Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Modelo masculino Pejic tem traços tão femininos que só posa vestido de mulher

Em termos de estilo, o ano de 2011 foi do luxo ao lixo, da feminilidade à androgenia e do bom gosto clássico ao mau gosto marqueteiro. Em resumo, 2011 foi um ano de extremos.

"Foi um ano marcado por opostos", diz o professor de história da moda e escritor João Braga, autor, com Luís André do Prado, de "História da Moda no Brasil". O mundo suspirou pelas cenas do casamento de Kate & William, desejou o vestido de noiva rendado, mas também incensou o estilo bizarro de Lady Gaga. Esses extremos consolidaram uma tendência que vem se desenhando há alguns anos e que permite que cada um encontre sua tribo. Tudo bem ser Pippa Middleton, a irmã de Kate, e abusar do bronzeamento artificial e do fast-fashion. Mas quem preferir o jeitão de roqueira decadente, imortalizado pela saudosa Amy Winehouse, também teve seu lugar garantido.

A diversidade sexual também esteve na pauta fashion do dia. Entre os modelos mais comentados da última temporada, esteve a transexual Lea T., que desfilou e foi garota-propaganda da Blue Man, no Brasil, e da Givenchy, no exterior. Outro que mereceu olhares incrédulos foi o sérvio Andrej Pejic - que por possuir traços tão femininos praticamente só posa e desfila vestido como mulher. Para Braga, esse foi mais um fenômeno midiático do que uma grande revolução no comportamento. "Homem vestido de mulher é uma coisa que existe desde o teatro grego", lembra. Portanto, esse é um retorno, não propriamente uma novidade.

Seguindo a tendência do mercado internacional, as grandes redes de varejo renderam-se de vez às coleções assinadas. As parcerias com estilistas nacionais e até internacionais garantiram repercussão e boas vendas. Por conta disso, as melhores imagens da moda não vieram das passarelas do SPFW, mas das linhas criadas por redes como C&A e Riachuelo.

A C&A abriu o ano com uma caprichada coleção em parceria com a inglesa Stella McCartney. O primeiro dia de vendas teve fila de consumidoras afoitas na porta da loja, antes mesmo de sua abertura, e vendas-relâmpago. Isabela Capeto, Carina Duek e até Gisele Bündchen foram outras criadoras contratadas pela C&A para dar vida a coleções populares - todas muito bem sucedidas.

A Riachuelo mostrou roupas das marcas Huis Clos e Maria Garcia, além dos estilistas André Lima, Juliana Jabour e Matha Medeiros. Os cinco deram forma à coleção Fashion Five, lançada no fim de 2011.

E a moda "de autor" não esteve presente apenas nas araras. Ela foi tema de exposições, como a de Pierre Cardin (no shopping Iguatemi) e da princesa de Mônaco, Grace Kelly (na FAAP). "Mostras como essas ajudam a lapidar a sensibilidade do brasileiro para a moda", diz o professor Braga.

No mundo dos negócios da moda, as holdings ampliaram operações. Enquanto o grupo LVMH ameaça usar sua força na Hermès; no Brasil, a Inbrands aumenta a sua fatia nas grifes que antes eram apenas associadas. A mais recente a ser inteiramente adquirida foi a Mandi. Em novembro, a holding também havia comprado 100% da Cia de Marcas, dona da Richards e da Salinas. Meses antes, as marcas Alexandre Herchcovitch e Bob Store passaram integralmente ao controle do grupo Inbrands.

A intenção da holding, que detém parte da Luminosidade, organizadora do SPFW, é abrir capital e, com isso, aumentar seu portfólio.

Para Braga, 2011 não foi um ano dos mais decisivos para a história da moda. "Ainda aguardamos um substituto para John Galliano, na Dior ", diz ele. A falta de um candidato realmente forte pode estar atrasando as resoluções dos dirigentes da marca.

No Brasil, um dos mais criativos nomes da moda nacional, o mineiro Ronaldo Fraga, anunciou sua interrupção na realização de desfiles, nesta temporada. E decretou: "Tenho convicção de que a moda acabou", disse Fraga, em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo". Mas não há motivo para pânico. O que o estilista quis dizer é que a moda como conhecemos hoje não existe mais. E o que virá depois disso? Vamos ter de esperar para ver.

Fonte:|http://www.valor.com.br/empresas/1162744/na-moda-um-ano-de-extremos

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