Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Vestido de noiva preto
Vestido de noiva preto em tafetá de seda.

O vestido de noiva, nem sempre foi branco. Na Espanha do século XVI, o vestido de noiva deveria ser preto em respeito à Igreja. Nos outros países a cor não era uma regra, mas a originalidade do tecidos definia a nobreza, o status social da união, já que muitos casamentos eram arranjados como negócios para aumentar os poderes, entre outros interesses das famílias. Haviam casais que se conheciam somente na cerimônia. Casar não é moderno, é romântico e clássico.

FALEDEMODABLOG pesquisou as décadas e traz referências da história. Inclusive, maio já foi denominado o mês das noivas.

1847 – A rainha Victória se casou por amor ao Príncipe Albert.

A sua escolha pelo tecido branco deve-se à alguns fatores combinados. Fugir do padrão e representar a pureza, a virgindade e o próprio amor. As máquinas estavam substituindo a mão de obra, e para compensar, a rainha invocou um exército de artesãs na confecção de longos metros de bordados e rendas para o véu, o que ela não sabia que se tornaria tendência e um estilo adotado para sempre. Foi ela  também, quem criou a ideia de buquê à partir de flores  brancas e miúdas. Victória reinou durante todo o século XIX, numa época considerada super conservadora. Mulheres optam pelo estilo Vitoriano até os dias de hoje.

1900 – Espartilho – A Mulher educada para ser mãe e esposa, do lar, não tinha direito ao voto. As noivas vestiam branco como sinal de pureza. A submissão da esposa ao marido era um dos meios de perpetuar as tradições religiosas. De linhas simples, os vestidos com cauda completavam o look da noiva com véu e grinalda. Passar o vestido de mãe à filha era motivo de orgulho e voto de uma longa e duradora união.


1900 Linhas simples e muitos adornos

1910 – As fotos em preto e branco, no cenário pintado, eram parte da tradição.

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1910 Arte Noveau. Folhas e flores.

1910 – O estilo Art Noveau marca a transição para o período chamado Belle Époque, o que seria uma forte influência francesa. A linha é simples, a silhueta marcada pela cintura, penas na cabeça, colo à mostra, luvas longas, babadinhos, apliques de flores e eras indicam a influência do estilo  precedente à primeira Guerra Mundial em 1914. Em foto preto e branco, posando no estúdio, a noiva tem como fundo os cenários oníricos, pinturas que ilusionam palácios, o que sugere a noiva como a princesa que se torna rainha. Reflete o status da família e um costume que duraria por décadas.

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1910 – Capa pendendo dos ombros sugere uma rainha.

1920 – Art Déco. A mudança no comportamento feminino em busca de direitos liberta a mulher dos corpetes e  espartilhos. Logo após a Primeira Guerra Mundial elas começam entrar no mercado de trabalho, essa emancipação faz subir o comprimento das sais, o que exibe os tornozelos, enquanto a modelagem afrouxa a cintura que desce confortável até os quadris. Bordados são em temas mini floral ou geométrico. Jazz Music é a trilha e charleston é a dança que contagia. Coco Chanel transgride na moda e deixa a sua marca no corte de cabelo, as pérolas, e o vestido preto em jersey. Esse estilo permanente.

Noivas Art Déco
Inspiração 1920. O cetim de seda branco é dominante e o véu envolve a cabeça ajustado ao penteado recolhido.

Noivas anos 20 casais
1920 – O estilo Art Déco consagra a “melindrosa”.

1930- Ausência de excesso. O corpo volta ser valorizado com linhas mais ajustadas às curvas femininas. As grandes estrelas do cinema mundial começaram influenciar a moda. Marlene Dietrich, Greta Garbo, Jean Harlow.

A simplicidade na escolha era uma influência dos períodos entres guerras.

Vestidos de noiva de 1930

Mangas compridas e cetim de seda branco. A ausência dos volumes desenha a silhueta languida,  com cauda. Na cabeça, o véu em tule preso às  discretas tiaras ou apenas pequenos apliques de flores. Os buques são destaque, já que os bordados e rendas desaparecem.

Madamme Vionet é a estilista que desenha criações em modelagens para serem cortadas no viés do tecido, que permitem o caimento adequado para as linhas sinuosas do corpo.

1940 – Economia – A Segunda Guerra Mundial limita a quantidade de tecido para cada confecção o que determina criações como o tailleur. Simples e correto.

Duquesa de Windsor.
1940 – Duquesa de Windsor. Tailleur com saia longa.

1950 – Grace kelly, atriz talentosa premiada com o oscar e reconhecida por sua beleza e elegância, com sofisticação se casa quando o glamour é o desejo após o fim da guerra. Dior lança o new look e toda feminilidade e alegria se espalham com a volta dos maridos. Hollywood, a indústria dos sonhos, fabrica musicais nos cinemas e com grandes produções eleva Liz Taylor à ícone de beleza. Inspira mulheres românticas, lindas, femininas e o casamento ocupa status de contos de fadas. Quando Grace se casou com o Príncipe Rainer III de Mônaco. Ao escolher; vestido com blusa de renda, gola alta, mangas compridas, faixa drapeada na cintura e saia com cauda em tafetá de seda pura; ela não sabia que o estilo Grace Kelly seria referência pra realizar tantas noivas felizes para sempre.

1950 – A atriz Elizabeth Taylor em seu casamento com Nick Hilton, da rede hoteleira.

1953 – Jacqueline Bouvier kennedy, primeira dama dos Estados Unidos ao se casar com John F. Kennedy.

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Jacqueline Bouvier Keneddy. Vestido branco, barrado com pregas.

1956 – Grace Kelly e o Príncipe Rainer III de Mônaco no casamento do civil e no religioso.

1956 - Grace e Rainer

Grace usa tafetá de seda pura, o que não permite um vestido branco.

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1960 – Rock and Roll é o gaz que deu às pessoas a liberdade de se vestirem com mais individualidade e ousadia. Esse estilo musical inspira o jovem rebelde e irreverente. Os ídolos ditam a nova moda. A voz e imagem de Elvis Presley são lembranças eternizadas.

1964 – Mary Quant, a estilista inglesa, condecorada pela Rainha Elizabeth II com a Ordem do Império Britânico, revolucionou a moda definitivamente com a criação da minissaia, embalada pelo som dos garotos de Liverpool, The Beatles. Naqueles dias até a barra dos vestidos de noiva subiram na influencia da tendência. Já a invenção permanece atual.

1965 – Linha A. As moças mais clássicas, escolhem o brilho da zibeline de seda, o gorgurão, o moiré (efeito de ondas na trama do tecido) e o veludo cristal. Com a linha A a silhueta pede tecidos estruturados que se tornam mais importantes do que a renda. Há grande volume no véu curto ou longo. Os apliques de flores nos cabelos e o buquê são artificiais. É a era espacial, com a viagem do homem à lua, a atmosfera é de futurismo.

1967 – Vestido espacial em gorgurão creme, criação de Cristóbal Balenciaga.

1970 –  Movimento Hippie. Paz & Amor. A natureza enaltecida em forma de flores coloridas. Liberação sexual e pensamentos livres. A meditação como viagem para o eu interior. É o estilo boho. A renda e a organza devoré são itens recorrentes no período em que a liberdade sexual derrubava a rigidez convencional. As noivas escolhem silhuetas marcadas abaixo do busto com mangas discretas. Crochê, renda de bilro ou  guipure fazem papel principal. A inspiração em Romeu e Julieta remete à floresta. Para as mais psicodélicas, a manga sino e o barrado tioté (fio de nylon) criam camadas num efeito coco ralado. As bandas de rock produzem o som do baixo com amplificadores.

1970 - Noiva Boho
Manga sino em renda.

1970 Renda bilro
1970 Inspiração Hippie – Guirlanda de flores naturais e renda de bilro.

1980 – Estilo Lady Di,  Princesa Diana de Gales – As mangas bufantes e as saias volumosas, são acrescidas de sobre mangas e sobre saias com cauda. Rendas rebordadas, coroas, véu curto e mais véu longo. Tudo é excesso nesse período em que há exageros em vários itens, além da moda para noivas. As ombreiras e paetês são comuns, as cores vibrantes; azul royal, verde esmeralda, rosa pink e amarelo ovo. O vestido e o buquê de Lady Di entraram para a história entre os mais copiados pelas noivas inspiradas pela princesa.

1981 – A Família Real em Cambridge.

Família real casamento lady Di. 1981

1981 – Lady Diana de Gales e o príncipe Charles em seu casamento.

Diana & Charles - 1981

Presente da rainha Isabel II, a tiara de 19 arcos de diamantes, brilhantes e pérolas orientais em forma de gota, data de 1914. Originalmente foi encomendada por Rainha Maria, esposa do rei Jorge V e quem presenteou sua neta a rainha Isabel II.

Once upon a time… A tendência das noivas em se inspirar em contos de fadas.

Sissi- A Imperatriz . Um seriado protagonizado pela atriz austríaca Romy Schneider no início dos anos de 1950, curiosamente inspira as noivas dos anos 1980. O encantamento muito provavelmente se dá pelo fato de que a história reconta as façanhas de Elisabeth Eugenie von Wittelsbac conhecida como Isabel da Áustria. A jovem filha do Duque da Baviera, Maximiliano e Ludovica, irmã da arquiduquesa Sofia (mãe de Francisco José). Sissi, como foi chamada desde de muito nova, é portanto de origem Húngara e vive as aventuras de seu cotidiano, vestindo-se de modo despojado, mas ao casar-se em Abril de 1854 com o Imperador da Áustria Francisco José, ela tornar-se Imperatriz Isabel da Áustria. Em 1867, juntamente com o marido, foi coroada rainha da Hungria, na sequência da assinatura do compromisso austro-húngaro.  As suas dificuldades de lidar com os protocolos da corte são o enredo dos filmes estrelados por Romy. É divertido ver as sequências em que a jovem descontraída se transforma em nobre de elegância singular. Romy Schneider é o talento responsável pelo sucesso da série, já que além da interpretação ela possui a beleza de pele marmórea e sorriso de fada, assim como foi Sissi em sua juventude. Beleza cinematográfica.


A atriz austríaca Romy Schneider é Sissi a Imperatriz, no cinema de 1956.

A Imperatriz da Áustria Elisabeth Eugenie von Wittelsbac em 1867, no dia em que foi coroada rainha da Hungria e ao lado com os cabelos enfeitados por estrelas de ouro branco cravejados de diamantes. Vale ressaltar que naquele período, assim como hoje é renomada a música da Orquestra Sinfônica de Viena, Áustria.

1990 – Excessos X Clean. A ressaca da moda exagerada, tão usada na década passada, ainda surte efeito sobre esse período. Algumas buscam fugir da opulência se estreitando em vestidos justos com efeito sereia, evitam as rendas substituindo-as por drapeados e as mangas se ajustam no modelo presunto, com volume nos ombros e ajustadas ao longo do braço. O bolero, uma espécie de casaquinho curto, feito em renda, organza ou crépe é a peça, que ressurge para permitir mangas e colo cobertos na cerimônia e sai de cena na festa. Além do branco tradicional, há a tendência de colorir rendas com efeito envelhecido, nos tons chá ou champanhe, combinados à tafetá do mesmo tom. As rendas com fio prata ou ouro na trama, substituem a pedraria. Contudo permanece a linha do vestido de corpo baixo, ajustado até  abaixo da cintura, para dar início a saia volumosa.

a noiva dos anos 90 justos e de cintura baixa

1990 – Na era das top models, Claudia Schiffer é destaque para a maison Chanel.

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1990 -Drapeado no corpo baixo em cetim de seda branco.

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1990 –  Inspiração criada por Elie Saab.

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2000 – Sob o efeito das décadas passadas, as noivas tem a tendência de olhar pelo retrovisor ao pesquisar para o grande dia . Em especial, os modelos usados por princesas são a maior influência. Feitas algumas provas, elas avaliam, junto com o estilista e a família para então chegarem à melhor ideia para a ocasião. O modelo de cerimônia, a religião e tantos outros fatores são determinantes. Nos últimos anos, as mudanças que mais se viu, foi quanto à linha. A cintura voltou pro lugar, enquanto as mangas e as saias perderam o volume. Em off white e nude, os tecidos costurados com sofisticação são enriquecidos por bordados e pedrarias que criam detalhes e desenhos elaborados sobre o corpo ajustado, com ou sem mangas. Os recortes à partir de rendas fazem sobreposições pontuais e podem incluir até borboletas. A cauda é curta. Permanecem tiaras em platina com pedrarias tipo zirconia e perolas, como opção, há as garras com desenhos de ramos de flores e folhas, tudo em proporções reduzidas. O véu longo vem com pouco volume sobre os cabelos recolhidos e soltos. O buquê é a marca que resiste em flores naturais, assim como o colorido, tudo bem discreto e econômico.

2011 – Kate Midleton e Príncipe William. Realeza é modelo de tradição que inspira.

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Kate Midleton em modelo da grife inglesa Alexander Mac Queen.

2015 – Midi wedding. Um formato econômico de cerimonia para o dia. Tom off-white. Ambientes menos formal, brunch ou almoço. Cocketail, comidinhas, bolo e champanhe. Maio já não é o principal mês para os noivos. Conciliar as férias no trabalho dos dois, a viagem de lua de mel e aqueles últimos ajustes no ninho dos pombinhos requer tempo e investimento. O planejamento é feito com muita antecedência e dezembro tem o bônus extra, o que muitas empresas fazem e ajudam não só os novos casais.

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2017 – Para destinos ao ar livre. Jovem e descontraído o modelo em tule bordado é romântico e correto. A pedraria cede lugar aos recortes de rendas sobrepostas.

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2017 – Volumes reduzidos, cintura no lugar. Incrustrações de renda na barra, no desenho que forma galhos sobre o tule.  Pouca ou nenhuma pedraria.

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2017 – Corpo languido e cauda. Economia com elegância.

Noiva de renda justo

FALEDEMODABLOG nesse mês de maio vai trazer ainda as sugestões de beleza, com cabelo e maquiagem para todos os estilos de casamento, Mariage é a festa do amor.

Por Jorge Vieira

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