Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Concorrência desleal asiática e barreiras argentinas mudam o foco da indústria regional, que vende para todo o país

A abertura do mercado, anunciada em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor, alterou o cenário da indústria têxtil na RPT (Região do Polo Têxtil). Enquanto empresas passaram, cada vez mais, a decretar falência, outras viram o início da crise da produção interna como uma oportunidade para atrair novos clientes e pulverizar a distribuição na região. Atualmente, o mercado, mesmo com a intensa entrada de produtos importados, ainda movimenta em torno de R$ 500 milhões por mês.

Dados do Sinditec (Sindicato das Indústrias de Tecelagens de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré) mostram que a aposta das indústrias foi procurar mercados de regiões distintas. Assim, alguns dos principais centros econômicos de clientes eram praticamente descartados pelas empresas em épocas anteriores, como estados do Nordeste, Norte e o Distrito Federal. No auge da produção, os tecidos internos eram enviados, especialmente, para as capitais paulista, carioca e cidades do Paraná.

A produção regional sofreu, a partir das mudanças comerciais, com o aumento da importação de produtos asiáticos. A valorização do real em relação ao dólar, em 2003, aliada aos elevados impostos foram considerados como responsáveis pela quebra das indústrias nacionais. Na RPT, cerca de 65% das empresas fecharam as portas em um período de cinco anos. De 1990 a 1995, o número de tecelagens caiu de mil para 350.

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Como o setor têxtil da RPT se ampliou após a abertarua de mercado decretada em 1996 pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo

Editoria de Arte / O Liberal

De acordo com Fábio Beretta Rossi, presidente do Sinditec, a pulverização do produto foi a forma encontrada pelas empresas para enfrentar a falta de apoio dos órgãos governamentais. "Até a abertura comercial, a produção crescia ano a ano de forma ininterrupta. Depois da chegada dos produtos importados, as empresas perderam a competitividade, inclusive dentro do país", explica o empresário. "A procura por novos clientes se tornou uma tendência natural. O destaque pode ser dado para as capitais nordestinas, como Fortaleza, Recife e Salvador, que aumentaram a participação e o poder de consumo no mercado de tecidos".

Além da pulverização, as exigências do mercado por produtos diferenciados e de qualidade foram ampliadas. Foi nesse momento que empresas como a Panamericana Tecelagem apostaram em novos materiais e clientes. Fundada em 1977, a indústria decidiu diminuir a produção de sintéticos, principal produto afetado pela crise, e investir em novos mercados. "Tivemos que mudar todo processo. Começamos um nicho e focamos nos produtos diferenciados, com pouca quantidade, linhas exclusivas e na baixa produção", conta Carlos Jorge Leitão, proprietário da empresa. "O importado não se interessa por isso. Eles querem volume e alta produção, ao contrário dos tecidos com metragem pequena".

Com as mudanças, os tecidos passaram a chegar a estados como Santa Catarina, Amazonas e no interior de São Paulo. "Hoje estamos no Brasil inteiro, mas continuamos buscando mais possibilidades de mercado", pontua Leitão. "As indústrias estão órfãs e não podem esperar que o governo reverta esse quadro. O futuro deve ser focado na proximidade, cada vez maior, do consumidor final. Caso contrário, será difícil se manter com o decorrer do tempo".

Fonte:|http://www.oliberalnet.com.br/noticia/EBC2E5EEEAE-mercado_interno_i...

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