Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O clima econômico não está para gastos exagerados. Lá fora tem a crise na zona do euro e aqui no Brasil tem o crescimento pífio do PIB. Com isso, a imagem que fica é a de um Papai Noel com saco de presentes mais vazio este ano. Presentes caros e figurino festivo "grifado", definitivamente, não combinam com o momento. Apostar numa produção de moda "alternativa", ou mesmo sustentável, e em presentes que enalteçam os sentidos, são uma ótima forma de sobreviver ao fim do ano sem esvaziar o bolso ou passar atestado de esbanjador alienado.

Para Claudia Matarazzo, chefe do cerimonial do governo do Estado de São Paulo, as festas de fim de ano não precisam virar teatro. "O Natal virou uma caricatura. Há enfeites demais, luzes demais, gastos demais", afirma. "O que era para ser uma comemoração entre familiares e amigos próximos, virou um grande evento."

Como resultado, há festas e presentes de sobra, mas pouco espírito natalino. "Faltam gestos com calor humano. Ninguém aguenta mais receber 'Feliz Natal' por e-mail", diz Claudia. Da mesma forma, é um engano achar que presente bom é presente caro. "Muito melhor é agradar os sentidos da pessoa, com algo gostoso para comer, por exemplo." Discrição no figurino também é bem-vinda.

Varejistas como Riachuelo e C&A investiram neste ano em roupas para festas. Apesar de mais focada na "nova classe C", a estratégia acabou atraindo consumidores que normalmente não frequentavam as araras das lojas populares. Mais um sinal de que o consumidor não está mais disposto a consumir moda a qualquer preço.

A C&A lançou coleções recentes com a estilista Carina Duek - reconhecida por suas roupas sofisticadas - e a modelo Gisele Bündchen (em sua segunda parceria com a marca). A coleção de Carina acabou em questão de dias e atraiu para a C&A as clientes fiéis à marca da estilista, que é filha do empresário Tufi Duek. A C&A já havia tido uma experiência bem-sucedida com uma linha assinada pela estilista inglesa Stella McCartney, lançada no início deste ano.

Há algumas semanas, a Riachuelo lançou a linha de roupas de festa "Fashion Five", em parceria com a grife Maria Garcia e com os estilistas Clo Orozco, da Huis Clos, André Lima, Martha Medeiros e Juliana Jabour. "Foi um trabalho delicioso e muito fácil. A coleção desperta o desejo e as roupas venderam superbem", comemora Clo, para quem o que está fora de moda é o artificial.

As festas de fim de ano devem ser aproveitadas, mas não é preciso radicalizar na produção, nem gastar rios de dinheiro para parecer autêntico. "Hoje, cada um pode ficar no seu estilo." Entre as peças da Huis Clos para a Riachuelo, estão macacões, vestidos curtos com aplicação de renda e longos de alças.

Estilista especializada em roupas de renda 100% algodão, Martha Medeiros afirma que o consumidor está voltando-se a peças artesanais, com estilo atemporal, e dizendo "não" para o consumo desenfreado. Autêntica representante do "slow fashion", a estilista nunca vendeu tanto, a ponto de ter de duplicar o tamanho de sua butique em São Paulo, reinaugurada esta semana. "Tenho vestidos que levam um ano para ficarem prontos", diz Martha, que utiliza rendas como a Renascença, a filé, a richilieu e a de bilro, produzidas por comunidades de rendeiras de Alagoas.

Recentemente, Martha fechou a venda da coleção completa para a loja de departamentos americana Bergdorf Goodman, onde fará um desfile dia 26 de fevereiro. "Acredito que o verdadeiro luxo é a despretensão", diz Martha. "Há um desejo coletivo pelo sustentável e o confortável", afirma a designer, que também faz parte do projeto "Fashion Five", da Riachuelo. "As pessoas estão percebendo que não precisam se cobrir de cristais e muito menos ostentar. Querem peças ricas sim, mas de história."

Fonte:|http://www.valor.com.br/empresas/1149080/ostentacao-deve-ficar-de-f...

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