Os últimos anos tem sido difíceis para as vendas de moda, e todos sentiram a crise desde as grifes famosas, lojas de departamento até mesmo as redes de fast fashion. O CEO da Urban Outfitters, Richard Hayne, culpou a falta de novidades na indústria da moda como a principal razão pela qual os consumidores têm diminuído seu interesse em comprar. As lojas de departamento e lojas especializadas como Macy, American Apparel, Sears, JCPenney, Gap Kohl entre outras, têm enfrentado queda de vendas e fechando várias lojas. Mas parece que essa crise está longe de acabar.
“A última grande mudança na moda aconteceu 10 anos atrás, com o lançamento da calça skinny“, disse Richard Hayne. “Mas agora que seu ciclo de vida está chegando ao fim, pois as pessoas estão com seus guarda roupas abarrotados de modelos skinny, quanto tempo vai levar para surgir outra novidade que movimente o mercado, eu realmente não posso dizer.” Além da falta de novidades, uma nova tendência chamada “Novo Consumismo” está crescendo e causando o declínio nas vendas de moda no Reino Unido e outros países.
Segundo o especialista em varejo de moda Doug Stephens em seu blog The Retail Prophet: “Os varejistas de hoje enfrentam um tsunami de problemas, mas nenhum, na minha opinião é mais mortal do que a pandemia de puro tédio a qual os consumidores estão sendo submetidos. A maioria do varejo é apenas dolorosamente chata. Na verdade, a maioria das redes de lojas, shoppings e centros comerciais tornaram-se balizas do tédio, monumentos para a mediocridade e os paraísos do maçante”.
Doug Stephens dá como exemplo a Macy que é guiada pelo óbvio: as vendas. Se um produto não vai vender em massa, então não vale a pena colocá-lo nas prateleiras, diz ele.
“E é por isso que uma infinidade de produtos exclusivos, divertidos, elegantes e fascinantes provavelmente nunca verão a luz do dia na área de vendas“, escreve ele. “Agora, repita o que a Macy faz para milhares e milhares de compradores de varejo, cada um dos quais seguem a mesma regra essencial, e logo cada loja no shopping começa a parecer igual. Cada shopping fica se parecendo com o próximo e acaba se criando o … tédio em massa!”
Dessa forma os consumidores estão encontrando novos e diferentes estilos nas lojas online e devido a isso, seu crescimento está contribuindo para o declínio das lojas de departamento e shoppings nos EUA e Europa. Mas a razão pela qual as lojas online podem fazer isso, é porque não precisam estocar centenas ou milhares de um mesmo produto, se só vendem dez deles. É justamente nas lojas online que muitos clientes estão encontrando produtos diferenciados e exclusivos e não numa loja tradicional.
Segundo Doug Stephens, o modelo atual de como os varejistas e atacadistas ganham dinheiro está ultrapassado pois ambos desencorajam o risco inerente da moda em nome do “comercial”. O compromisso de colocar o máximo de produtos comerciais dentro de uma área de vendas, como uma métrica primária de sucesso, torna-se uma camisa de força que impede qualquer criatividade ou aventura por parte do comprador.
Li Edelkoort, uma dos analistas de moda mais influentes do mundo, causou rebuliço na indústria quando lançou seu “Manifesto anti-fashion”, em que apresentou, em dez tópicos, as razões que a motivam a acreditar que a moda do jeito que conhecemos hoje está obsoleta devido a essa imensa exploração de mão de obra escrava, produtos tóxicos ao ambiente e o ritmo desenfreado de produção e descarte sem pensar nas consequências ambientais e sociais causadas pelas redes de fast fashion.
Edelkoort disse que seu interesse em moda agora tinha sido substituído por um interesse em roupas, uma vez que a moda tem perdido o contato com o que está acontecendo no mundo e com o que as pessoas querem. Ela deu uma interessante entrevista para o blog de Lillian Pacce divulgando a 2ª edição da sua revista “Bloom” dedicada ao Brasil, com o tema “Faith” (Fé). Segundo Li Edelkoort:
“Não acho que existe um aumento na velocidade da moda. Acho que a moda é a mesma há 20 anos. Ela não está se movendo, a gente finge que ela muda mas na verdade são as mesmas coisas repensadas de novo e de novo. Estamos comprando as mesmas roupas, os mesmos sapatos.” Para ela o maior problema da estagnação da moda atual é o dinheiro e a Ganância pois os empresários querem tirar muito dinheiro de um sistema que é feito pra inovação e mudança, e que agora não muda mais porque o dinheiro está acima do risco.
E o resultado é o tédio sem fim causado pelo constante revival de tendências passadas de moda que são remixadas mudando alguns detalhes. Dessa forma as tendências permanecem as mesmas, e os clientes que já têm coisa parecidas em seu armário vão dizer OK, por quê eu vou gastar meu dinheiro com isso? A menos que haja uma nova e importante tendência, os consumidores não estarão muito dispostos a gastar dinheiro em algo que já viram antes mas com algumas modificações cosméticas. No Brasil a situação é ainda pior pois além do tédio do consumidor se soma também a enorme crise econômica que causou o fechamento de inúmeras lojas de moda e tecelagens pelo país inteiro.
O The Boston Consulting Group começou a realizar um estudo sobre o futuro da semana de moda de Nova York em 2015. A pesquisa incluiu entrevistas formais com 50 líderes da indústria de moda e o consenso foi claro: algo precisa mudar, e rápido. Os resultados desse estudo foram divulgados no site da CFDA e mostrou questões bem perturbadores para os estilistas e o mercado de moda de luxo cujo site Entrepreneur fez um resumo.
Tudo já foi inventado na moda em termo de design, por isso o próximo passo para criar novidades e estimular os consumidores serão as novas tecnologias de produção para tecidos e materiais sustentáveis, impressão 3D e 4D personalizada de roupas e acessórios, realidade virtual e realidade aumentada nas lojas e lançamentos de coleções, e principalmente, a tecnologia vestível com a união da nanotecnologia e eletrônica para se criar as roupas inteligentes multifuncionais. Será que a tecnologia avançada poderá superar o tédio em que se encontra a moda atual? Isso será tema para outro post.
http://www.stylourbano.com.br/o-tedio-do-consumidor-seria-o-maior-r...
Por Renato Cunha -
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Tédio??? que tédio???
é falta de dinheiro mesmo.....essas peças descartáveis que todos vendem a mesma coisa....
é um excesso de roupas absurdo....tudo feito pra vender.....pra poucos obter lucros....
tédio é ver tudo isso de peças sendo vendidas.....
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