Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
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Lectra também constata reviravolta de todo um setor do luxo
Encostado à parede. Após uma década de crescimento ininterrupto, o setor da moda de luxo está a marcar passo. As vendas globais, estimadas em 364 mil milhões de euros em 2024 face a 369 mil milhões em 2023, evidenciam os limites de um modelo de negócio assente num aumento contínuo dos preços.
Perante este abrandamento, as marcas têm de repensar as suas estratégias para preservar a atractividade… e as suas margens, segundo um estudo da Lectra, com base nos dados da sua solução de IA, a Retviews.
Um mercado em plena redefinição estratégica
O aumento dos preços dos produtos de luxo, por vezes difícil de justificar, foi travado pela estagnação económica e pela quebra do poder de compra. Esta mudança de paradigma obriga as casas de luxo a uma introspeção estratégica. "O atual abrandamento do luxo marca um ponto de viragem para as marcas, que têm agora de repensar as suas estratégias, até aqui essencialmente centradas nos preços", analisa Antonella Capelli, presidente para a EMEA na Lectra.
O estudo destaca duas estratégias diametralmente opostas. Algumas marcas concentram-se num nicho ‘ultra-luxo’, visando uma clientela muito específica e menos sensível às flutuações económicas. Outras casas, como a Louis Vuitton, a Miu Miu e a Prada, procuram atrair nova clientela ajustando os preços dos seus produtos de entrada de gama.
A marroquinaria, pilar da desejabilidade e terreno de otimização
Neste ambiente incerto, a marroquinaria, e mais particularmente as malas de mão, permanece um pilar essencial do posicionamento das marcas. Estes artigos icónicos continuam a seduzir uma vasta clientela. De acordo com dados da Retviews, é na China que estes produtos atingem os preços mais elevados, gerando margens de várias centenas de euros para marcas como a Gucci ou a Prada.
Para proteger a sua imagem de topo de gama e os seus lucros, as marcas afinam as suas estratégias de sortido. Uma das táticas identificadas pela Lectra consiste em retirar do mercado modelos semelhantes, mas mais baratos, para incentivar os consumidores a optarem por artigos mais caros. A marroquinaria de luxo tende a posicionar-se ainda mais no topo de gama. Uma segunda tendência observada é a simplificação da oferta: a mala Jodie, da Bottega Veneta, passou de cinco para três tamanhos em 2024. No mesmo sentido, a marca deixou de comercializar o seu modelo mais pequeno, a Candy Jodie, para se alinhar com a tendência atual, que deixa de lado as mini-malas a favor de modelos maiores.
O aparecimento dos pendentes para mala, um novo produto chamariz
À medida que o mercado das malas de mão se reajusta, surge uma nova tendência no universo dos acessórios: os pendentes para mala. Estes "pequenos artigos de marroquinaria" assumem um papel-chave ao tornarem-se um novo ponto de entrada no universo do luxo para consumidores atentos ao orçamento.
Esta tendência é explorada tanto por marcas mais acessíveis, como a Coach ou a COS, como por casas de luxo, que desenvolvem coleções próprias com um posicionamento de preços condizente com o seu estatuto.
A análise da Retviews confirma este fenómeno, com um crescimento fantástico de 51% da presença de pendentes para mala e porta-chaves nos sortidos entre 2024 e 2025, um número que contrasta com o declínio observado noutras categorias de acessórios.
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