Lycra. Um nome que muitos acreditam ser uma marca de vestuário, mas que se refere, resumidamente, a um fio sintético de alta tecnologia, o elastano. Em mais de 63 anos desde sua invenção e transformação na indústria têxtil e na moda, a marca norte-americana progride a fim de atender às novas demandas do mercado. Em conversa a Casual, Adriana Morasco, Vice-Presidente da América do Sul da Lycra Company, conta sobre as mudanças no mercado da moda com a pandemia e sobre as inovações da Lycra.
Incorporado a outros tecidos, como algodão, poliamida e viscose, o elastano da Lycra esteve quando o primeiro astronauta pisou na Lua, comenta Morasco, que começa a entrevista citando o grande impacto que a empresa tem no setor têxtil. Desde então, a marca está presente em diversas peças, como roupas de banho, de ginástica e íntimas, por exemplo. Caminhando para oferecer conforto, a empresa voltou nos últimos tempos à sustentabilidade.
Em pesquisa da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), em relação às mudanças de valores pós-pandemia, foi verificado que o consumo está mais consciente. Segundo o levantamento com 402 consumidores, 55% dos entrevistados acreditam que passarão a valorizar mais marcas e produtos que sejam realmente sustentáveis. “Antes eram as empresas que buscavam alguma coisinha de sustentabilidade para incluir em suas coleções e poucos faziam isso porque acreditavam que era importante. Agora, o varejo pede por soluções, visto que os consumidores estão repensando sobre o que consomem. Isso envolve a Lycra, já que as empresas agora procuram saber como o fio é produzido, se é feito no Brasil ou não, e como a produção vai agredir o meio ambiente”, comenta Morasco.
Com as mudanças de comportamento de consumo geradas pela pandemia, a empresa lançou três produtos que acompanham as novas demandas. Um destes é a linha Ecomade, feita a partir de resíduos dos processos da fábrica no Brasil e no México. “Ao invés de descartar esse resíduo, com qualquer tipo de agressão ao meio ambiente, este é usado na produção do próprio fio, que contém 20% de material reciclado”, explica.
Os fios de Ecomade são utilizados, por exemplo, na coleção Fitness Mais Sustentável da Riachuelo, lançada em março. As peças contêm fios de poliamida biodegradável da Rhodia, que se decompõem em três anos após o descarte em aterros sanitários.
Outro ponto diretamente relacionado à sustentabilidade é a qualidade das matérias primas utilizadas na confecção. “Se uma peça de qualidade superior ficar nove meses a mais no seu guarda roupa, ela vai gerar uma economia de emissões de carbono e de emissão de água por exemplo, geralmente de 10%”, explica Morasco. Para aumentar as propriedades duradouras dos tecidos, foram desenvolvidas as tecnologias Black, elastano que conserva a integridade da cor preta e evita a transparência. “Grandes lojas de departamentos já estão usando essa tecnologia e levando ao consumidor brasileiro um produto de altíssima qualidade e sustentável, já que há economia de água no processo de tingimento dessas peças que já usam esse fio na composição”, detalha a executiva.
Com maior investimento em tecnologia para desenvolver produtos mais sustentáveis, ainda que o consumidor demande por estes, o bolso, no final das contas, acaba pesando. “É muito difícil você ter um produto ecologicamente correto que tem o mesmo custo do produto que vem do petróleo. Até hoje não é muito claro qual é o adicional que o consumidor topa pagar por um produto irá poluir menos. Hoje, em alguns casos, esse valor é de 5% a 10% a mais”, explica.
Assim como a pandemia surtiu efeito nos consumidores, a produção interna também sentiu as consequências e cresceu. Em meio à crise sanitária, somada à alta do dólar, varejistas se voltaram aos insumos do país para a confecção dos produtos, e 2021 caminha no mesmo sentido em alta com a produção nacional e com produtos sustentáveis.
Por Julia Storch
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