Mulheres que não se dizem feministas mal sabem que, ao usar uma calça, estão abraçando um ato político. Séculos atrás, usar a peça de roupa era proibido para as mulheres. Na França, inclusive, uma lei que restringia o uso de calças por elas perdurou oficialmente até 2013, quando foi revogada.
Ao contrário do Ocidente, as mulheres de sociedades orientais estavam acostumadas a usar calças há milhares de anos. A História mostra que nos territórios do Império Otomano, a prática era comum.
Diz-se que o desejo das mulheres ocidentais por usar calças não partiu originalmente da luta pela igualdade de gênero, mas de ver mulheres otomanas fazendo o mesmo. De acordo com o site “Messy Nessy”, a escritora e feminista inglesa Lady Mary Wortley Montagu foi um dos raros exemplos de mulheres ocidentais que tiveram o privilégio de visitar Constantinopla e atestar com os próprios olhos o uso recorrente de calças.
Na cultura turca, homens e mulheres eram acostumados a usar calças — chamadas de salvar — porque ambos os gêneros costumavam cavalgar por longas distâncias. A peça de roupa ajudava a tornar as viagens mais confortáveis.
Lady Mary ficou impressionada que mulheres podiam andar pelas ruas desacompanhadas e ainda usando a peça de roupa que, na Europa, era restrita aos homens. Na volta para casa, carregou em sua mala algumas peças para mostrar à sociedade britânica, o que iniciou um intenso debate entre a elite da moda.
Com cada vez mais mulheres viajando ao Oriente, as restrições europeias sobre as calças foram caindo, graças ao exemplo indireto dado por mulheres orientais muçulmanas a aristocratas europeias.
Foi durante a era Vitoriana (1837-1901) que insurgentes feministas passaram a lutar pelo direito de usar roupas mais confortáveis do que os vestidos pesados e complexos da época. O movimento pela reforma na moda foi também chamado de “moda racional”, justamente por argumentar que calças e outros estilos de vestidos seriam mais práticos de serem usados.
Além de permitirem uma movimentação mais fácil, as calças também ajudariam as mulheres a se protegerem melhor do frio.
A primeira calça feminina ocidental ficou conhecida como bloomers, em referência ao nome de Amelia Jenks Bloomer, editora de um jornal voltado para o público feminino. Ela passou a usar calças como as mulheres muçulmanas do Oriente, mas com um vestido por cima. Era uma combinação dos dois mundos e um avanço na pauta repressora.
Por outro lado, é claro que uma boa parte da sociedade classificou a transformação no estilo como algo difamatório. Ainda mais por ser um hábito proveniente do Império Turco Otomano, não cristão. A família tradicional cristã da época atrelava o uso de calças a práticas quase que hereges. Houve até mesmo médicos dizendo que usar calças era um perigo à fertilidade feminina.
Com o passar das décadas, o uso de calças por mulheres teve altos e baixos. Mesmo no começo do século XX, só era permitido vestir a peça de roupa em caso de atividades esportivas, como tênis e andar de bicicleta. Figuras icônicas para a moda, como a estilista Coco Chanel e a atriz Katharine Hepburn, tiveram um papel importante na normalização das calças femininas, mas a Segunda Guerra Mundial foi o verdadeiro ponto de virada para essa história.
Com uma maioria de soldados homens nos campos de batalha, coube às mulheres ocuparem espaços em fábricas e as calças eram mais práticas e funcionais para o tipo de trabalho.
https://www.hypeness.com.br/2021/04/mulheres-e-calcas-uma-historia-...
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