A italiana Diesel estreou no mercado brasileiro em 2001. A butique aberta no shopping Iguatemi chegou a ser anunciada como uma das mais rentáveis por metro quadrado de todo o grupo. Em 2008, a marca abriu uma megastore na rua Haddock Lobo, região nobre de São Paulo, com 1.700 metros quadrados e investimento de US$ 7 milhões - uma prova da credibilidade no aumento de consumo de seus jeans, com preços que começavam na faixa dos R$ 600.
O caso da Diesel não é único, apesar de ser o mais comentado. Em 2001, a grife italiana de jeanswear Miss Sixty chegou ao Brasil com a promessa de fazer barulho no mercado de jeans premium. Na época, o diretor da Miss Sixty para a América do Sul, Vicenzo Depau, chegou a dizer que pretendia incomodar as marcas nacionais que, supostamente, copiavam os modelos criados pela italiana. Mas a presença no país foi breve. A loja aberta na esquina das ruas Consolação e Oscar Freire, nos Jardins - na qual foram investidos R$ 1,5 milhão - minguou por meses até liquidar suas peças e fechar as portas.
Outras que vieram para o país, mas não obtiveram o êxito esperado foram a Fornarina e a Replay - curiosamente outras duas marcas de jeans premium italianas. No momento, via assessoria de imprensa, a Diesel informa que não está encerrando sua história no Brasil - apenas a reestruturando.
Para algumas pessoas do setor, o marketing em cima do poder de gerar status de um jeans "de luxo" pode estar perdendo o efeito - principalmente depois da crise financeira mundial deflagrada no fim de 2008. "Após esse período o consumidor parece ter acordado para os preços muito altos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as marcas premium tiveram de se virar para baixar custos e produzir calças por US$ 150, porque essa passou a ser a regra", diz o empresário Renato Kherlakian, fundador da Zoomp e hoje dono da RK Jeans.
Outro fator que abalou as estruturas das marcas consagradas foi a entrada de novos concorrentes no mercado - muitos oriundos da região do Brás, em São Paulo, que de fabricantes passaram a investir em grifes próprias. "Eles roubam consumidores, junto com as lojas de departamento", diz Kherlakian que em 2009 assinou com a varejista C&A para o desenvolvimento de uma marca de jeans, a Soul.
Apesar do sinal amarelo dado pelo consumidor e da concorrência acirrada, Kherlakian acredita que há sim espaço para um produto mais sofisticado - mesmo que não a qualquer preço. "Sempre busquei a excelência, desde os tempos da Zoomp", diz o empresário. "Acredito que o jeans esteja num momento espetacular e que estamos vivendo uma nova 'onda azul'."
Para Adriana Bozon, diretora criativa da marca Ellus, ficou evidente que o valor para uma calça jeans descobriu um novo limite. "O limite que acredito fica em torno dos R$ 500", diz Adriana. Na Ellus a maior parte das calças custa cerca de R$ 250. "São poucas as pessoas dispostas a pagar R$ 1 mil." Ainda mais, diz ela, quando estamos falando em um país que tem tradição na produção de denim de qualidade. Com matéria-prima de ponta à disposição, mais grifes conseguem oferecer produtos chamados de premium.
"Nosso jeans não deve nada a nenhum outro", diz Adriana. A marca procura investir em matérias-primas com algum diferencial, como o "leather denim", mas sabe que precisa ficar de olho nos custos. "Esse tipo de denim, com aparência de couro, é muito mais sofisticado e com cara de roupa para sair à noite. Ainda assim, conseguimos fazer calças por volta dos R$ 300."
Apesar do burburinho, há quem sinta os ventos soprando a favor. Aberta no país em 2008, a californiana Seven for All Mankind é uma das mais prestigiosas do mundo, quando o assunto é jeans. No Brasil, o cenário segue favorável, diz André Piedade, sócio-diretor da marca no País. "Em 2010, crescemos 20% em vendas, sem abrir mais lojas", diz o empresário. Atualmente, a Seven tem butiques no shopping Iguatemi e na Daslu. Havia planos de abrir outros pontos no ano passado, mas a ameaça de barreiras comerciais contra os Estados Unidos, que incluiriam os artigos de algodão, adiou o processo.
"Em outubro, abriremos no Fashion Mall, no Rio de Janeiro, e estamos em conversas para ter lojas em mais duas praças", diz Piedade, que segue acreditando na evolução da Seven por aqui. "Ela continua a ser uma marca desejada, afinal, foi a pioneira no segmento de jeans de luxo", diz ele. Para melhorar, o dólar mais baixo fez cair os preços dos jeans da Seven no Brasil. "Eles antes ficavam na faixa dos R$ 700 e passaram para os R$ 500."
A intenção, diz o empresário, é diminuir ainda mais o "gap" entre os preços cobrados pela Seven nos Estados Unidos e os cobrados aqui. Esperança na queda de impostos sobre os produtos importados? "Não contamos com isso, preferimos apostar em novas negociações", acrescenta ele.
De acordo com o consultor Luiz Alberto Marinho, da Brand Works, a crise que ronda o jeans premium, se houver, é um fenômeno localizado. "O Brasil continua a ser um mercado promissor para as marcas de luxo", afirma Marinho.
O Brasil é o segundo maior produtor e o terceiro maior consumidor de denim do mundo. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, o país produz acima de 25 milhões de metros de denim por mês. Desse total, 50 milhões de metros são exportados anualmente. Por ano, o segmento de jeanswear movimenta R$ 8 bilhões no Brasil.
Fonte:|http://www.valoronline.com.br/impresso/empresas/102/449265/jeans-de...
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