Aportes devem ser feitos em maquinários, equipamentos e automação.
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A produção nacional no setor têxtil e de confecção deverá crescer 1,2% ao longo de 2025 frente ao registrado no ano passado. De acordo com estimativas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o segmento têxtil terá um avanço de 1,4%, enquanto o de vestuários deverá fechar o ano com alta de 1% no período.
O presidente da Abit, Fernando Valente Pimentel, ainda estima que o setor deverá encerrar o ano com alta de 5% nas importações, valor muito inferior aos 20,8% previstos para o acumulado do ano passado. Já as exportações deverão crescer 6,4% frente a uma queda de 3,9% em 2024, principalmente, com o retorno da Argentina como um importante mercado consumidor.
Quanto aos empregos, a projeção para o último exercício é de um saldo positivo de 11 mil empregos formais gerados. Para este ano, a previsão é de 6.150 novos empregos na indústria, sendo 2.830 no segmento têxtil e 3,3 mil no de confecção.
Apesar dos números positivos, alguns temas ainda causam preocupação ao setor, como o custo de produção, a alta taxa de juros e demais fatores macroeconômicos, como o câmbio. Pimentel lembra que cerca de 80% dos custos de produção do setor são impactados pelo dólar americano.
Outro fator que poderá impactar no desempenho, principalmente quanto às exportações, são as possíveis medidas mais protecionistas dos Estados Unidos, que devem ser apresentadas pelo presidente Donald Trump.
O presidente da Abit aponta que se as expectativas em relação a esse tema se confirmarem, isso poderá acarretar em diversas consequências para a indústria brasileira. Dentre elas, está uma menor participação no mercado norte-americano e uma possível ampliação da presença da China no mercado nacional.
“Mas, por hora, tudo é especulação baseada no que Trump está dizendo. Além disso, os laços entre o Brasil e os Estados Unidos não serão cortados, assim, do dia para a noite”, pondera.
Pesquisa da Abit mostra que 40% dos empresários do setor demonstram estar otimistas ou muito otimistas quanto às perspectivas para a indústria neste ano, contra 15% que estão pessimistas ou muito pessimistas. Além disso, 42% pretendem realizar investimentos moderados e 20% disseram que farão investimentos mais significativos em 2025.
Pimentel destaca que cerca de um terço dos equipamentos utilizados pela indústria brasileira encontra-se em um estágio que exige renovação e, consequentemente, investimentos por parte dos empresários. “A regra do setor é ‘se você não investir, você morre’”, declara.
Conforme dados da Abit, 74% daqueles que pretendem fazer algum tipo de investimento deverão destinar recursos para a aquisição de maquinários e equipamentos. Em seguida aparecem os aportes em tecnologia e automação, de acordo com 55% dos entrevistados.
Quanto aos principais desafios para o setor neste ano, 61% dos industriais do setor têxtil e de confecção apontam para a escassez de mão de obra qualificada. Pimentel lembra que esse fator vem ganhando relevância em diversas áreas da indústria desde 2023, porém, ele pontua que essa é a primeira vez em que ele figura no topo da lista de preocupações do setor.
“Essa questão envolvendo a falta de mão de obra qualificada deve seguir prevalecendo ao longo de 2025. Ela impacta toda a indústria e nós temos que encontrar as nossas próprias soluções”, avalia.
Outro ponto destacado pelo dirigente é o fato de o Brasil ainda estar muito abaixo do desempenho apresentado pelos principais players do mercado internacional, como Estados Unidos, China e Índia. Dos US$ 2,3 trilhões estimados pela Wazir Advisors para o mercado internacional em 2030, o Brasil deverá responder por cerca de US$ 57 bilhões.
Para ele, um dos fatores que contribuíram para esse cenário é o fato de que o País passou muito tempo isolado quanto aos acordos comerciais, limitado a algumas parcerias com outros países da América do Sul. Além disso, tem o fator relacionado ao Custo Brasil, que também dificulta as exportações e a participação no mercado internacional.
“O Brasil ficou um país caro para o mercado internacional, caro sem ser rico, o que prejudica as exportações”, declara.
No entanto, Pimentel demonstra certo otimismo quanto ao provável fechamento do acordo entre Mercosul e União Europeia. Para ele, o Brasil tem grandes chances de se beneficiar com essa parceria e ampliar suas exportações para o continente europeu. O dirigente lembra que o mercado brasileiro perdeu a capacidade exportadora ao longo dos últimos anos, chegando ao ponto de registrar um desempenho equivalente ao apurado na metade de 2005, último ano de saldo positivo na balança comercial do setor.
O presidente da Abit destaca que a indústria têxtil e de confecção segue sendo um dos mais relevantes para a economia brasileira. Para ele, o ano de 2024 foi positivo para o setor, diferentemente do ano anterior, marcado por resultados menos expressivos.
Pimentel destaca que o segmento têxtil vem apresentando resultados melhores que o de confecção nos últimos dois anos. Entre os meses de janeiro a novembro de 2024, a produção têxtil cresceu 4%, enquanto o vestuário avançou 3,8% frente ao mesmo período do ano anterior. O fato de 2023 se apresentar como uma base mais fraca é um dos fatores que explicam os valores mais elevados.
No entanto, as exportações do setor deverão apresentar um recuo de 3,8% na comparação com o exercício anterior, e fechar em US$ 909 milhões; já as importações deverão subir 20,8% e encerrar em US$ 6,641 bilhões. Dessa forma, o saldo da balança comercial deverá ficar com um déficit de US$ 5,732 bilhões.
“Este foi o segundo pior déficit da balança comercial desde 2014, quando registramos um saldo negativo de US$ 5,905 bilhões”, aponta
Olhando para o lado positivo, a importação de máquinas e equipamentos também subiu, com alta de 20% no ano passado. “Temos que celebrar esse crescimento frente a 2023 e o fato de ser o melhor nível de investimento desde 2020”, declara.
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