Marca de moda fitness que começou com estampas 'rejeitadas' fatura R$ 14 milhões

Fernando Cardoso Corrêa comandava uma estamparia têxtil e ficava frustrado ao ver alguns desenhos serem deixados de lado por clientes.

Louizi Araujo de Assis, Patricia Pacheco e Fernando Cardoso Correa são sócios na Pozze

Louizi Araujo de Assis, Patricia Pacheco e Fernando Cardoso Correa são sócios na Pozze — Foto: Divulgação

À frente de uma estamparia têxtil que atendia diversas marcas do mercado nacional, o empresário Fernando Cardoso Corrêa tinha uma frustração. "Eu via algumas das estampas mais belas e autorais sendo deixadas de lado por clientes. Achava um desperdício, porque eram quase obras de arte”, afirma o empreendedor de 36 anos.

Foi a partir dessa inquietação criou a Pozze, marca de moda fitness focada em estampas exclusivas que faturou R$ 14 milhões em 2024. Hoje, o empreendedor conta com duas sócias que eram funcionárias na estamparia: Louizi Araujo de Assis (COO) e Patricia Pacheco (cofundadora e diretora criativa)

Natural de Porto Alegre e hoje morador de Criciúma (SC), Corrêa cresceu dentro da Global Print Estamparia, um negócio familiar fundado em 2001. "Minha família tinha alguns negócios, e a estamparia era administrada por funcionários. Pedi para assumir a empresa quando eu tinha 21 anos, e fiquei responsável pela gestão", afirma.

Ele considera que sempre teve olhar atento para tendências e um gosto pessoal refinado. Frequentava feiras e eventos internacionais, como os de Milão, e acompanhava de perto os rumos do mercado fashion, mesmo antes de ter sua própria marca. Então, em meio a pandemia do coronavírus em 2020, percebeu que existia um movimento de bem-estar ficando mais forte — e que a moda fitness teria ainda mais potencial.

"Durante a pandemia, houve uma grande mudança nos looks, com as pessoas buscando roupas mais confortáveis. O fitness não era mais apenas para atividade física, mas também para as atividades diárias, como uma vestimenta para a mulher que vai à academia, mas também a consultas médicas, ao mercado ou buscar o filho na escola", diz.

A Pozze começou a ser desenvolvida em 2020, com um plano de negócio e a presença de um comitê de validação. Esse comitê era composto por uma pessoa da área financeira, uma pessoa de e-commerce e uma amiga médica que atuaria como cliente para validar a estética dos produtos. A primeira coleção foi apresentada a esse grupo, e o plano foi validado com números, projeções e margem operacional, o que permitiu dar o "start" no projeto", afirma. Segundo o empreendedor, a fase de desenvolvimento durou cerca de 3 meses. O negócio foi lançado por meio de um e-commerce.

Atualmente, o tíquete médio é de R$ 500, e a empresa conta com cerca de 50 colaboradores, mas o início das vendas foi tímido, mesmo com investimento em influenciadoras e tráfego pago. “Passamos seis meses com pouquíssimas vendas. Foi um grande desafio”, afirma.

O fundador decidiu ligar pessoalmente para cerca de 20 clientes para entender o que havia motivado a compra na Pozze. Nas conversas, uma resposta se repetia: todas destacavam as estampas como o grande diferencial da marca. Algumas relataram até serem paradas na rua para saber de onde eram as roupas. Com esse feedback, a Pozze reformulou toda a estratégia de marketing, focando em valorizar ainda mais o design e o diferencial visual dos produtos. Para isso, mudou a forma de apresentar suas coleções. As fotos de estúdio com fundo branco deram lugar a imagens mais espontâneas, com influenciadoras mostrando os looks inseridos na rotina real.

A marca de moda fitness Pozze começou com estampas que não eram aproveitadas — Foto: Divulgação

Segundo o empreendedor, parte do sucesso da Pozze também vem da capacidade de antecipar tendências globais, especialmente do mercado norte-americano. “Quando comecei, não sabia nada sobre e-commerce, então mergulhei em estudos. Vi muita coisa que já funcionava lá fora e que ainda não tinha chegado no Brasil”, diz. Um exemplo foi a adoção precoce de campanhas automatizadas no Facebook, estratégia comum nos EUA e pouco explorada aqui na época.

Com o crescimento da Pozze, veio a decisão de encerrar a estamparia. “No final de 2021, ficou claro que o futuro era a marca, que já estava faturando mais. Em 2022, comunicamos os clientes e fizemos uma transição de três meses para não deixá-los desamparados”, explica.

Hoje, a Pozze vende exclusivamente pelo seu e-commerce próprio — o que é o foco no momento. Dentro de dez anos, o empreendedor tem planos de expandir para lojas físicas próprias e franquias e vender para o mercado internacional.

A empresa projeta uma receita de R$ 45 milhões em 2025 e quer ultrapassar R$ 100 milhões já no próximo ano. Para isso, a marca está ampliando sua fábrica, escritório e construindo um estúdio de gravação moderno para criação de novos conteúdos. O espaço deve ficar pronto em novembro deste ano.

Por 

Carina Brito
https://revistapegn.globo.com/media-e-mais/noticia/2025/10/marca-de...


À frente de uma estamparia têxtil que atendia diversas marcas do mercado nacional, o empresário Fernando Cardoso Corrêa tinha uma frustração. "Eu via algumas das estampas mais belas e autorais sendo deixadas de lado por clientes. Achava um desperdício, porque eram quase obras de arte”, afirma o empreendedor de 36 anos.

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