
"O Brasil é um mercado muito difícil para a operação de uma marca britânica. Apesar do crescente aumento de vendas, depois de 4 anos enfrentando prejuízos, a alta carga tributária, a prolongada recessão econômica, somados à instabilidade política, tornaram impossível à Lush continuar investindo e lucrar no país", diz a companhia no texto.
Até que as atividades sejam encerradas ou que acabem os estoques, os produtos serão vendidos com 50% de desconto, exceto o hidratante Charity Pot e acessórios como bolsas, lenços e latinhas. A loja virtual e o serviço de atendimento ao cliente ficarão disponíveis até 31 de agosto.
“Adoramos atendê-los e gostaríamos de agradecer toda a paixão e entusiasmo de vocês sobre nossos produtos e marca ao longo desses anos”, afirmou a marca na sua página no Facebook.
Atualmente, a Lush tem cinco lojas, um e-commerce e 129 funcionários no país. A fábrica, em Bom Jesus dos Perdões, SP, emprega 44 pessoas. Em todo o mundo, são 932 lojas e 38 lojas virtuais distribuídas em 49 países.
Por meio das vendas da loção corporal 'Charity Pot', produto cuja venda menos impostos é revertida para ONGs, a empresa arrecadou aproximadamente R$ 280 mil no Brasil, sendo que R$ 127 já foram doados para 23 diferentes organizações. Segundo o comunicado da empresa, as doações para projetos brasileiros continuarão até que não haja mais dinheiro guardado.

A marca britânica cria seus produtos com ingredientes naturais e feitos à mão, não realiza testes em animais e evita o excesso de embalagens. A empresa já tinha encerrado atividades no Brasil em 2007. Na época, a experiência não deu certo por uma questão de logística: como os produtos são frescos, eles chegavam ao Brasil com validade muito reduzida. Além disso, a um problema judicial complicou a operação por aqui. A marca operava desde 1999 por meio de franquias lideradas pela empresária paulistana Sandra Isper Rocha e seu sócio, o arquiteto Léo Shehtman. Em 2007, Sandra processou a Lush UK e o ex-sócio por quebra de contrato de exploração da marca no país. O processo havia sido extinto por perda de prazo, mas ela conseguiu uma reversão da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ), no início deste ano. A Lush informou que a disputa judicial não interfere na decisão de fechar as portas.
Em 2014, a Lush resolveu voltar a investir no Brasil com 30 lojas próprias e uma fábrica, para resolver a questão da data de vencimento dos cosméticos.
“Seguiremos comprometidos em manter nossa contribuição com o debate local sobre testes em animais e continuaremos obtendo muitos de nossos ingredientes – desde o cumaru até o mel orgânico obtido com base no comércio justo – diretamente das comunidades locais brasileiras. Isso não é um adeus”, finalizou a nota.