A Lituânia, onde as delicadas flores azuis do linho eram outrora tão abundantes que se tornaram um marco da música e da poesia, abandonou a produção da fibra e voltou-se para a importação. Esta mudança não prejudicou, todavia, o crescimento da produção e das vendas de artigos em linho no país.
Os turistas que passeiam pelas ruas de Vilnius, capital da Lituânia, vão imediatamente reparar na palavra “linas”, que em lituano significa sementes de linho ou linho, publicada em grandes letras por cima das montras. A planta tradicional também inspirou um primeiro nome muito popular: “Linas” para os homens e “Lina” para as senhoras.
Apesar de serem celebradas no folclore lituano, as pálidas flores azuis de linhaça já não cobrem os prados da primavera até o início do verão. Atualmente, as fibras produzidas da planta para fazer os populares panos de linho da Lituânia têm de ser importadas, principalmente de França, Itália e Bielorrússia. Os agricultores locais não semearam um único hectare de linho em 2010 para ser usado na produção têxtil – um forte setor de negócios no país báltico de 3,5 milhões de pessoas.
Olhando para trás com nostalgia, quando o cultivo de linho estava em plena florescimento com 21.500 hectares há 20 anos atrás, os agricultores e produtores locais apontam o dedo à União Europeia como a culpada do declínio. «Os subsídios agora caíram para 675 litas (195 euros) por hectare», indica Beruta Vasiliauskiene, responsavél pela Jubarko Linu Verslas, uma das últimas propriedades a semear linho nos últimos anos. Mas os 50 hectares, outrora ocupados com semente de linho têm sido gradualmente substituídos e a propriedade não irá plantar uma única semente este ano.
Antes do Estado Báltico aderir à UE em 2004, a ajuda pública era quase três vezes maior. «Ninguém cultiva linho hoje em dia, já não é rentável», afirma Vasiliauskiene.
A única exceção é o centro de pesquisa Upyte na região central da Lituânia, cujos colaboradores semeiam linho todos os anos, simplesmente para mantê-lo vivo. «O linho lituano poderia desaparecer completamente se parássemos as nossas atividades», explica Zofija Jankauskiene do Upyte. «Todos os anos semeamos 300 a 500 sementes diferentes para preservar a planta», acrescenta.
Ainda assim, a produção de tecidos de linho na Lituânia mantém-se em expansão. Linas, a mais antiga fábrica do país a produzir artigos de linho, celebra o seu 55.º aniversário este ano. No ano passado, esta unidade sedeada em Panevezys, no norte da Lituânia produziu 2,5 milhões de metros de tecido, mas suportou-se nas importações de fibras originárias da vizinha Bielorrússia nos últimos três anos.
Demasiado caros para os lituanos, os produtos de linho vendidos no mercado interno destinam-se aos turistas. A grande maioria dos artigos em linho é exportada, destinando-se a países como França, Itália ou Japão. Os preços das matérias-primas estão a aumentar, mas o custo relativamente baixo da mão-de-obra local ainda mantém os produtos lituanos de linho competitivos nos mercados estrangeiros, indica Jurgita Senulyte, designer na Linas.
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