Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria Têxtil Fecha 2011 Com Saldo Negativo na Geração de Empregos

Alta do preço do algodão, concorrência chinesa e barreiras argentinas estão entre os fatores que prejudicam o setor

Indústria têxtil fecha 2011 com saldo negativo na geração de empregos Alvarélio Kurossu/Agencia RBS
Demitida em novembro, Maria Odete vai aposentar a máquina de costura Foto: Alvarélio Kurossu / Agencia RBS

Maria Odete Machado, 56 anos, chegou a pensar que seria promovida quando foi chamada pelo RH da malharia em que trabalhava, naquela quinta-feira, dia 3 de novembro de 2011. A surpresa que a costureira de Blumenau teve com a sua demissão se reflete nos números do Ministério do Trabalho.

No ano passado, pela primeira vez desde 2003, quando foi alterada a metodologia de cálculo, a geração de vagas na indústria têxtil e de vestuário de SC ficou no vermelho: foram 92.248 contratações contra 95.762 demissões, saldo de -3.514.

No país, o resultado também foi negativo, com um saldo de -18.503 vagas. A alta do preço do algodão, a concorrência com os produtos chineses e a desaceleração das exportações estão entre as justificativas para o cenário de cortes.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, lembra que o problema é mais grave no setor têxtil, que fabrica itens como toalhas e roupas de cama. A produção do segmento teve queda de 17,8% no ano passado, segundo os dados do IBGE. O setor de vestuário tem melhor desempenho, com alta de 6,8% na produção, diante da composição de um mix de produtos mais competitivos.

Kuhn diz que os cortes foram essencialmente em postos operacionais e acredita em um quadro estabilidade na geração de empregos no setor, que conta com 9.2 mil indústrias e 172,8 mil trabalhadores, com concentração em cidades como Blumenau, Brusque e Joinville.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem (Sintrafite) de Blumenau, Gaspar e Indaial, Vivian Bertoldi, diz que as empresas da região estão demitindo os profissionais mais antigos e contratando gente nova por salários menores. Hoje, o piso da costureira em Blumenau é de R$ 820 para uma jornada de 44 horas por semana. Na média, as empresas pagam um pouco mais, cerca de R$ 950. E só as mais experientes conseguem tirar acima de R$ 1 mil.

Já um tecelão com prática, que opera a máquina que transforma fio em tecido, tem salário na faixa de R$ 1,7 mil. Na defesa das empresas, Kuhn diz que poucas indústrias pagam o piso, e isso só para quem está começando, e que o problema maior é falta de mão de obra qualificada.

A costureira Maria Odete trabalhava há sete anos na malharia da qual foi demitida em novembro. Ela já tinha saído do expediente em célula, onde uma costureira opera ao lado da outra e cada uma faz uma parte da peça, para trabalhar sozinha no setor onde consertava roupas que saíram com pequenos defeitos da fabricação.

— Quando me chamaram no setor de recursos humanos, me falaram que meu serviço não era mais útil para a empresa. Foi um choque, fazia planos de me aposentar ali. Demorou alguns dias para cair a ficha. Eu caprichava tanto no trabalho, me esforçava para conseguir recuperar as peças. Nada disso valeu a pena — conta Maria, que se aposentaria dentro de quatro anos.

Apesar da experiência no setor e de até ter uma máquina de costura em casa, ela diz que não quer mais voltar para a indústria têxtil. Seus planos são conseguir uma vaga como merendeira no colégio perto de casa. Assim como a ex-costureira, outros profissionais do setor têxtil estão transformando suas demissões em uma oportunidade para iniciar novas carreiras. Maria Odete ainda quer trabalhar também, mas a máquina de costura, ela aposentou.

Fonte:|http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2012/02...

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