Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A independência do Brasil aconteceu em 1822, mas a história da indústria têxtil brasileira aponta que apenas em 1844 é que foram implantadas as primeiras fábricas do setor no país. O estado da Bahia foi um centro importante para o desenvolvimento da indústria têxtil brasileira, pois tinha seis das nove principais indústrias. Dentre elas está a fábrica Todos os Santos, localizada na cidade de Valença, que em 1875 era responsável por 35% da produção de todo o império, calculado em mais de três milhões de metros de tecidos e empregando 250 trabalhadores.

De acordo com a história da indústria têxtil brasileira, a fábrica de Todos os Santos, também conhecida como fábrica de Valença, apresentava autonomia e um alto grau tecnológico. A energia utilizada era hidráulica e possuía fundição, ferraria e marcenaria internamente, apesar disso, estudos mostram que a fábrica nunca operou em sua capacidade total.

A fábrica Nossa Senhora do Amparo, possuía 180 trabalhadores e produzia 600 mil metros de tecido por ano, era menor, mas possuía equipamentos mais modernos e produzia tecidos mais finos e produção diversificada.

A história da indústria têxtil brasileira começou efetivamente a partir de 1844, com a implantação das primeiras fábricas do segmento / Reprodução


Acredita-se que a partir deste momento, se iniciou de maneira gradual a evolução tecnológica da indústria têxtil brasileira. No entanto, os autores Berman, Costa e Habib (2000) afirmam que foi somente a partir de 1950 que se constatou um avanço tecnológico significativo, tanto no Brasil como no Mundo.

Na década de 80, apesar do Brasil ser exportador da matéria-prima, a maioria das fiações brasileiras utilizavam o algodão como a fibra principal, com o tempo o plantio nacional não supre a necessidade da indústria e a importação da fibra é inevitável. Com os avanços tecnológicos e a crescente demanda do mercado, sugiram as fibras artificiais e sintéticas. Estas, por sua vez, tiveram aumento nas aplicações e se tornaram necessárias, possibilitando uma estabilidade para a indústria que sofria com as dificuldades da produção agrícola.

Nos últimos anos, a indústria têxtil e de confecção firma a importância desse segmento para a economia do país. Os dados levantados pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) apontam o país como o quarto maior parque produtivo de confecção do mundo, o quinto maior produtor têxtil do planeta. O setor é responsável por 16,4% dos empregos formais do país.

No entanto, o setor vem apresentando acúmulo de estoque e saldo negativo, mesmo com o crescimento das exportações e importações. Outros aspectos contribuem para o desfavorecimento da indústria brasileira, como os produtos vindos de países onde os governos subsidiam a produção e exportação das confecções e a alta carga tributária nacional, tornando essa competitividade desleal.

Para saber mais sobre a história da indústria têxtil brasileira acesse: História da indústria têxtil no Brasil (parte I)

Por Samira Troncoso
Designer de Moda e Professora na Feevale/ Novo Hamburgo (RS)


Fontes:
BERMAN, D.; COSTA, S.; HABIB, R.L. 150 anos da indústria brasileira = 150 years of the textile industry in Brazil. Rio de Janeiro: SENAI – CETIQT: Texto e Arte, 2000.
ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. (s.d.) Disponível em: http://www.abit.org.br. Acesso em jan. de 2012.
PAIXÃO, N. R. Ao soar o apito da fábrica: idas e vindas de operários(as) têxteis em Valença - Bahia (1950-1980). 2006. Dissertação de mestrado. Universidade Federal da Bahia, Programa de Pós- Graduação em História da UFBA.

http://www.audaces.com/br/Producao/Falando-de-Producao/2013/7/24/hi...

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Amigo, Romildo:

Transcrevo uma parte do livrete que construímos, eu e o meu grande amigo Antonio Gaio Sobrinho, contando um pouco da história da Cia Têxtil São Joanense por ocasião dos 120 anos de existência...

Preâmbulos Coloniais ...

"O Brasil era, desde 1500, uma colônia de Portugal e, portanto, dentro do espírito mercantilista da época, sua finalidade era servir aos interesses da Metrópole, em todos os sentidos. Por isso, principalmente desde 1703, quando do tratado de Methuen com a Inglaterra, eram proibidas na Colônia toda e qualquer indústria de transformação que viesse prejudicar aos interesses portugueses, em primeiro lugar, e aos ingleses, em segundo. Portugal trocaria vinho pelos panos ingleses, num tratado favorável apenas aos ingleses, que, afinal, eram quem produzia os vinhos em Portugal. Fato que representava a morte das manufaturas portuguesas, ainda no útero da sua gestação, quanto mais das brasileiras. Mas, as revoluções liberais, inglesa e americana e o enciclopedismo, que preparava a francesa despertavam nos estudantes brasileiros, que iam às universidades européias, um sentimento nativista desejoso da independência nacional. E daí que, logo, colocaram nos planos da Inconfidência Mineira, se bem sucedida, a fundação de uma diversificada industrialização. Mas, essas veleidades foram por água abaixo e, antes mesmo que o pior acontecesse, já a Inglaterra obrigava a rainha de Portugal, Dona Maria I, a abortar o despotismo esclarecido do Marquês de Pombal, com as impatrióticas medidas da Viradeira, cujo pior resultado para o Brasil, sobretudo para Minas, foi a assinatura do famoso alvará de 5 de janeiro de 1785, que assim rezava, em ortografia atual e com grifos meus:

 

Eu a rainha faço saber aos que este alvará virem que sendo-me presente o grande número de fábricas e manufaturas que de alguns anos por esta parte se têm difundido em diferentes capitanias do Brasil, com grave prejuízo da cultura, e da lavoura, e da exploração de terras minerais daquele vasto continente; porque havendo nele uma grande, e conhecida, falta de população, é evidente que, quanto mais se multiplicar o número dos fabricantes, mais diminuirá o dos cultivadores; e menos braços haverá que se possam empregar no descobrimento, e rompimento de uma grande parte daqueles extensos domínios que ainda se acha inculta, e desconhecida. Nem as sesmarias, que formam outra considerável parte desses mesmos domínios, poderão prosperar, nem florescer, por falta do benefício da cultura, não obstante ser esta essencialíssima condição com que foram dadas aos proprietários delas. E até nas terras minerais ficará cessando de todo, como já tem consideravelmente diminuído, a extração de ouro, e diamantes, tudo procedido da falta de braços que, devendo-se empregar nestes úteis e vantajosos trabalhos, ao contrário, os deixam e abandonam, ocupando-se de outros totalmente diferentes, como são as referidas fábricas e manufaturas. E consistindo a verdadeira e sólida riqueza nos frutos e produções da terra, os quais somente se conseguem por meio de colonos e cultivadores, e não de artistas e fabricantes. E sendo, além disso, as produções do Brasil as que fazem todos fundo e base, não só das permutações mercantis, mas da navegação e comércio entre meus leais vassalos habitantes destes reinos, e daqueles domínios, que devo animar, sustentar em benefício comum de uns e outros, removendo na sua origem os obstáculos que lhes são prejudiciais e nocivos. Em consideração de todo o referido, hei por bem ordenar que todas as fábricas, manufaturas ou teares de galões, de tecidos, de bordados de ouro e prata, de veludos, brilhantes, cetins, tafetás, ou qualquer outra espécie de seda; de belbuts, chitas, bombazinas, fustões, ou de qualquer outra fazenda de linho, branca ou de cores; e de panos, droguetes, baetas, ou  de qualquer outra espécie de tecido de lã; ou que os ditos tecidos sejam fabricados de um só dos referidos gêneros ou misturados, e tecidos uns com os outros, excetuando–se tão somente aqueles ditos teares ou manufaturas em que se tecem ou manufaturam fazendas grossas de algodão, que servem para o uso e vestuário de negros, para enfardar, para empacotar e para outros ministérios semelhantes; todas as mais sejam extintas e abolidas por qualquer parte em que se acharem em meus domínios do Brasil, debaixo de pena de perdimento, em tresdobro, do valor de cada uma das ditas manufaturas, ou teares, e das fazendas que nelas houver e que se acharem existentes dois meses depois da publicação deste; repartindo–se a dita condenação metade  a favor do denunciante, se houver, e outra metade pelos oficiais que fizerem a diligência; e não havendo denunciante, tudo pertencerá aos mesmos oficiais (20).

 

Segundo Teixeira de Mello, a repressão à indústria no Brasil na verdade visava especialmente às tecelagens de Minas Gerais. Foi só nesta Capitania que comandantes militares recolheram informes sobre o funcionamento de teares e rodas de fiar, em dezenas de localidades, em minucioso censo realizado casa por casa, tão minucioso que traçava até o perfil das pessoas ocupadas na atividade (09). O censo contabilizou quase 1.500 teares.  

 

Mas, os rumos da História Ocidental indicavam novos horizontes que seriam definitivos para emancipação política do Brasil. A invasão de forças napoleônicas em Portugal obrigou a Corte a se transferir para o Brasil, secundada por navios britânicos. O estabelecimento da Corte lisboeta no Rio de Janeiro, em 1808, acarretou mudanças de imediato e longo alcance nos padrões da vida brasileira, afetando o comércio, intensificando tendências que já eram aparentes no final do século anterior. Ainda que a declarada abertura dos portos, a liberdade comercial e a pretendida industrialização fossem restritas, pelo tratamento preferencial concedido às importações portuguesas e, logo, às inglesas, a estrutura comercial brasileira, como garante Stanley Stein, mudaria irrevogavelmente (12)."

Observa-se que a nossa querida Indústria Têxtil, já no seu nascedouro, é perseguida e enfrenta a indiferença de uns e outros interesses. Não é fácil, aiás nunca foi fácil...

Forte abraço

José Carlos Dias

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