O mercado retalhista chinês está maduro e o crescimento do PIB estagnou, mas o tamanho do país e a oportunidade de comércio eletrónico continuam fortes, segundo a A.T. Kearney.
O relatório anual da consultora sobre os mercados de retalho emergentes coloca o país no topo da lista, à frente da China, que tem sido líder de longa data nestes índices. O relatório avalia as melhores oportunidades para investimentos no retalho a nível mundial e classifica 30 países em desenvolvimento com base em categorias como a população, o PIB per capita, as vendas nacionais de retalho e o risco político.
«O índice concentra-se na cena geopolítica e como isso afeta negócios», explicou Hana Ben-Shabat, coautora do estudo da A.T. Kearney, à CNBC. «Os retalhistas estão a pensar duas vezes sobre a expansão em regiões onde há incerteza sobre as futuras ações governamentais ou um alto risco político».
Além disso, «as compras móveis têm vindo a desafiar a forma como os retalhistas pensam a expansão global, bem como sobre o seu papel na cadeia de valor», acrescentou o coautor Mike Moriarty. «Antecipamos que cada vez mais retalhistas usem smartphones como parte dos seus planos de expansão».
China amadurecida
A economia em escalada, a subida das taxas de consumo bem como a população urbana e classe média crescentes garantiram à Índia o primeiro lugar, reforçou a A.T. Kearney. Retalhistas como a Armani Exchange, Kate Spade, Cole Haan e Muji entraram no mercado indiano em 2016.
Enquanto isso, a China caiu na lista de 2017 devido ao amadurecimento do seu mercado e à estagnação do crescimento do PIB, mas o tamanho do país e as oportunidades de comércio eletrónico continuam em alta.
O Vietname ocupou o 6.º lugar na lista, avançando cinco pontos em relação ao ano passado, graças às leis de investimento mais liberais. Também na Ásia, a Malásia e a Indonésia surgiram no 3.ª e 8.ª posição, respetivamente.
O mercado da Malásia deverá crescer 23% anualmente até 2021, impulsionado pelos investimentos em eletrónica e media, prevê a A.T. Kearney.
A Ásia é a «força motriz» da expansão global do retalho este ano, escreveram os autores do relatório.
«Pode-se questionar o motivo que terá afastado alguns países do índice [deste ano]», afirmou Ben-Shabat. «A estabilidade política do país é a chave», apontou.
Regiões em destaque
O norte de África está a reclamar atenção e alguns mercados da América do Sul estão a impressionar os investidores, mas a Rússia enfrenta agora um crescimento mais lento.
«A Rússia ainda está a recuperar de uma recessão, mas há alguns sinais positivos, incluindo o mercado de luxo impulsionado por turistas chineses», reconheceu Ben-Shabat. O país ficou no n.º 22 na lista, inalterado em relação a 2016.
Além de classificar os países que representam as melhores oportunidades de investimento no retalho, A.T. Kearney identificou aquele que considera ser o próximo grande motor das vendas na próxima década: as compras móveis, especialmente nestes mercados emergentes.
As despesas anuais e os investimentos em dispositivos móveis, numa pesquisa conduzida em 10 mercados emergentes, rondam os 275 mil milhões de dólares (aproximadamente 244 mil milhões de euros), constatou a consultora.