Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Pesquisa do Simpi, obtida com exclusividade pelo Brasil Econômico, mostra que 53% das empresas de menor porte de São Paulo demitiram ou deixaram de contratar no último ano.
A invasão de produtos importados no mercado nacional já atinge as micro e pequenas indústrias e tem reflexos no mercado de trabalho.
O setor têxtil é o que mais sofre com a concorrência dos importados

Um exemplos é a Confecções Copat, indústria de tecidos de pequeno porte paulista, que teve de reformular sua área de atuação devido a perda de mercado, o que resultou na demissão de 40 funcionários nos últimos dois anos.

"A invasão de produtos importados, principalmente da China, nos fez encerrar a confecção de peças de roupa, nossa principal atividade. Agora nos concentramos somente na produção de tecidos", conta o proprietário, Miltom Copat. Ainda assim, ele não garante o emprego dos 20 colaboradores restantes.

"Os negócios estão ameaçados, pois os habituais clientes estão adquirindo cerca de 50% das mercadorias de indústrias chinesas".

Segundo levantamento do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias (Simpi), obtido com exclusividade pelo Brasil Econômico, 53% das indústrias pesquisadas, com operação no estado de São Paulo, demitiram ou deixaram de contratar no último ano.

"A perda ou não geração de empregos pelas empresas de pequeno e médio porte é preocupante", afirma Joseph Couri, presidente da entidade.

No mês de agosto foram criados 190.466 vagas, 36,4% menos que no mesmo período do ano passado, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Outra pesquisa, do Dieese, mostra que o crescimento do nível de ocupação em agosto foi o menor dos últimos 12 meses. E as micro e pequenas empresas, no Brasil, são responsáveis por 70% das vagas.

"Isso explica o motivo pelo qual o governo federal possivelmente não consiga atingir a meta anual de geração de empregos, de 3 milhões", diz Couri. Agora, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, estima algo em torno de 2,7 milhões.

Para o economista Julio Gomes de Almeida, a situação é de fato preocupante já que a empregabilidade no setor industrial é essencial para manter a saúde econômica do país.

"Se a indústria deixa de empregar, cria-se o efeito bola de neve e outros setores vão sofrer o mesmo problema", alerta Almeida.

Fôlego temporário

Mesmo diante desse cenário, a pesquisa mostra que 56% dos empresários estão otimistas quanto ao desempenho dos negócios para o segundo semestre do ano. Especialistas afirmam que a repentina valorização do dólar é o respiro que o setor precisava para retomar o fôlego.

"A valorização da moeda americana inibe, ao menos temporariamente, a entrada desenfreada de produtos importados e ao mesmo tempo incentiva as exportações, o que configura estabilidade dos empregos", diz Evaldo Alves, professor da FGV.

"A pequena e média indústria deve aproveitar essa trégua para ganhar produtividade e compensar as futuras adversidades. Claro que nesse curto prazo não é possível que as empresas passem por uma grande reestruturação, mas o ganho de produtividade deve ser buscado", diz.

Outro fator que contribui para o otimismo é a expectativa com as propostas no Plano Brasil Maior, nova política industrial do governo.

"Eles estão esperançosos com a implementação das medidas da nova política industrial já anunciadas pelo governo", diz Alves. Mas opiniões divergem. Para Gomes, a nova política está na direção certa, mas a profundidade do problema é maior do que as soluções propostas pelo governo. Alves, mais otimista, as vê como positivas e aponta o crédito subsidiado como ação essencial para o ganho de competitividade do Brasil.

"Os incentivos vão possibilitar a compra de equipamentos, o que significa reestruturação e aumento da produtividade. Nesse sentido, a oferta de empregos tende a aumentar, invertendo o quadro atual".

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