Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Um novo estudo da Changing Markets Foundation alega que, embora as marcas de moda estejam a fazer promessas para deixar de usar fibras sintéticas à base de combustíveis fósseis, apenas algumas estão a manter-se fiéis a esse compromisso. Boohoo, Nike e Inditex estão entre as que mais usam este tipo de fibra.

[©Pixabay-Markéta (Machová) Klimešová]

O estudo “Synthetics Anonymous 2.0” conclui que não houve praticamente qualquer progresso por parte da indústria da moda para pôr de lado as matérias-primas sintéticas. Foram analisadas 55 marcas de moda em relação às suas políticas em termos de materiais sintéticos, reciclagem, objetivos climatéricos e posição face aos elementos principais da Estratégia Europeia para os Têxteis.

Das 55 marcas, apenas uma, a Reformation, está empenhada em acabar com a utilização de sintéticos virgens até 2030 e reduzir a utilização de todos os sintéticos (virgens e reciclados) para menos de 1% do sourcing total até 2025.

Das 33 empresas que revelaram o volume e percentagem de sintéticos usados, a marca de fast fashion Boohoo surge no topo como a que mais depende de sintéticos em termos percentuais, com 64% do total anual, sendo igualmente a marca que tem maior percentagem de poliéster nos seus produtos têxteis (54%). A Nike e a Inditex reportaram os maiores volumes de sintéticos usados nos seus produtos, tendo revelado volumes de 166.343 e 131.548 toneladas, respetivamente.


[©Pixabay-U Dhuupxve]

Um ano depois do primeiro estudo, “Synthetics Anonymous: fashion brands’ addiction to fossil fuels”, as marcas continuam a esconder a sua adição a fibras sintéticas sob uma série de compromissos para aumentar a proporção de materiais sustentáveis, incluindo sintéticos reciclados, a maior parte dos quais poliéster e alguma poliamida. Contudo, as alegações de sustentabilidade sobre o poliéster obtido a partir de garrafas PET recicladas têm enfrentado cada vez mais escrutínio no último ano por parte de reguladores e consumidores preocupados com alegações ambientais enganadoras. Tornou-se cada vez mais evidente que a dependência de garrafas PET por parte de marcas de moda como principal estratégia de sustentabilidade para poliéster está a minar a reciclagem de ciclo fechado e metas obrigatórias de conteúdo reciclado para a indústria de bebidas. Embora 45 de 55 marcas (81%) tenham estabelecido objetivos para aumentar o seu conteúdo de sintéticos reciclados, apenas meia dúzia de marcas estão a investir em soluções reais, como tecnologia de reciclagem da fibra à fibra.

Estratégia Europeia para os Têxteis apoiada

A maioria da indústria está, segundo o estudo, a arrastar os pés e a não reconhecer que os sintéticos são uma questão importante e um fator-chave por detrás da crescente poluição por microfibras. 22 de 55 empresas (40%) ficaram na categoria Zona Vermelha, com pouca ou nenhuma transparência em relação à sua estratégia sobre o uso de fibras sintéticas, enquanto 25 (45%) não têm qualquer política evidente de microfibras.

«Estamos desapontados com a crescente dependência das marcas de moda de combustíveis fósseis sujos no meio de uma emergência climática. A moda tem de limpar a sua atuação e reduzir a sua adição a fibras sintéticas, uma vez que os seus impactos negativos estão agora vastamente documentados: da poluição por microplásticos que está a chegar aos nossos rios e oceanos a pilhas de roupa deitadas em aterros de países a sul do Equador. As conclusões do estudo sublinham uma desconexão alarmante entre as alegações e metas de sustentabilidade da indústria da moda e a falta de um progresso real mensurável no terreno», explica Urska Trunk, diretora de campanha na Changing Markets Foundation.


[©Boohoo]


[©Boohoo]

Pela positiva, o estudo destaca que as marcas de moda mostram níveis significativos de apoio a várias das políticas propostas pela Estratégia Europeia para os Têxteis, com 81% a favor da responsabilidade alargada do produtor, 87% favoráveis a questões relacionadas com eco-design e 94% a apoiarem a legislação para reduzir o risco de falsas alegações ecológicas. Além disso, 83% são a favor de um aumento obrigatório da transparência na cadeia de aprovisionamento, algo que não está previsto na estratégia da União Europeia.

«Com a proposta recente da Estratégia da UE, a era das empresas que fazem o seu próprio trabalho de casa acabou. As marcas estão a mostrar um forte apoio à legislação e a Comissão deve agora assegurar que as marcas assumem a responsabilidade pelo desperdício da fast fashion e param as alegações de marketing livres que nos convencem que os produtos são “verdes”. Mas também precisam de ir muito mais longe para clarificar as práticas obscuras da cadeia de aprovisionamento e estabelecer regras fortes para combater a sobreprodução», afirma Emily Macintosh, responsável sénior de políticas para os têxteis do European Environmental Bureau.

Face a tudo isto, a Changing Markets Foundation pede «uma pressão regulamentar sustentada para reabilitar a dependência da moda das fibras sintéticas e colocar a indústria da moda no caminho certo».

https://www.portugaltextil.com/marcas-nao-cumprem-promessa-de-elimi...

ntéticas.

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