No estudo “What Makes Silk, Silk”, a Material Innovation Initiative (MII) revela que anualmente são cozidos ou cozinhados vivos 420 mil milhões a um bilião de bichos-da-seda para recolher os seus casulos. E de acordo com um uma avaliação de ciclo de vida feito à matéria-prima em bruto produzida na Índia, a seda tem a maior pegada ambiental em comparação com o algodão, a poliamida e a lã, fruto sobretudo de uma elevada utilização de água e emissão de gases com efeito de estufa durante o processo de produção.
«Tanto os investigadores como os designers adoram seda, mas até agora tem havido uma desconexão entre as propriedades científicas da seda e os seus atributos desejáveis enquanto fibra e tecido», explica Sydney Gladman, diretora de investigação na MII. «No nosso estudo ligamos os pontos para que a inovação na seda de próxima geração, baseada na ciência dos materiais, possa responder às necessidades da indústria da moda e além», revela.
Considerando que atualmente as alternativas disponíveis no mercado, como o poliéster, viscose e poliamida, ficam aquém em termos de estética e sustentabilidade. E embora haja alguns inovadores nesta área, poucas soluções estão disponíveis a nível comercial.
A próxima geração
De acordo com o estudo, há duas abordagens à criação de seda de próxima geração: design de materiais ascendente, que envolve a síntese de proteínas recombinantes, e design de materiais descendente, que tradicionalmente inclui encontrar materiais presentes na natureza que mimetizam a performance da fibra de seda. Nesta área destaca-se a Microsilk da Bolt Threads e a SVX da Seevix, entre outras.
Microsilk – Bolt Threads [©Bolt Threads]
O estudo lista algumas razões pelas quais os investigadores e investidores devem centrar-se na seda de próxima geração, nomeadamente o facto das produções de seda atuais serem reduzidas e, como tal, mesmo produções limitadas em escala poderem ter impacto.
Há ainda a questão económica, já que a seda tem margens muito elevadas, estando o mercado de seda anual estimado em 17 mil milhões de dólares (cerca de 14,5 mil milhões de euros). Tecnologias alternativas podem ainda melhorar as credenciais da seda, seja ao eliminar a utilização de animais e reduzir a pegada ambiental, seja a permitir cuidados mais simples ao nível da lavagem, durabilidade e até resistência às nódoas e aos UV.
«A moda tem-se apoiado na agricultura, para o melhor e para o pior, para se aprovisionar com materiais de luxo como a seda. No entanto, estamos agora prestes a criar mais uma ponte sustentável para a moda com estes materiais e desta vez vem do laboratório. Não há uma altura mais entusiasmante do que esta para estar envolvido na ciência e na moda», afirma Thomasine Dolan Dow, especialista em design de moda da MII.
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