É em colaboração com o Centi e o Citeve que a Olbo & Mehler está já a trabalhar na próxima geração de TT. E com a Universidade do Minho espera estabelecer «um protocolo para novos materiais funcionais», revelou o CEO Alberto Tavares ao Jornal Têxtil (outubro 2015).
Nos 100 teares que constituem o parque de máquinas da empresa cruzam-se mais de 800 toneladas de teias e tramas por mês para telas de correias transportadoras, mas também para corrimões de escadas rolantes, membranas e até coletes à prova de bala. Contudo, é no laboratório de I&D que cinco mentes brilhantes planeiam a próxima revolução dos têxteis em Portugal. «Atualmente estamos na fase de desenvolvimento de novas aplicações», afirmou Alberto Tavares, que apontou como exemplo «embalagens para o transporte de fruta» destinadas à indústria agroalimentar.
Entre os muitos desenvolvimentos em incubação encontram-se ainda tecidos com fibra de basalto resistentes ao fogo (800ºC), tecidos antimicrobianos à base de prata, tecidos multiaxiais… As ideias surgem à velocidade luz, superam as leis da física e combatem qualquer princípio da incerteza. Na última Techtextil, uma empresa construtora de satélites lançou um novo desafio: desenvolver um tecido para substituir o da fibra de vidro, igualmente capaz de resistir a grandes variações térmicas.
Para compreender esta vontade indomável de seguir em frente é imperativo andar para trás não 1, 10 ou 100 anos, mas sim 175 anos, para remontar à génese do grupo que trocou as frias paragens germânicas pelas solarengas paisagens lusitanas. Para a Olbo tudo começou com a Mehler, desde sempre ligada aos têxteis.
«O primeiro investimento foi realizado pelo grupo privado alemão KAP, que necessitava de modernizar a fábrica de correias de transporte na Alemanha. Mas em vez de modernizá-la, decidiu construir uma fábrica de raiz em Landim. Outra parte – os corrimões para escadas rolantes – estava na República Checa, que o grupo também decidiu transferir para Portugal», contou Alberto Tavares. A produção realizada aquém-fronteiras, parte, todavia, na sua totalidade para outras latitudes internacionais.
«O investimento inicial, em 1996, foi de 30 milhões de euros e 100 pessoas», recordou o CEO, que atravessa quase duas décadas para referir que o último investimento foi de 2,5 milhões de euros para «uma linha de tratamento de tecidos» e hoje a empresa «emprega 275 pessoas em Portugal».
Em 2014, a Olbo & Mehler registou «um volume de negócios de 42 milhões de euros» e espera «terminar 2015 com 45 milhões de euros». Nos últimos três anos, a empresa praticamente duplicou a faturação – eram 28 milhões em 2012 – e somou mais 100 trabalhadores. «Agora temos que estabilizar o negócio», reconheceu Alberto Tavares. Para além de Portugal, o grupo possui unidades industriais na República Checa, Índia, China e Brasil.