade dos produtos, na valorização das tradições brasileiras e no uso de ativos da biodiversidade brasileira", afirma.

Evitando clichês sobre o país, a marca de cosméticos procura veicular valores como desenvolvimento sustentável e associa beleza, equíbrio pessoal e ambiental. "Em um mercado sofisticado como o francês, a mensagem de construção de um mundo melhor, por meio do compromisso socioambiental, foi um elemento diferenciador que os consumidores receberam com muito entusiasmo", diz Souto Maior.

Dentro dessa proposta ecológica, a empresa patrocinou "Amazônia", produção franco-brasileira que estreou em novembro na França. Dirigido pelo francês Thierry Ragobert, o filme mostra a riqueza do patrimônio ambiental da floresta e alerta para a necessidade de preservá-lo. Os convidados para a pré-estreia num cinema dos Champs Elysées e os compradores parisienses dos primeiros 8 mil ingressos ganharam de presente um creme para mãos da Natura Brasil.

Além da modificação no nome da marca, o "mix" do portifólio foi adaptado ao mercado local, onde as vendas de produtos para o rosto são muito mais representativas do que no Brasil. Outra adaptação aos hábitos de consumo franceses é a venda a distância através da internet e com entrega pelo correio.

Associadas ao calor das praias brasileiras, a tradicional Havaianas tem pontos de venda nas principais lojas de departamento e multimarcas francesas desde 2000. "Os três meses de verão representam mais de 50% de nossa atividade anual. Preparamos a estação com bastante antecedência para desenvolver nossas coleções e nossas estratégias de marketing", diz Hervé Pinot, diretor da Havaianas na França. Não é por acaso que os primeiros pontos de venda integralmente dedicadas à marca na França ficam situados em cidades de veraneio, como Saint-Tropez.

Há três anos, buscando consolidar sua imagem, a empresa abriu duas lojas próprias em Paris, uma na rue de Rennes, ponto comercial movimentado, e outra no Marais, bairro que lança tendências no campo da moda. Para se adaptar ao longo inverno e aos hábitos de consumo locais, além das tradicionais sandálias, as butiques apresentam diversos outros produtos, como espadrilhes, tênis e galochas para enfrentar a chuva. "Essa diversificação respeita o DNA da Havaianas. A mesma sola de borracha leve e higiênica é sempre utilizada", afirma Hervé Pinot.

As Havaianas européias são mais caras do que as brasileiras - o modelo comum custa € 20, mas pode chegar até a € 200, se tiver cristais Swarovski. A empresa investe na valorização de sua marca na França, criando séries limitadas de luxo e sandálias assinadas por estilistas, como Jean Paul Gaultier ou Missoni.

A imagem do Brasil inspira também empresários franceses, como Jerôme Schatzman, que criou em 2005 a malharia franco-brasileira Tudo Bom. "Morei três anos no Rio de Janeiro, cidade que transborda otimismo e bom humor. A moda de Tudo Bom se identifica com a descontração do estilo de vida carioca", afirma.

A empresa, que tem loja no Marais e clientela majoritariamente francesa, emprega costureiras brasileiras e compra algodão orgânico no Nordeste, dentro dos princípios do comércio equitável. Parte da equipe fica instalada no Brasil para fazer a interface entre esses fornecedores e a distribuição das camisetas na França. "Gosto de trabalhar com brasileiros pois eles têm uma atitude positiva diante das dificuldades e sabem se virar - o Brasil é um país de empreendedores", diz Schatzman.


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Por Patricia Lavelle | Para o Valor, de Paris

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Respostas a este tópico

Amei essa matéria!

Pois faço parte da equipe de produção da Anunciação a grife dos vestidos expostos e das roupas nas araras ao fundo, na foto do stand no Le Bom Marché. Sou modelista dessa empresa e estou muito orgulhosa de ver nosso trabalho ser reconhecido.

Obrigada!

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