A alta do dólar - que desde o começo do ano está na casa dos R$ 2 - e medidas de defesa comercial anunciadas pelo governo têm animado a indústria têxtil. Com isso, a estimativa de crescimento para este ano - que era de 1,5%, - passou a variar entre 3% e 5%
Com um aumento de 40% no volume de importações de vestuário entre janeiro e novembro de 2011 - se comparado ao mesmo período do ano anterior -, o setor ansiava por tais medidas. Segundo a Abit, ainda é necessário que o os custos de infraestrutura e a tributação diminuam.
As medidas do governo fazem parte do Plano Brasil Maior, lançado em 2011, cujo objetivo é aumentar a competitividade da indústria nacional. Juliana Borges, representante do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no segmento têxtil e confecção do Plano Brasil Maior, explica que desde maio ocorrem reuniões para discutir os detalhes. Durante os encontros, governo, entidades representativas e empresários buscam estabelecer as metas e as ações que serão tomadas.
Para o setor têxtil, itens como desoneração da folha de pagamento e compensação para quem exporta têm sido parte da pauta. "Estamos na fase de conciliar agendas, ou seja, descobrir quais entidades fazem o quê e focar o trabalho em equipe", explica Juliana. Um exemplo é a parceria firmada entre a Receita Federal e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para aprimorar a fiscalização de mercadorias nos portos, principalmente quanto à toxicidade dos materiais têxteis vindos do exterior.
As ações têm de ser colocadas em prática até 2014, mas ainda não foi estabelecido um calendário com as datas precisas. "Claro que algumas entidades já vêm desenvolvendo trabalhos para melhorar a competitividade do segmento, mas o aprofundamento será dado a partir de agora", diz Juliana.
Segundo Alfredo, o Ministério da Fazenda garantiu a entidades do segmento que algumas dessas medidas - especialmente as de defesa comercial - serão anunciadas entre setembro e outubro.
Mudanças imediatas
Para que os empreendedores não tenham de esperar mudanças que venham apenas do governo, Juliana recomenda a adoção de melhorias cujo objetivo seja agregar valor ao produto e se diferenciar do concorrente, seja ele nacional ou estrangeiro.
Uma das formas de se conseguir isso, aponta a especialista, é apostando no que o Sebrae chama de "internacionalização". "Não é no sentido de 'toda empresa tem que exportar', mas sim de que, não importa o porte, todas têm de seguir requisitos internacionais", afirma.
No setor têxtil, o câmbio alto não significa apenas ganhos. Enquanto o dólar valorizado auxilia nas negociações - já que empresas nacionais e fornecedores estrangeiros concorrem com mais igualdade -, ele pode encarecer o processo produtivo, uma vez que é comum a importação de componentes e equipamentos. "Por isso, dizemos que o câmbio não é o principal elemento de competitividade, mas um deles", aponta Juliana.